Brasileiro em alta montanha: Quais são os erros clássicos de montanhistas?

O público brasileiro vem se interessando cada vez mais pelo montanhismo e, consequentemente, pela prática da alta montanha. Isso é POSITIVO.

Mas a maneira bastante desordenada que este crescimento apresenta, fica explícito a falta de preparo de algumas pessoas. Sobretudo na preparação física (má condição física), mental (ausência de condicionamento psicológico), estrutural (escolha ruim de equipamentos e pouco conhecimento técnico) e educação (ética e respeito á cultura do montanhismo) para subir uma alta montanha.

Estes motivos, que denotam um aspecto NEGATIVO, são apenas a consequência da a pouca difusão da cultura da atividade de montanhismo no Brasil.

Falhas na preparação

A importância da auto-avaliação

Muito antes de escolher o destino, o montanhista deve fazer uma auto-avaliação. Saber a sua real condição e estabelecer, em termos reais, qual o perfil de montanhista possui. Para isso um conselho: não seja um imitador. Não copie projetos que outras pessoas já estabeleceram. Não fique correndo atrás dos recordes de outras pessoas para batê-los.

Procure ser reconhecido pelas suas próprias marcas. Não seja egocêntrico. Procure sempre ter humildade com a montanha, respeitando-a e nunca, mas nunca mesmo, a subestimando. Nunca esqueça de que o comando é seu, mas o resultado final é a montanha que fornece.

Saber que uma expedição só acaba quando chega-se em casa, em excelentes condições, é a principal conquista de um montanhista.

Erros clássicos

Um dos erros mais clássicos de montanhista é querer ir pela primeira vez em uma alta montanha para uma de 6 mil de altitude. A montanha da moda entre brasileiros, e que explicita este erro, é o Huayna Potosi (6.088 m), que tem sido a primeira investida de montanhistas que sequer experimentaram um pico entre 4.000 e 5.000.

Foto: Freddy Duclerc

Um outro erro comum é realizar a Travessia da Serra Fina, ou mesmo a Travessia de Serra dos Órgãos, e já acreditar que está preparado para subir montanhas como o Aconcágua (6.962 m) ou Ojos del Salado (6.893 m), montanhas que possuem quase 7.000 de altitude, sem nunca ter chegado antes a um cume com 6.000 metros de altitude (!).

Estes dois exemplos mostram total incoerência na preparação para iniciar uma alta montanha. Um erro que pode ter consequências sérias como, entre outras coisas, sofrer do Mal de Altitude. Neste momento, quando aparecer esta sensação, é como levar um soco no meio do rosto! A change de algo dar muito errado é gigantesca.

Há a possibilidade de dar certo? Sim, mas a pessoa deve ter a consciência de que a escalada será uma loteria.

Como se preparar para alta montanha

Iniciar a prática de escalada em alta montanha existe, entre outras coisas, muita força de vontade e a consciência de que irá lidar com muitas variáveis. Dentre estas variáveis muitas não são controladas como o clima.

Há situações que tudo foi planejado adequadamente, mas em um dado momento por conta do clima tudo pode mudar.

Foto: Freddy Duclerc

Por isso é recomendado a um praticante de alta montanha ter plano “A”, “B” e “C”. Pois aquele que não se preparar adequadamente a uma alta montanha entregará todo o investimento realizado (dinheiro, tempo, estudo, etc) gratuitamente ao vento.

Portanto é fundamental conhecer a si mesmo e ter experimentado algum processo de aclimatação. Além disso é necessário conhecer o tipo de terreno que irá enfrentar e saber escolher os equipamentos adequados.

Foto: Freddy Duclerc

Alguém que não tem autonomia na montanha, ou seja não está 100% seguro de que sabe se virar, deve buscar excelentes profissionais que tenham experiência comprovada em alta montanha.

Tenho comigo uma frase que sempre digo a quem participa de uma expedição de média e alta montanha:

Numa expedição de montanha, consideramos sempre variáveis, entre elas as que não controlamos, como o clima a ser encontrado. Outra parte vai depender de 15% por cento da nossa condição física; outros 15% por cento é a nossa adaptação à altitude, e 70% por cento de nossa cabeça, nosso condicionamento psicológico.

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