Dentro do gênero de documentário, uma das práticas mais comuns é realizar biografias de alguma personalidade.
Reis, rainhas, heróis e exploradores já foram retratados das mais diversas maneiras, algumas mais ufanistas, outras de maneira neutra.
Intitulada como a “era de ouro das explorações ” o início do século XX foi marcada com “feitos nacionalistas” de países que estavam no fim de sua era de imperialismo.
Entenda-se n contexto de imperialismo países possuir colônias, e as explorar sem critério ou pudor.
Estes “feitos nacionalistas” consistiam em conquistas pessoais de algumas pessoas que os governos procuravam capitalizar a auto estima da nação.
Com isso surgiram grandes heróis de exploração a pontos até então inóspitos no mundo como a Antártida e o Everest, lugares até então não “conquistados” por nenhum homem (leia-se país fincar a bandeira do país).
Diante deste cenário surgiu um dos exploradores mais emblemáticos da Inglaterra o Sir George Mallory.
Mallory é considerado por muitos como o primeiro homem a pisar no Monte Everest, após ter seu corpo encontrado a alguns anos.
Sir George antes disso foi considerado morto e desaparecido no Everest.
A produção da National Geografic Channel (em parceia com a BBC) documenta a reconstituição deste período e do que realmente aconteceu.
Reconstituindo com detalhes a vida, carreira e memórias de George Mallory o filme retrata ainda em paralelo a reconstituição, com equipamentos e roupas da época, feitas pelos escaladores Conrad Anker e Leo Holding.
Com fotos inéditas, leituras das cartas de Mallory para sua família e vice versa, o filme procura adicionar tons dramáticos e emocionantes ao filme.
Esta dramaticidade facilmente envolve o espectador e o filme vai tornando-se mais profundo.
Enquanto se preocupou em mostrar a fama e prestígio na carreira de Mallory, o filme transcorre de maneira fluida até pouco mais da sua metade.
Entretanto a partir de certo ponto algumas leituras, e simulações de Holding e Anker com roupas e equipamentos de época, o filme começa a se arrastar e tornar-se repetitivo.
Perto do seu final algumas imagens repetidas, e leituras de cartas que poderiam ter sido suprimidas, começaram a afetar o ritmo fluido que apresentava até então.
No geral “Wildest Dream” é um filme que soube agrupar, apesar dos tropeços de roteiro e perder muito da qualidade ao seu final, uma história de montanhismo e reconstituição de boa qualidade.
Há de se destacar também que os produtores souberam respeitar como poucos o esporte de escalada e montanhismo como poucas, sem procurar exagerar nas cores e declarações.
O filme tem o mérito ainda de não apostar todas as fichas em imagens contemplativas, e sim em focar na narrativa e história a ser contada.
Para quem procura saber mais sobre história de acensões a alta montanha é um material obrigatório, para quem aprecia mais produções de ação e tensão nem tanto.
“Wildest Dream” é um filme que deve constar na videoteca de todos que queiram praticar alta montanha.
Nota do Blog de Escalada

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.