Escrevi há algum tempo um breve texto falando de nomenclaturas das modalidades genericamente conhecidas por aqui como corrida de montanha.
Skyrunning, trail running e pouco mais.
Escrevi sobre a dificuldade de se “regulamentar” estas modalidades e aplicar normas para a organização de eventos ou mesmo de caracterizar as tais variantes.
Recentemente tomei conhecimento do site Alpinrunning.org que me fez recordar da prática e vivência de um dos estilos que mais aprecio nesse lance de “correr em montanha”.
Poderíamos definir Alpin Running como uma versão do apregoado e conhecido “Light & Fast”, traduzido grosso modo como “leve e rápido”. No entanto o Alpin Running vai um pouco além, porque não envolve apenas o trekking leve e rápido, mas também pode conter elementos de escalada técnica, seja rocha, seja gelo (neve).
É, basicamente, algo como “mover-se com rapidez e leveza pelas montanhas tendo como foco principal a pura vivência dos ambientes montanhosos.”
Para isso, o praticante opta por utilizar somente o equipamento mínimo necessário à sua segurança e dos demais envolvidos, evitando expor-se a riscos desnecessários e sem sobrecarregar-se de itens e materiais supérfluos.
Não é algo novo. No mesmo site há um histórico de atividades com este “conceito”, mesmo que muitas vezes o agente da atividade sequer conheça a nomenclatura. Tem uns caras pelo planeta fazendo isso muito bem: Ueli Steck e Kilian Jornet são os mais conhecidos atualmente.
Não podemos esquecer o mestre dos mestres, o cara que levou o “Estilo Alpino” ao Himalaia, movendo-se com impressionante rapidez: Reinhold Messner. Ah sim, e muitos outros das antigas: Peter Habeler, Jerzy Kukuczka, Anatoli Boukreev.
É o Estilo Alpino do montanhismo se confundindo com o trail running.
No Brasil, Mozart Catão “flutuava” de shorts e calção pela Travessia Petrópolis-Teresópolis cruzando a Serra dos Órgãos na década de 80 em pouco mais de 5 horas.
Hoje, atletas de ultra trail como Geison Ignácio no Paraná e Chico Santos pelas bandas cariocas, também se animam em percorrer rapidamente travessias tradicionais do montanhismo brasileiro.
Nomear, como sempre digo, é o que menos importa.
Há espaço para todos.
Para quem aprecia uma caminhada tranquila, para aqueles que gostam de trepar pelas paredes e para os mais ligeirinhos nas trilhas.
O que vale é viver a vida nas montanhas.
George Volpão é, acima de tudo, alguém com profunda paixão pelas montanhas. Além de correr, às vezes, é montanhista desde os anos 90. Com suas andanças pelos matos do Brasil, teve a oportunidade de absorver valores que o levaram a correr nas montanhas pelos seus ideais. Transmitir os conhecimentos adquiridos de modo que a informação esteja sempre circulando é seu objetivo maior de vida. Vive atualmente em Quatro Barras – PR, a apenas 6 quilômetros de sua montanha favorita, o Morro do Anhangava (1.420m) e mantém este espaço vivo e pulsante. Mais que dar respostas, gosta de questionar.