Francine Borges e Nereida Rezende escalaram o bigwall da Cachoeira do Tabuleiro pela via “Hidro no Topo”. As duas escaladoras revezaram as cordadas até o cume, com grande afinidade e aproveitando as características e potencial de cada uma.
Francine guiou o 7c esportivo e Nereida o oitavo de cliff. Ao todo, a escalada durou dois dias de muita disposição, força, coragem e aprendizado. Francine guiou tudo até o platô: A chaminé de quinto, o diedro de 7b móvel e o esticão de quinto em móvel
A Cachoeira do Tabuleiro fica no município de Conceição do Mato Dentro e é a mais alta do estado de Minas Gerais e a terceira maior do Brasil. Com 273 metros de altura, a cachoeira é formada a partir de um paredão, com várias vias de escalada que exigem comprometimento de ambos os escaladores.
A Cachoeira do Tabuleiro está situada dentro do Parque Estadual Serra do Intendente criado em 2007.
A via “Hidro no Topo” é considerada um bigwall (via de escalada que exige dormir na parede), D5. Segundo a CBME, um D5 “Requer uma noite na parede. Cordadas muito velozes podem repeti-la em um dia”.
Tenho uma fascinação por esta via, tanto devido à beleza natural do local, quanto pelas dificuldades da escalada.
Já é minha quarta vez nesta via, já tinha guiado as outras cordadas com outros parceiros, mas agora consegui guiar os esticões de artificial de cliff. A via é comprometida, com esticões diagonais e negativos, por isso é exigido um termo de capacidade técnica para quem quer escalá-la, emitido pela FEMEMG (são três as pessoas que podem atestar a capacidade técnica das cordadas e assinar o termo: Wagner Borges, Leandro Ianotta ou Eduardo Barão).
As fotos abaixo são de Leandro Ianotta, mister monster, mentor e filmaker.
Relato visual
Francine guiou tudo até o platô. A chaminé de quinto, o diedro de 7b móvel e o esticão de quinto em móvel
Chegando na P2, as escaladoras seguem rápido pelo quinto grau até o platô.
Chegando no platô fomos comer algo rapidamente para cumprir a programação: guiar e deixar encordados os dois esticões acima do platô, um 7b esportivo com final em artificial de cliff, que a Nereida guiou e o 7c esportivo, que a Francine lindamente assumiu.
A Nereida quis guiar até a segunda costura da quarta cordada antes do mister subir na frente para filmar, para ter a seg do mister, mais pesado, já que é um crux com queda de platô. “Mister, se eu cair, se joga para trás”.
Eu botei para jogo e acertei de primeira o move. Na foto abaixo o mister pegou o lance, mas quando eu fiz pela primeira vez a costura era a lá de baixo.
O quarto esticão é um 7b esportivo, que tem um segundo crux de dominar balcão. No final, tem algumas passadas de artificial, de cliff talon e móveis. Eu fiz tudo certinho e não cai.
A Francine guiou o 7c esportivo lindamente. É bem negativo e exigente. Nestas duas enfiadas, nós duas usamos alguns móveis para intermediar.
Foi muito importante para o sucesso da escalada ter feito estas duas enfiadas no primeiro dia. Deixamos elas encordadas e fomos dormir no platô. No dia seguinte jumariamos elas e fomos pro meu crux, o esticão de oitavo de cliff.
Chegamos bem no início do artificial de oitavo, 11h da manhã. Era a minha vez novamente de dar tudo! O mister subia antes, puxava a corda dele e depois descia de rapel para nos acompanhar, filmar e dar os betas. Eu fiz bem as passadas de cliff de buraco – talon, mas para chegar nos buracos tinha que dar umas passadas em livre hard e nesses momentos eu tive quedas.
Depois daí, eu devorei as últimas duas cordadas, uma de sexto e uma de quinto, expostas. Fui num flow, que só pensava na próxima agarra, bem consciente, ávida pelo cume tão sonhado, em cordada feminina.
Agradecemos ao mister monster, mestre Bean, ser iluminado! Se eu e a Francine somos estudantes na universidade do Tabuleiro, o que é o mister? Ele é o nosso yoda, nosso senhor myagi, nosso mestre dos magos!
Nereida Rezende escala desde 2008 e é no flow dessa atividade que ela se harmoniza com a essência da vida. Consciente de que está vivendo o dharma, ela vem consolidando sua trajetória profissional em escalada com a Climbing In Brazil, que opera como escola de escalada, receptivo de escaladores estrangeiros no Brasil e de brasileiros ao redor do mundo.
Depois de 10 anos de escalada começou a dar aulas, e nos 2 anos que exerce a atividade profissionalmente, já teve a satisfação de ensinar quase uma centena de alunos em várias cidades do Brasil, principalmente RJ SP e MG. desde 2017, em cursos de autorresgate, cursos básicos de escalada, curso de guia de cordada, curso de fendas com uso de proteções móveis e aulas de aperfeiçoamento em guiadas.
Parabéns minha mestra …exemplo…inspiração!! ?❤️
Fantástico, queremos agora ver o filme.
Que relato maravilhoso!!
Parabéns pela garra, pela determinação!
Pude presenciar uma pitada do treinamento, jas já posso dizer que o esforço foi merecido.
Bela expedição, da gosto de ver!!!