No início da semana foi divulgado o trailer do Women’s Bouldering Festival em Fontainebleau. Um evento inclusivo que permite que as escaladoras encontrem pessoas com a mesma opinião no esporte. Um evento para reunir mulheres, sem existir o objetivo de excluir ninguém.
Mas a grande pergunta que escutamos a todo o tempo é: é realmente necessário um encontro de escalada somente para mulheres?
Inegavelmente o universo outdoor, especialmente a escalada, é essencialmente masculino. Estatisticamente falando, as mulheres representam aproximadamente 30% do total de escaladores. Observando que esta proporção cresceu nos últimos anos, pois há 10 anos era bem menor que isso.
Porém, é importante destacar que eventos que consideram os homens como os “inimigos” e que agora o espaço é SOMENTE das mulheres é um equívoco. O que a escalada como esporte necessita é de inclusão, não de brigas, panfletagem e visões distorcidas a respeito das mulheres ou do que é o feminismo.
Fortalecimento da escalada feminina
Na civilização ocidental, especialmente na subcultura de esportes, sobretudo na escalada, o poder masculinizado tem sido a norma e o padrão. Desde os homens da caverna ao mundo contemporâneo, vivemos em um mundo em que a liderança no estilo masculino conduziu o cargo.
Talvez seja porque nossa cultura tenha glorificado qualidades de liderança masculina por tanto tempo que muitos de nós, independentemente do sexo, suprimimos nossas qualidades femininas mais dinâmicas.
Aspectos tradicionalmente femininos, como a consciência emocional, costumam ser indesejáveis e até envergonhados. Mas agora estamos começando a receber perspectivas e estilos alternativos de liderança. Parece que a “feminilidade” está tendo uma valorizada.
Talvez o futuro não seja apenas feminilidade em vez de masculinidade, mas um reequilíbrio das duas.
Talvez, quando as pessoas, sejam elas homens ou mulheres, declararem abertamente o quanto gostam de escalar com mulheres, elas realmente querem dizer que adoram escalar com pessoas que se permitem experimentar um espectro dinâmico de ser humano.
Portanto, nos encontros de escalada para mulheres temos a oportunidade de mudar essa cultura historicamente dominada pela masculinidade para uma que abrace as qualidades femininas e masculinas em uma pessoa.
Como subproduto do processo, nos tornamos uma expressão mais completa de quem somos como pessoas, escaladores e parceiros de escalada.
Argentina de nascimento e brasileira de coração, é apaixonada pela Patagônia e Serra da Mantiqueira.
Entusiasta de escalada, trekking e camping.
Tem como formação e profissão designer de produto e desenvolve produtos para esportes de natureza.