Nesta semana foi divulgado o trailer de um filme de paródia “Dundee”, no qual duas escaladoras descobrem um truque despretensioso para chegar ao topo de seu projeto. Realizado por um grupo de amigos em Washington passou um fim de semana criando a sátira e ainda aproveita para divulgar um lembrete de “levar os esportes que amamos um pouco menos a sério”. O trailer é de autoria de Freya Fennwood.
Não é de hoje que existem muitos escaladores que levam a sério demais o esporte que pratica. Identificar estas pessoas é relativamente fácil, basta verificar a quantidade de frases clichês e atitudes radicais, junto com elevado desdém por quem quer realizar algo novo. Conquista de pessoas desconhecidas também são desprezadas e o constante provincianismo e ufanismo faz parte de cada diálogo. Este é o perfil de quem se leva a sério demais, assim como o esporte que pratica.
O humor é construído a partir de uma visão crítica do mundo e do comportamento humano. Das charges às notícias cômicas, o humor se consolida como uma ferramenta de informação e um formador de opinião que já existe em vários formatos. Pois é exatamente isso que Freya Fennwood faz com sua paródia: mostrar o quanto os escaladores se levam a sério demais com todos os conceitos de purismos e conceitos e regras não escritas.
Regras estas, diga-se, cunhada por pessoas que se escondem dentro da fragilidade social e psicológica que vivem e sentem necessidade de criar um feudo fictício baseado no esporte. Muitos dos escaladores se leva muito a sério, e isso mostra a quantidade de estresse que possui em suas vidas diárias.
A maioria dos escaladores gasta tanto tempo tentando se tornar algo e superar obstáculos para chegar à frente que esquece de respirar, rir, e admirar a beleza que os rodeia todos os dias.
O escritor Oscar Wilde afirmava que “a vida é muito importante para ser levada a sério”. Para escaladores que se levam a sério demais, um aviso: o papel de vítima é fácil, mas é tão manjado que já nem chama mais a atenção da sociedade.
Os escaladores já sabem falar mal do governo, o companheiro de trabalho, novelas, filmes e parentes, mas está na hora de fazer o mesmo consigo mesmo. Porque se levar a sério demais faz mal.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.