Depois de 2 meses de atraso com a coluna aqui no Blog de Escalada, consegui parar e tentar organizar em palavras resumidas (que foi impossível!) o que rolou nos últimos meses, desde o último artigo.
E como sempre, o tempo passa tão rápido com as correrias da vida que mal consigo perceber que já se passaram 4 meses em Porto Alegre, com tantas histórias vividas e divididas em algumas redes sociais.
Após a abertura do ginásio Onsight a vida se tornou mais atarefada e claro!
Que mais divertida:)
Até porque uma vida sem diversão não vale a pena ser vivida. Ando até me surpreendendo com minha “aceitação” pela vida de escalada indoor, não que antes eu fosse contra, aprendi a escalar na montanha (mais precisamente em Andradas – maravilha das paredes) sempre tive como prioridade a escalada tradicional, a rocha, .. e hoje trabalhando, treinando e vivendo pela escalada indoor tenho uma visão completamente diferente sobre a importância de ginásios para a evolução do esporte. (ainda bem!).
Mas vamos ao que interessa.. rs.. Pacotinho!
Desde minha mudança para POA, minha grande e sempre parceira está sendo ela, uma vida hoje que podemos chamar de nossa.
O início dessa nova fase não foi fácil, estar longe da família (toda a família), dos amigos e conhecidos trouxe muitas saudades, tristezas e vontade de voltar..!
Mas sem deixar abalar, com o tempo fomos nos acostumando, adaptando, aproveitando e o “tal” sonho de Maria ser inserida na escalada começou a se tornar real e natural.
Me lembro dos primeiros dias dela dentro do ginásio, não chegava perto do muro, dizendo “tenho medo”, sempre de longe fixava olhares arregalados para os alunos escalando e em alguns momentos dos meus treinos chegava a pedir para eu não escalar.
Mesmo incentivando-a deixei reagir de forma natural, deixando com que a curiosidade dela e a vontade de estar nesse mundo fosse verdadeira e vindo por ela, não por obrigação.
Com uma rotina corrida de mãe workaholic e pouquíssimos dias livres, deixei um pouco de lado a vivência com a rocha, focando mais nos treinos com foco na participação de competições.
Colocando uma rotina indoor e também aproveitando para curtir programas “comuns” com ela – parques, exposições, teatro, até para eu mesma conhecer mais a cidade e a cultura local.
Dias e noite trabalhando, em ritmo frenético, e ela sempre ali do lado.
Já no seu ritmo maluco de cidade grande, escola, tarefas, horários, mãe maluca, traz… leva..sai correndo.. vai para o parque..arruma casa… ginásio… leva para o médico… reforma a casa… leva para escola… volta para casa… ginásio.. escola …nossa! cheguei a quase surtar, mas como dizem, mãe aguenta tudo!
E ela ali.. do lado sempre, dizendo mamãe! mamãe! mamãe! mamãe!
Até que aos poucos ela foi acostumando, não só com a distancia da família, mas com a escalada, cada dia mais se aproximando e entrando no muro, se divertindo e rindo.
O sorriso de vê-la cada dia alcançando uma nova agarra é indescritível, não só pelo amor que tenho pela escalada, mas pela coragem natural dela enfrentar o “medo”, de aceitar e querer se desafiar.
Um orgulho para qualquer mãe que fica só observando as reações e frustrações.
Poder trabalhar e presenciar esses momentos são, com certeza, os maiores valores que carrego comigo hoje.
Mas a frustração de estar longe da rocha, por muitas vezes me abalou, por poucas vezes consegui fugir da loucura e conhecer alguns picos de escalada da região.
E como toda mãe escaladora sabe, levar esses pequeninos para escalar é sempre uma GRANDE logística.
A primeira saída com a pequena para rocha foi a Canastra, um lugar incrível, mesmo que seja um pico de vias tradicionais há um refúgio super bacana para estar com crianças e bons amigos, contei com ajuda da galera, que ficaram ali curtindo com a Maria enquanto escalava.
Até que quase chegando ao cume, escuto a voz dela lá do refúgio gritando – Mãe!!! Mas como sempre a diversão não pode ser só minha, o restante do dia era dela, dando comida para os cavalos, correndo na grama…
Depois dessa mini trip, fiz algumas idas para Ivoti, pico mais perto da capital, com vias esportivas e com a base super tranquila para levar crianças, colocava o crash na base e olhava para ela ali, desenhando, cantando, olhando quando estava nas vias e em algumas vezes falava, vai lá escalar mamãe que “tô” brincando aqui.
Ivoti
Nossa! Ficar esse tampão sem escrever e colocar tudo o que aconteceu nesse tempo com ela é um pouco difícil…
Mas falar de Maria sempre me encheu os olhos e o coração, ver sua adaptação em tantas mudanças, sua aceitação por novas pessoas em sua vida, novos amigos, nova escola e mesmo assim soltar suas altas gargalhadas e seus choros desesperados porque quer um brigadeiro.
Hoje assistir sua evolução e aceitação é lindo e ainda não podia ser melhor do que ver sua filha de 3 anos na “cadena” de um dos boulders babies/infantis do ginásio, ela gritando mamãe.. mamãe foi incrível.
Além de tudo isso, durante esses meses, Maria aguentou como guerreira toda correria do meu trabalho com o ginásio, esteve junto durante todos os eventos que aconteceram aqui, principalmente no Campeonato Brasileiro de Escalada, onde meses de trabalho se resumiram em um dia incrível para mim.
Mesmo a mil com a organização do evento, curtindo com os amigos que não encontrava há tempos, ela super aceitou minha participação no campeonato, alguns momentos até chorou por não poder escalar, andava para lá e para cá limpando as agarras.
Orgulho de mãe! rs
E talvez seja sempre assim, livre, leve, divertido e com amor…
Agradeço por proporcioná-la essa vivência, o contato com diferentes ambientes e pessoas, a liberdade de querer ou não escalar e ensiná-la (sem ainda entender) o que é dedicação e perseverança, seja escalando ou apenas brincando.
Mãe de Maria, Comunicadora (Tagarela !) por vocação, jornalista por opção, mãe solteira e escaladora por filosofia de vida, superação e paixão !!