Considerado um dos clichês mais eficientes dos filmes de escalada, as road-trips são garantia de grande audiência quando executadas.
Viajar para conhecer lugares inéditos, pessoas interessantes e realidades totalmente diferente das que vivem fazem parte de toda e qualquer viagem de escalada.
Não é nenhum exagero afirmar que um escalador somente evolui efetivamente quando sai da sua zona de conforto que habitualmente é o local que escala frequentemente.
Se durante as férias o escalador ainda assim vai ao mesmo lugar que habitualmente escala evidencia que ficou parado no tempo.
Citada como um dos países mais exóticos do mundo a Índia ainda desperta desconfiança e curiosidade da comunidade outdoor.
Quem pensa que somente as práticas místicas de Yoga, meditação transcendental e etc é a atração necessita rever seus conceitos.
Já retratada no passado por produções como “Rampage” o país é o paraíso para escaladores esportivos e boulderistas.
Munido desta curiosidade o escalador francês Gérôme Pouvreau arrumou as malas e partiu para a Índia com o intuito de realizar a primeira ascensão (a primeira cadena em linguajar mais simples).
Para a tentativa foi acompanhado pela equipe da “Baraka Films”, conhecida por suas edições criativas e seu trabalho junto à marca de equipamentos francesa Petzl.
A soma de todos estes fatores é um curta interessante de ser assistido, especialmente pela qualidade de edição e simplicidade de roteiro.
Roteiro aliás que merece destaque por não querer “reinventar a roda” e aposta na simplicidade de apenas retratar um relato de viagem e uma primeira ascensão.
Esta simplicidade e eficiência podem ser observados no fato de que mesmo não sabendo o idioma entende-se facilmente diálogos e acontecimentos.
Não há uma preocupação de que a produção tenha ares de “cult” ou que retrate paraísos inesquecíveis, muito menos a pirotecnia de imagens utilizada em abundância em produções recentes (em especial as fraquíssimas produções da RedBull).
Nesta aposta pela simplicidade é que confere a “Ganesh” uma qualidade acima das produções comumente realizadas, servindo até mesmo de exemplo para quem planeja produzir produções da mesma envergadura.
Mesmo nas imagens de escalada fica latente que a limitação de recursos ( não tinham nem grua, e nem os recentes Drones que hoje a produtora possui) não baixou a qualidade, e sim estimulou a criatividade dos produtores.
O filme, entretanto, está longe de ser uma obra inesquecível e figurar entre os melhores filmes já realizados pela “Baraka Films” (“Tuzgle” e “Petzl Roc Trip China” ainda figuram entre suas melhores ) mas evidencia o olhar diferenciado e a habilidade acima da média com edição de som e imagens.
Em aspectos técnicos o filme é uma verdadeira aula de habilidades de edição, que é a marca registrada dos produtores e já nesta produção (meio antiga para os dias atuais) evidencia o talento.
“Ganesh” é uma ótima referência para quem está começando e essencial para quem acredita que excesso de recursos é que garantem a qualidade de um filme.
Nota Revista Blog de Escalada:
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.