Reinhold Messner, um dos mais renomados alpinistas da história, teve dois de seus recordes retirados pelo Guinness World Records (GWR). A razão? A saber, ele não teria atingido o verdadeiro cume do Annapurna, um dos picos com mais de 8.000 metros. Confira.
Reinhold Messner barrado pelo Guinness World Records
Em suma, a discussão começou quando o site 8000ers.com atualizou suas estatísticas históricas sobre conquistas nas montanhas. Uma série de relatórios detalhados sobre as áreas de cume do Manaslu, Dhaulagiri e Annapurna desencadearam a polêmica.
De fato, esses picos apresentam longas cristas de cume onde o ponto mais alto pode ser confuso, dependendo da visibilidade e da cobertura de neve. A equipe do 8000ers.com decidiu que o “cume verdadeiro” é o ponto mais alto, e todos os outros pontos não contam.
Essa mudança teve um impacto significativo, não apenas em Reinhold Messner, mas em muitos outros alpinistas renomados de sua geração. Nomes como Jerzy Kukuczka, Erhard Loretan, Peter Habeler, Edurne Pasaban e Gerlinde Kaltenbrunner tiveram suas conquistas reclassificadas, com menos cumes registrados.
A controvérsia repercutiu no mundo do alpinismo. Muitos alpinistas do século XX, ainda vivos, rejeitaram essa interpretação ou simplesmente a ignoraram. Denis Urubko, que teve três de seus cumes questionados, contestou vigorosamente e conseguiu a designação “sem evidência” para suas ascensões em Cho Oyu.
Reinhold Messner, por outro lado, teve um desfecho humilhante ao receber a marca negativa de “não provado” para alguns de seus cumes. A controvérsia é resumida em três categorias:
- cumes reivindicados (que são aqueles que o alpinista afirma ter feito)
- cumes provados não alcançados (que são os cumes que o alpinista realmente não alcançou, segundo a pesquisa do 8000ers.com)
- sem evidência (que são casos em que não há provas suficientes para confirmar ou negar a reivindicação do alpinista)
Lista ‘válida’ que descarta Messner
A lista atual do 8000ers.com e do Guinness World Records afirma que o primeiro a completar os 14 picos com mais de 8.000 metros foi o americano Ed Viesturs, que realizou a façanha entre 1989 e 2005 sem o uso de oxigênio suplementar.
Em segundo lugar está Veikka Gustafsson, que frequentemente se uniu a Viesturs. Nirmal Purja, que usou oxigênio em todos os picos, ocupa a terceira posição.
É interessante notar que Ed Viesturs creditou Reinhold Messner como o verdadeiro pioneiro em uma postagem no Instagram.
No final, a controvérsia nos recordes de Reinhold Messner levanta uma questão fundamental: faz sentido continuar contabilizando conquistas em picos de mais de 8.000 metros?
Talvez seja hora de deixar de lado essa contagem, assim como aconteceu em picos populares dos Alpes Europeus e nas Sete Cimeiras.
A polêmica destaca como a busca por recordes pode obscurecer a verdadeira essência da montanhismo e desviar o foco do que realmente importa: a jornada e a experiência nas alturas.
Foto destaque: Divulgação/Die Zeit
Trabalho com esportes em geral, além dos americanos, redação e SEO há alguns anos. Coberturas em Taça Brasil FA, Superliga Masculina/Feminina, Seleção Brasileira de vôlei masculino, NBB, LNF e Powerlifting. Somo experiências em portais como Quinto Quarto, Esportelândia, Minha Torcida, Futebol Interior, entre outros.
Obcecado pelo diferente, tento poetizar quando as notas merecem um tom especial. Longe de ser poeta, apenas um aprendiz, mas o jornalismo, esporte, verdade e escrita foi o meio que encontrei de me conectar com a raiz.