No Brasil, duas das cidades mais populosas, Rio de Janeiro (6.718.903 habitantes) e São Paulo (12.252.023 habitantes), as quais costumam marcar tendências culturais, possuem leis que proíbem a venda de canudos plásticos.
Particularmente em São Paulo, que sancionou a lei recentemente, o projeto municipal diz que, no lugar dos canudos, devem ser fornecidos canudos de papel reciclável ou material comestível ou biodegradável. Quem não cumprir a lei pagará multa de R$ 1.000 para o estabelecimento que usar canudinho plástico.
Porém o vídeo “Why plastic straw bans aren’t the answer” (Por que proibir canudos de plástico não é a solução?) do canal “Our Changing Climate” joga luz em torno das proibições a respeito dos canudos plásticos.
O canal se dedica a fazer vídeos educativos, abordando problemas a respeito do meio ambiente de maneira mais ampla, para quem assista ao vídeo possa refletir a respeito do problema. Com pouco mais de 172.000 inscritos, o canal abordou esta semana o tema da proibição dos canudos de plástico.
No vídeo é analisada a controvérsia e o debate por trás das proibições de canudos de plástico. Especificamente, o vídeo analisa o impacto mínimo dos canudos de plástico no lixo oceânico, em comparação com outras formas de lixo.
O vídeo também discute como a proibição do canudo de plástico é uma forma de ecocapacitação, mas a eliminação dos canudos de plástico também torna a vida das pessoas com deficiência muito mais complicada. Como resultado da ecocapacitação inerente às proibições de palha de plástico, livrar-se de cidades inteiras de canudos de plástico pode ser problemático ou não?.
O canudo é um problema, ou na verdade é justamente o plástico de uso único que é um problema que estamos evitando discutir e culpamos o canudo por isso?
De onde vem o uso de canudo?
Apesar de muitos “analistas superficiais”, os quais sempre utilizam poucos elementos na metodologia, o uso de canudo não é uma exclusividade da vida moderna, nem sequer nasceu na Revolução Industrial.
O uso mais antigo registrado de um canudo remonta aos sumérios e babilônios. Supõe-se que o uso de canudos para beber seja ainda mais antigo, mas as verdadeiras origens são desconhecidas.
Datado de 3.000 aC, o mais antigo canudo conhecido foi encontrado no túmulo de Pu-abi, a rainha suméria de Ur, no Iraque moderno. Era um canudo feito de ouro, media mais de um metro de comprimento, possuía a ponta de prata e era ornamentada pedras azuis.
No entanto, para os sumérios, e que não eram da classe real, mas ainda queriam desfrutar de cerveja sem ingerir todo o excesso de resíduos produzidos no processo de fermentação, o canudo típico era feita de junco oco, ou seja, palha. Na cultura ocidental, a popularização do canudo não surgiu até o século XIX.
O agora infame canudo de plástico só entrou em produção regular na década de 1960 e na década de 1980 havia se tornado o padrão.
Atualmente, os canudos de plástico são o sétimo item mais comum coletado durante as limpezas de plásticos nas praias e oceanos. Recentemente, os canudos de plástico se tornaram alvo de vários governos e organizações da indústria de alimentos que buscam abordar a questão da poluição à base de plástico.
Talvez o movimento mais conhecido para proibir plásticos de uso único tenha sido o das sacolas plásticas.
Algumas críticas apontam para o fato de que os canudos de plástico, se medidos por item, representam apenas 4% dos resíduos oceânicos. Tais críticas sugerem que os ambientalistas deveriam concentrar seus esforços em questões maiores. Outras críticas são de alguns ativistas dos direitos da deficiência que se opõem a proibições em larga escala.
Para entender a magnitude do dilema ambiental que a Terra enfrenta, considere a explosão no uso de garrafas plásticas. As empresas de bebidas produziram 239 bilhões de garrafas plásticas em 2004.
Esse total mais que dobrou em 2017 para 494 bilhões, e a tendência continua, com a produção de garrafas plásticas prevista para atingir 594 bilhões em 2022.
Mesmo que os canudos possam ser proibidos e eleitos como vilões, eles representam apenas uma pequena fração do plástico que acaba nos oceanos do mundo. Um estudo publicado em 2017 constatou que 46% dos resíduos de plástico em um estado norte-americano eram provenientes de redes de pesca.
Os filtros de cigarro contendo fibra plástica têm sido o item mais onipresente (em número, não em peso) em mais de três décadas de limpeza de praias pela Ocean Conservancy.
O grupo ambiental Break Free From Plastic disse que os maiores “colaboradores” para a poluição por plásticos foram a Coca-Cola, a Pepsi e a Nestlé: todos grandes produtores de bebidas engarrafadas.
É muito interessante começar com os canudos plásticos, ou mesmo com as sacolas plásticas, a diminuição. Mas é importante também pensarmos em mudar de verdade os hábitos de consumo de plásticos, não somente eleger os “vilões da vez”.

Argentina de nascimento e brasileira de coração, é apaixonada pela Patagônia e Serra da Mantiqueira.
Entusiasta de escalada, trekking e camping.
Tem como formação e profissão designer de produto e desenvolve produtos para esportes de natureza.