A cidade de Brasília possui um número de academias de escalada bastante elevado para os padrões brasileiros. Com um total de cinco endereços, a capital do Brasil é das que mais possui potencial de revelar novos talentos para o esporte.
O mais novo endereço, a Eleva Academia de Escalada organizou em 2019 um happy hour com o objetivo de fortalecer e valorizar o espaço feminino na escalada. No espaço foi organizado também uma roda de conversa, formada por mulheres de idades, tempos de escalada e estilos diferentes.
Dentre os assuntos tratados, temas como machismo e representatividade na escalada, troca de experiências, medos, motivações e sonhos.
A escalada feminina no Brasil
Notoriamente, é sabido que quando alguma escaladora começa a despontar em uma academia, logo vem uma frase incômoda: “você é bem forte para uma garota”. A frase, em inglês, é “You’re pretty strong for a girl”.
Foi justamente esta frase que motivou a produtora e escaladora Colette McInerney, Julie Ellison, Leslie Hittmeie e Sophie Danison idealizaram um filme sobre isso: mulheres que são fortes, independente do gênero. Assim nasceu Pretty Strong, um filme de escalada feito por mulheres, mas voltado a todo tipo de público.
Sem divisões e sem panfletagem.
Ser mulher em um esporte que é governado (na maior parte) por homens cria muitas experiências relacionadas a gênero. Independente se são positivas, ou negativas, são interessantes para a reflexão da comunidade como um todo.
Assim como o filme “Pretty Strong”, que busca a empatia do público ao invés de confrontamento e “dedos na cara”, o encontro “Eleve-se com Elas” buscou o mais importante para o esporte: a integração e educação de todos a respeito de um tema em comum.
Sim, em um mundo com cada vez mais conhecimento e informação, é inaceitável que ainda exista qualquer tipo de preconceito. Não somente contra mulheres, mas contra afrodescendentes, pobres, ricos, altos, magros, gordos, latinos, asiáticos, judeus, evangélicos, etc.
Mas temos de admitir algo incômodo: questões de gênero, orientação sexual, etnia e nacionalidade ainda não estão bem resolvidas no Brasil.
Lutando contra a intolerância
Intolerância é uma atitude de qualquer pessoa caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Combater a intolerância com violência e confrontos verbais, ofendendo no lugar de argumentando, não contribui para ninguém.
No Brasil, a intolerância política, o machismo, o deboche contra pessoas com deficiência, ataques racistas e discursos homofóbicos, de classes e de aparência são ainda comuns. Mas não será por meio de linchamento virtuais, ou mesmo troca de ofensas que irá mudar este quadro. Muito pelo contrário, ele irá piorar.
Viver em um mundo polarizado, que somente consegue enxergar extremos nos trouxe a um cotidiano insuportável e tomando decisões equivocadas em nome do “politicamente correto”, é a cada dia insuportável.
A ausência de diálogo sereno tem apenas acirrado os ânimos e afastando a todos do verdadeiro propósito que é a evolução de todos como sociedade.
Antes de mais nada o importante é termos um apreço pelo respeito ao próximo. Respeito à mulher, respeito a quem escala mais, a quem escala menos, a quem consegue pagar, a quem não consegue pagar, e assim por diante.
Por mais “Eleve-se com Elas” em 2020
Para comemorar o dia da mulher de 2020, a esperança que é haja mais movimentos “Eleve-se com Elas”, especialmente se todas (os) as (os) participantes entenderem que o que é primordial é o respeito ao próximo.
A ausência de piadas desrespeitosas e, principalmente, debochar de qualquer debilidade que qualquer pessoa possua.
Para todo e qualquer evento voltado a qualquer tipo de público deixo a frase de Ronilson Xavier:
Aprenda uma coisa: Não importa qual é o seu problema, não faça das pessoas um saco de boxe que você usa para aliviar sua dor. Agredir sempre vai te deixar longe de todos, e quando você se der conta de quão idiota foi, pode ser tarde. E ai não adianta gritar não vai ter ninguém para te ouvir.
Argentina de nascimento e brasileira de coração, é apaixonada pela Patagônia e Serra da Mantiqueira.
Entusiasta de escalada, trekking e camping.
Tem como formação e profissão designer de produto e desenvolve produtos para esportes de natureza.