Crítica do filme “Katabatic – Exploring Antarctica’s Unclimbed Peaks”

Katabatic-1Das fórmulas mais conhecidas por quem produz filme, de qualquer gênero, é a de convidar uma equipe técnica de alta qualidade para garantir o produto final.

Mas é importante lembrar que realizar qualquer produção, não necessariamente é como uma fórmula matemática simples de ser aplicada, e uma vez aplicada haverá uma certeza absoluta de resultado exato.

Para produção de filmes muitos deveriam saber que não existe uma Equação de Bhaskara que resolva tudo, pois quando a criatividade de quem produz começa a ficar engessada por parâmetros e padronizações de quem encomenda a produção, o resultado pode ser algo inesperado.

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Muito conhecido pelo público que consome vídeos e filmes outdoor, a produtora 3 Strings é conhecida por produções icônicas como “Desert Ice” e “Era Vella”, e tem se especializado em realizar peças publicitárias para marcas que investem pesado em marketing de seus atletas.

Não incomum ver a produtora realizando vídeos para Chris SharmaJonathan SiegristSasha DiGiulian.

Todos os vídeos possuem qualidade fotográfica admirável e que podemos creditar ao talento de Cory Richards.

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Mas, assim como no futebol, um bom jogador jogando em um esquema tático errado tem seu talento diminuído e até mesmo desperdiçado.

Esta mesma sensação, de ver um craque jogando na posição errada ou esquema tático equivocado, é a que temos quando assistimos o filme “Katabatic – Exploring Antarctica’s Unclimbed Peaks”.

A produção foi encomendada pelo canal National Geographic Channel, e por isso todo o time de produtores tiveram de seguir a linguagem e padrões estabelecido pela emissora.

Algo muito parecido com a já folclórica declaração de Henry Ford quando disse que “o cliente pode escolher qualquer cor de carro que quiser, desde que seja preto”.

“Katabatic” documenta a história dos escaladores Mike Libecki, Freddie Wilkinson, Cory Richards e Keith Ladzinski que foram para a cadeia montanhosa Wohlthat, na Antártida, para realizar uma escalada em um lugar totalmente virgem.

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Para realizar a escalada teriam de enfrentar, além obviamente do frio, as intempéries típicas do lugar como o vento catabático (do inglês Katabatic, que da origem ao nome da produção) que é o nome técnico dado ao deslocamento de ar que transporta ar de alta densidade de uma elevação descendo a encosta.

Os ventos catabáticos são comuns nas elevações permanentemente geladas da Antártida e podem chegar a atingir velocidades de três dígitos.

Visualmente o filme “Katabatic” é inegavelmente impecável do aspecto visual, e quando assistido em telas de cinema, ou televisões de resolução 4K serve como uma verdadeira aula de composição fotográfica.

Optando por assumir um ritmo de filmagem para caber no formato de programas de TV a cabo, que provavelmente foi exigência de quem encomendou o filme, a direção opta por condensar todos os acontecimentos com um narrador que parece ter se inspirado nos cronistas esportivos do rádio.

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Detalhes da história acabaram por passaram em uma rapidez tão grande, que toda a expedição parece ter acontecido em apenas um dia, e não vários dias.

O roteiro inegavelmente foi reescrito várias vezes para se adaptar neste formato, e partes parecem ter sido mutiladas para que o padrão estabelecido fosse respeitado.

Todos os elementos de uma boa produção estão lá, e são devidamente respeitados, mas a sensação de que falta algo é notória, e  facilmente perceptível: ao filme falta alma.

Falta uma certa espontaneidade que algumas expressões soam como os apresentadores da Rede Globo quando tentam parecer jovens e falam gírias que parecem não encaixar com o sentido nem com a situação.

O filme “Katabatic” em todo o seu decorrer parece ser pragmático, e durante várias situações parece sentir medo de tentar algo diferente.

A produção quando termina, deixa quem gosta dos formato do National Geografic Channel satisfeita, mas também com a sensação de que não viu nada de diferente (do apresentado pelo canal), e que parece faltar algo para ele ser memorável.

“Katabatic” é uma boa produção, mas também carrega ares de descartável tamanha a sua falta de originalidade, visto que muitas falas e emoção pareçam, e muito, como artificiais.

Assim como é chato ver um atleta de qualquer esporte jogar em modo de “piloto automático”, também não agrega nada ver um filme que quem quer que tenha produzido não tenha colocado alma.

Nota Revista Blog de Escalada:

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