Outdoor Retailer: Maior feira de esportes outdoor do continente alerta para necessidade nova postura da comunidade

Foi realizada na semana passada, mais uma edição do Outdoor Retailer. A feira é a segunda maior do mundo e a maior do continente americano. No evento, grandes marcas e organizações pedem à comunidade que atue diante da crise climática.

Tido como o evento que marca tendências no mercado, a Outdoor Retailer é a feira de esportes outdoor realizada duas vezes por ano em Denver, Colorado. Nela as indústrias, varejistas, representantes, designers, fornecedores, líderes, mídias e atletas se reúnem como uma oportunidade para alcançar compradores influentes. A Revista Blog de Escalada e Freeman Outdoors foram os únicos veículos latino-americanos a cobrir o evento.

Durante três dias, a cidade norte-americana recebe milhares de visitantes com o objetivo de conhecer os mais recentes produtos e tecnologias do universo outdoor. Quem é um empresário, ou tem uma marca outdoor consolidada, a OR, como é comumente chamada pelo público norte-americano, este é o local ideal para conhecer e estabelecer vínculos com o setor.

Outdoor Retailer Snow Edition

Foto: Raul Morales

A edição realizada de 28 a 31 de janeiro, é a primeira Outdoor Retailer desta nova década que começa. O evento não apenas abriu suas portas para promover o crescimento da indústria de outdoor, mas também para criar comunidades e fomentar a inspiração

Desde o primeiro dia, na cerimônia de abertura, os membros executivos lançaram uma mensagem forte: “É urgente que a indústria outdoor se una e estabeleça laços para enfrentar a crise climática”. A razão é clara: “sem inverno, sem equilíbrio ecológico, não existe esportes outdoor”.

Portanto, para qualquer tipo de trabalho colaborativo da indústria, os vínculos estabelecidos entre os diferentes elementos que o compõem são importantes. Tanto que os resultados de seu crescimento e fortalecimento são diretamente influenciados por eles.

No entanto, quando falamos sobre a indústria outdoor, não apenas o acima é fundamental, mas urgente, porque, diante do desafio da crise climática, a própria indústria está em risco.

Indústria outdoor está em risco

Foto: Raul Morales

“Se não existe natureza e lugares para visitar, não existe negócio”. Esse foi um dos eixos centrais da maior feira de esportes outdoor da América.

A agenda foi apoiada por conferências e palestras sobre o meio ambiente. Entre elas, os liderados pela The Conservation Alliance que mostraram seus resultados de trabalho. A entidade protegeu 72 milhões de acres, 3.500 milhas de rios e 17 áreas de escalada.

Em uma palestra realizada no evento, escaladores e oradores ativistas Tommy Caldwell, ambientalista de Old Crow, Yukon, Lorraine Netro e pesquisador e escritor Maia Wikler, falaram sobre um dos últimos refúgios de vida selvagem natural nos Estados Unidos: o Arctic National Wildlife Refuge.

Assista à entrevista exclusiva para Freeman Outdoors concedida por Tommy Caldwell no topo do artigo.

Foto: Raul Morales

Da mesma forma, diferentes fundações, como a Save the Arctic, a Outdoor Industry Association e Protect Our Winters, realizaram ativações e palestras sobre a crise das mudanças climáticas.

Mario Molina, diretor da Protect Our Winters, por exemplo, participou do painel de discussão intitulada “Cost of Carbon”, com o alpinista Conrad Anker, a escaladora Emily Harrington e o gerente geral global da The North Face, Tim Bantle. Na conversa, foi apresentado um novo aplicativo que mostra aos usuários a pegada de carbono que eles geram em suas viagens e viagens com o objetivo de aumentar a conscientização sobre seus estilos de vida.

Novos equipamentos sustentáveis

Foto: Raul Morales

A preocupação com a crise climática também se refletiu em alguns dos expositores que mostraram seus produtos e equipamentos com curvas sustentáveis ​​e ecológicas. Por exemplo, a marca Picture Organic produziu Demain, uma jaqueta impermeável e respirável feita de 58% de materiais de origem biológica e 42% de poliéster reciclado.

A marca Patagonia, por sua vez, instalou um estande criado 100% com material e paredes reciclados. Nele os visitantes podem ler frases “quão limpa é a produção das roupas que você veste?”, “quão limpa é a comida você consome?”.

A marca que mudou a virada de sua filosofia para o lema “estamos no negócio para salvar o mundo”, trouxe seu caminhão Worn Wear, projeto no qual atuou em diferentes países promovendo o reparo de peças de vestuário. A marca alega que este pequeno conserto, que provê sobrevida para as roupas, como um ato radical contra para a era do consumo.

Estima-se que os consumidores joguem pelo menos 13 milhões de toneladas de roupas por ano e que a população esteja comprando cinco vezes mais roupas do que há 25 anos. A Patagonia também apresentou a nova coleção de jaquetas de poliéster R1, feita com materiais totalmente reciclados e aprovados pela Bluesign.

Foto: Raul Morales

Embora as marcas que no mercado outdoor se posicionassem envolvidas na crise climática não fossem a maioria, ao longo dos corredores era comum encontrar ativações e propostas de equipamentos sustentáveis. Outra marca que serve de exemplo é a norueguesa Fjällraven.

A empresa que exibiu a jaqueta Vidda Pro, feita de lã sustentável, recuperada e misturada com fibras de amido de milho. A Crescent Moon apresentou suas raquetes de neve feitas de amido de batata e milho, projetadas para se decompor ao final de sua vida útil, em vez de ocupar espaço no lixão.

Da mesma forma, diferentes empresas ofereceram produtos como câmeras, aquecedores de água e garrafas que apoiavam organizações e fundações para fins ambientais com o arrecadador de fundos.

Apelo para conscientização

Foto: Raul Morales

A semana da celebração da Outdoor Retailer terminou sexta-feira com um comício organizado, fora da agenda da feira. O evento foi organizado e liderado pela escaladora profissional Caroline Gleich e Katie Boué, fundadora do Outdoor Advocacy Project.

O comício tinha o objetivo de lembrar a indústria e a comunidade outdoor da importância de tomar todas as ações necessárias diante das mudanças climáticas.

Próximo do fim, a Outdoor Retailer desafiou as marcas e seus funcionários a descobrir como podemos proteger melhor nossos espaços de natureza. Sem dúvida, a comunidade outdoor está posicionada em um local em que suas obrigações e responsabilidades estão intimamente ligadas ao meio ambiente.

A OR fez questão de acrescentar que a comunidade não pode dar as costas à crise da qual depende diretamente. É por isso que deve ser mobilizada, organizada e unificada, para influenciar o mundo de maneira positiva.

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