Quem já teve o prazer de frequentar a mais simpática, e bem administrada, academia de São Paulo 90Graus já deve ter se deparado com a figura singular de Alexandre Karam.
Sempre simpático, o dedicado escalador Karam é referência em todas as conversas e histórias que cercam a primeira academia paulistana de escalada.
Por sua simplicidade não seria exagero nenhum que Alexandre Karam é o retrato da academia que frequenta : simplicidade, honestidade, simpatia e educação.
Dono de uma modéstia ímpar, Alexandre é um exemplo de pessoa que se dedica 100% à escalada e às pessoas que praticam o esporte com verdadeira paixão e entusiasmo.
A Revista Blog de Escalada procurou Alexandre Karam para uma conversa descontraída para conhecer mais sobre sua pessoa e sua filosofia de vida.
Alexandre, você é um dos integrantes mais antigos do staff da academia 90 graus em São Paulo. Como é trabalhar em uma academia de escalada?
Bom, não sou funcionário da 90 Graus, apenas um colaborador.
Estou treinando lá há mais de 9 anos e sinto que a 90 é minha segunda casa.
Costumamos cuidar do que gostamos e por este motivo ajudo no que for preciso.
Morando na cidade de São Paulo, que é tão populosa, como explicaria o fato de existir menos academias que cidades como Belo Horizonte, Goiânia, brasília e Curitiba?
Essa é uma boa pergunta.
Logo de cara te respondo, não tenho essa resposta.
Mas fato é que não se pode comparar Qualidade X Quantidade.
Não que os Ginásios que conheci em BH e Curitiba não sejam bons, ao contrário, tem ótimas instalações, ótimas vias, pessoal atencioso e a melhor parte, grandes frequentadores e grandes escaladores, assim como a Casa de Pedra Perdizes.
Mas a qualidade das vias, das agarras, das família que há na 90 Graus, de todo aprendizado em forma de técnica que o route setter lhe proporciona, não tem como comparar, é algo que nós levaremos para toda vida de escalador.
Para mim, esse é o ponto mais importante num Ginásio de escalada.
Você está sempre fazendo questão de ir escalar na rocha em lugares como Falésia Paraíso e Visual das Águas. Como você definiria a importância desta prática para o escalador?
O Visual assim como o Zé Vermelho, deixaram de ser lembrados por muitos escaladores depois da abertura da Falésia Paraíso.
Lugar perfeito para os iniciantes e também para que já escala há um bom tempo.
O ginásio ou resina, é um preparatório para a rocha.
É neste último que colocaremos a prova tudo que aprendemos e teremos a noção do que precisamos melhorar, quando voltarmos na semana para a resina, para novamente, nos fins de semana, testarmo-nos na rocha.
E este ciclo será contínuo pela vida de todo escalador.
A muitos anos não acontece um campeonato paulista de escalada. Você acredita que este tipo de evento é viável a médio prazo? Porque?
Claro, não só a médio, mas a curto também.
Sei que da um P*** trabalho organizar um Campeonato, nosso “Universo” é pequeno comparado a outros esportes, mas muitos escaladores gostam de um Festival de Boulder.
Acredito que a união de todos, escaladores, ginásios, routesetters e patrocinadores facilitaria na criação de mais eventos esportivos.
Você possui alguma rotina de treinamento? Qual é?
No início, meus treinamentos sempre foram escalar as vias do top do PG, as travessias e os boulders que há na 90 e que nós mesmos montamos.
Nunca fiz planilha específica.
Apesar de já ter participado de Campeonatos e Festivais, nunca tive a pretensão de vencer, apenas de ir bem.
Em alguns eu fui e em outros nem tanto. O importante é se divertir e dar o Kmón aos amigos!
Se for para indicar a uma pessoa de fora de São Paulo, quais seriam os locais de escalada que indicaria?
Falésia Paraíso aos iniciantes e São Bento do Sapucaí aos “avançados”.
São Bento é o local perfeito pois há as vias esportivas, há boulders e também as trad´s.
É um lugar completo nesse sentido.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.