“What’s in A Name”: Brasileira é destaque em filme que fala sobre discriminação e racismo na cultura da escalada

A escaladora brasileira Maiza Lima é destaque nos EUA. A marca norte-americana de equipamentos outdoor Marmot, em parceria com cadeia de lojas REI e Bedrock Film Works, foi lançado esta semana o filme “What’s In A Name”. O curta-metragem é dirigido por Jules Jimreivat e narra o espírito e o triunfo do machismo por meio de conquista de vias em um esporte cujas práticas criaram barreiras de acesso, segurança e pertencimento a grupos sub-representados.

A personagem principal do filme é uma brasileira, que vive há muito tempo nos EUA: Maiza Lima. A escaladora, que já foi capa da Revista Climbing, tem a sua história particular contada pelas lentes de Jimreivat.

Não faz muito tempo, a Revista Blog de Escalada em um artigo intitulado Os nomes de vias e trilhas considerados ofensivos devem ser mudados? foi bombardeada por mensagens de pessoas “indignadas” por levantar a temática do preconceito e do racismo na escalada. O volume de ofensas a respeito do assunto foi impressionante.

Seria algo a se refletir sobre o assunto, não fosse um detalhe: todas as mensagens foram enviadas por pessoas com o mesmo perfil, o qual se beneficia com o preconceito e racismo na escalada. Brancos, homens, classe média e, claro, com o pensamento análogo às elites escravocratas do Brasil no século XIX.

“What’s in A Name” e Maiza Lima

O filme que retrata Maiza Lima se passa nos EUA, mas documenta a realidade vivida pela brasileira. Mesmo sendo um filme norte-americano, no Brasil são diversos os casos onde corpos de afrodescendentes são violentados e mortos em função da cor da pele.

Já parou para pensar porque essa população (que representam 54% da nossa população) é sub-representada em espaços de poder, como na política, ou em esportes, como a escalada?

Depois de imigrar do Brasil para os EUA ainda adolescente, Maiza Lima, hoje com 33 anos e que já foi capa da revista Climbing (o que nenhum brasileiro foi até hoje), batalhou para encontrar seu lugar na cultura norte-americana e na escalada. Agora morando na zona rural do estado norte-americano de Montana, onde é uma das únicas escaladoras em sua cidade, Maiza percebeu que há muitas partes da cultura da escalada com as quais ela não quer se conformar. Aspectos constrangedores.

Maiza descobriu que deve definir seu próprio espaço na escalada norte-americana, e na comunidade local, para abrir mais espaço para pessoas como ela. Criada no estado do Pará, na cidade de Alacilândia, sua família não tinha muito com o que viver e migrou para os EUA. Em território norte-americano ela encontrou a escalada.

O filme está disponível no canal da REI no YouTube e no Instagram da Marmot dia 27/10.

“Este filme envolve a comunidade de escalada e continua uma conversa crítica sobre como, juntos, podemos construir um futuro mais inclusivo para nosso esporte e aqueles que o amam”, disse Nicole Browning, gerente de marketing de inclusão de REI. “Parte desse trabalho é co-criar uma solução para acabar de vez com a nomenclatura depreciativa de rotas e abordar os problemas da cultura de escalada que possibilitaram isso”, completou Browning.

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