Video da semana: Hura, um filme sobre a escaladora egípcia Wafaa Amer

“Hura” significa ser livre em egípcio. A escaladora egípcia Wafaa Amer passou por muitas dificuldades e lutas durante sua vida. Amer cresceu longe de casa e construiu sua liberdade abraçando e perseguindo suas paixões tentando encontrar seu verdadeiro eu.

“Quando eu descobri que deveria ficar no Egito para sempre, e que não podia mais ter aquela pequena liberdade que havia criado para mim graças à escalada, senti que estava me afogando. E eu não estava na água, estava fora da água” diz Wafaa Amer no vídeo disponível no topo do artigo.

“Enquanto pintava, gritava tudo o que carregava dentro de mim e tinha medo de escrever no papel”, completa Wafaa. “A liberdade para mim começa quando eu dou o nó na minha cadeirinha. É me reencontrar, é pensar mais profundamente no que gostaria de fazer e criar”, conclui a escaladora.

Mulheres no Egito

Primavera Árabe foi uma onda revolucionária de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África a partir de dezembro de 2010. Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmen, Bahrein, Marrocos e Jordânia foram os principais envolvidos. O povo egípcio derrubou o governo autoritário de Husni Mubarak e deu início a um processo de democratização no país.

Mas desde o início da revolução a situação da mulher no Egito piorou. Esta é a realidade para as mulheres no Egito: abuso verbal e sexual cometido por autoridades egípcias contra mulheres politicamente ativas.

“Mulheres egípcias sob o governo de Sisi vivenciam a era mais sinistra na história do Egito”, afirma Asmaa Shukr, porta-voz da organização Women Against the Coup (Mulheres contra o Golpe), movimento de resistência feminino que foi fundado durante um protesto em Rabaa, em agosto de 2013, que resultou em massacre.

No Egito, dois terços das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e a vida de uma mulher não significa nada. No país, que é ultraconservador, mulheres são discriminadas e não possuem os mesmos direitos dos homens. O tráfico de mulheres e casamentos forçados são comuns no país, além de agressões, abusos sexuais e até mesmo mutilações genitais.

Por lá é bastante é comum a contratação por parte da autoridades de gangues conhecidas como baltagiya, que se infiltram nos protestos e abusam sexualmente das mulheres. As autoridades também agridem mulheres nas delegacias, nas prisões, nos postos de controle, durante visitas a familiares detidos e mesmo em suas próprias casas, durante invasões arbitrárias.

Quem é Wafaa Amer?

Wafaa Amer

Wafaa Amer nasceu na pequena aldeia de Aghur, na província egípcia de Kalyobya. Até os 8 anos viveu com as irmãs e avós no Egito, pois seus pais já haviam se mudado para a Itália. Só aos 9 anos ela chegou à Itália para ficar com os pais.

Sua uma família é muito tradicional, onde as mulheres são criadas com a ideia de viver sempre em casa. Wafaa não tinha permissão para sair senão para a escola e só podia brincar com as irmãs. Ir a uma aula de escalada estava totalmente fora de discussão.

Aos 15 anos, começou a escalar graças a uma amiga e ao pai dela, que pagaram por um curso de escalada, pois ela não tinha dinheiro. Wafaa entendeu imediatamente que a escalada não era apenas um esporte. Para ela era também uma forma de liberdade.

Wafaa Amer

Devido às suas origens e religião, seu pai não aprovava que ela escalasse. Isso a forçou a ir para a academia de escalada secretamente para treinar. Depois de um curto período, Wafaa Amer começou a participar de algumas competições.

Logo percebeu que gostava muito do mundo das competições e participou das primeiras e imediatamente consegui um lugar no pódio junto com as macrorregiões da Itália. Aos 18 anos decidiu sair de casa para se dedicar totalmente à escalada.

Demorou dois anos para encontrar acomodação e um emprego para finalmente encontrar a liberdade que tanto procurava. Há dois anos e meio Amer começou a escalar também na rocha, um ambiente que imediatamente considerou muito mais fascinante do que as academias.

Wafaa Amer

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