Entrevista com Alex Puccio

Qual a melhor qualidade de um atleta diferenciado e acima da média? Diante desta pergunta muitos vão citar força e técnica como primordiais para alguém se destacar em qualquer esporte. Mas sem sombra de dúvida a principal característica de um atleta é ter capacidade de superar as dificuldades que a vida coloca na sua frente.

O que dizer então de nomes como Ronaldo Nazário, que superou duas contusões sérias no joelho para tornar-se campeão do mundo? Anderson Silva, que fraturou seriamente a perna e voltou a competir em alto nível? Clint Malarchuk, que teve a jugular cortada em uma partida de hokey, e voltou a atuar em alto nível um mês depois?

Fosse incluir uma atleta no hall de superações após seguidas lesões está a superatleta Alexandrea Elizabeth Cocca, conhecida internacionalmente como Alex Puccio. Esta escaladora texana consagrou-se na semana passada com seu 10º título de campeã americana de boulder. Somente isso já impõe bastante respeito a quem olha sua coleções de títulos. Puccio no ano passado foi diagnosticada com uma lesão na coluna cervical e teve de submeter-se a uma operação delicada.

Alex Puccio é uma escaladora talentosa e dedicada e seguramente inspiração para toda a comunidade de escalada e, como não poderia ser diferente, dona de uma legião de fans. Aqui mesmo na Revista Blog de Escalada ela já foi tema de vários artigos que reportavam suas conquistas. Finalmente neste ano de 2017 conseguimos entrar em contato com ela para uma exclusiva entrevista para um veículo esportivo brasileiro.

Alex, você se recuperou de uma lesão séria e conquistou o US Open boulder. Como foi todo o processo de recuperação e treinamento para tornar-se campeã pela 10º vez?

Depois da minha fusão espinhal no meio de junho de 2016 eu não tinha nenhuma ideia de como tudo ia ficar. Eu sabia que tinha de levar três meses para a fusão, o que significa nada de escalada ou qualquer exercício com minha parte superior do corpo neste tempo!

Tive uma recuperação rápida quando meu joelho reconstruí os ligamentos em junho de 2015. Mas era diferente naquela hora para mim para recuperar minha força e resistência porque eu não podia fazer nada com meus braços por um bom tempo.

Depois da minha lesão no joelho eu comecei a fazer campis board e escalar somente com uma perna apenas duas semanas depois da cirurgia, por isso eu tinha uma parte superior do corpo forte. Depois de ficar sem fazer nada por três meses por conta da fusão espinhal eu fui para uma competição de boulder apenas três meses e meio depois da cirurgia, no Portland Boulder Rally. Fui para a competição com minha mente que poderia parar a qualquer momento, mas no final foi tudo bem e eu acabei ganhando a competição!

Aquela vitória foi a primeira das minhas 10 das 10 vitórias consecutivas! Toda competição que participava até o Nacional do último final de semana eu ficava mais forte e acabava me surpreendendo. Honestamente eu não vou ao campeonato nacional pensando que eu ia ganhar, mas mesmo assim eu ainda sabia que podia.

Eu aprendi que mesmo que você seja o mais forte significa que você irá ganhar, QUALQUER COISA pode acontecer! A pessoa que ganha é usualmente forte, mas é mais forte mentalmente naquele dia e sabe lidar com a pressão. Isso é uma coisa que eu tenho trabalhado bastante ultimamente e acredito que melhorei muito neste aspecto.

Qual a sua expectativa para a Copa do Mundo de Escalada este ano?

Eu decidi não ir a todas as etapas da Copa do Mundo este ano. Eu estou mais na pegada de viajar e me motivar para ir para rocha!

Mas mesmo assim eu ainda irei a algumas competições aqui nos EUA e talvez algumas etapas da Copa do Mundo se eu tiver tempo e sentir vontade.

A escalada será parte dos jogos olímpicos de 2020. Quais são seus planos para participar?

Eu acho que é realmente fantástico e bom para o esporte que a escalada esteja nas Olimpíadas de 2020.
 
Eu terei 30 anos até lá, então veremos o que acontece comigo, mas até agora eu gostaria de tentar ser selecionada para o time olímpico. Eu tenho de dizer também que não sou grande fã do formato da escalada para a Olimpíada.

Como é sua agenda de treinamento? Você fica mais no ginásio de escalada ou também faz Crossfit?

Meu treinamento consiste mais em ir para o ginásio e escalar. Eu faço algo de cross training, corro 5 km três vezes na semana para manter a minha forma física, localizada de core (abdômen) 4 a 5 dias por semana para me manter forte, muscle-up ou barras para manter meus ombros fortes.

Também faço um pouco de estabilização de ombros para prevenir lesões, isometria e exercícios com elástico.

Toda a sua carreira é baseada na escalada em boulder. Você pensa em um futuro próximo tentar outros estilos de escalada?

Eu AMO boulder, mas eu também gosto muito de escalada esportiva.

Por isso tenho alguns objetivos de escalada esportiva este ano na rocha, então vamos ver o que acontece!

Ser atleta não é uma vida fácil. Como você gerencia a sua vida pessoal e carreira esportiva?

Eu amo meu trabalho como escaladora profissional e honestamente não saberia o que fazer da vida se a escalada não fosse meu trabalho. Mas seguramente eu teria de descobrir!

Eu acho que tento encontrar outros hobbies para fazer nos dias que nos dias que não estou escalando e assando no deserto (eu tenho MUITA suadeira!), brincando com meu cachorro, sendo técnica de outras pessoas, indo ao shopping e saindo com meus amigos.

É importante estar equilibrada mentalmente e meu tempo longe do meu trabalho para descomprimir esta parte.

Ao que parece a nova geração de escaladores, como Ashima e Megan, são muito fortes. O que você pensa disso?

É muito legal ver a próxima geração de escaladores aparecer e competir com eles agora. A competição está ficando mais dura e competitiva, mas eu adoro!

Como o nível das mulheres vem ficando mais forte me motiva a me forçar mais e ficar mais forte também!

No Brasil nós temos uma área gigante de boulder. Quando teremos a honra de receber uma visita sua?

Eu nunca estive na América do Sul! O Brasil parece uma país MARAVILHOSO e eu amaria poder visitar um dia!

Talvez para escalar ou apenas divertir de turistas para aprender mais sobre a cultura.

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