Tudo que você precisa saber sobre a pontuação do ‘formato combinado’ de Paris 2024

Para conseguir incluir a escalada esportiva nas Olimpíadas a Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) criou o “formato combinado”, que englobava todas as disciplinas. Nos jogos de Japão 2020, a estreia do formato tinha uma pontuação que consistia simplesmente no produto de cada colocação do atleta obtida em cada disciplina e quem obtivesse o menor valor era declarado o vencedor.

Ao final dos jogos a pontuação do formato combinado se revelou confusa, injusta e, nas palavras de vários comentaristas, ruim. O resultado obtido no masculino de escalada esportiva nos jogos olímpicos do Japão refletiu todas as debilidades que a metodologia possuía e decepcionou público e crítica.

Por isso, após os jogos no Japão, a IFSC se debruçou em cima de várias sugestões de atletas, mídia especializada e matemáticos chegando a algumas decisões para Paris 2024. O motivo era óbvio: enquanto o skate recebeu elogios de todos, a escalada esportiva deixou alguns fãs divididos sobre se a escalada olímpica fazia sentido.

Para os Jogos de Paris 2024. que estão programados para acontecer na capital francesa de 26 de julho a 11 de agosto, haverá um aumento significativo no número de atletas de escalada esportiva em comparação com de Tóquio, que de 40 atletas foi para 68 em Paris. Portanto, mudanças são necessárias para tornar o esporte atrativo e, principalmente, justo.

Novas regras e sistema de de pontuação foram criadas no final do ano passado pela IFSC e divulgadas de maneira detalhada no início deste mês. Pelas novas regras do formato combinado, as pontuações das rodadas de bouldering e escalada guiada serão combinadas, totalizando 200 pontos no máximo.

A estreia competitiva do novo formato aberto a todos deve ser no Campeonato Europeu multidesportivo de Munique 2022. Entretanto, Barcelona irá para sediar um primeiro evento teste usando o formato combinado para as Olimpíadas de Paris 2024 nos dias 4 e 5 de março. Apenas atletas espanhóis poderão participar.

Para o evento teste, os principais route setters de linhas de boulder do IFSC, Remi Samyn e Jan Zbranek, além do presidente do júri, Tim Hatch, devem estar presentes. Mas como ficaram as novas regras e como devemos entendê-las?

Pontuação bouldering no formato combinado

Agora que os executivos do IFSC promoveram a escalada de velocidade a um evento único e merecedor de medalhas, há um novo “combinado” somente com bouldering e escalada guiada. A pontuação máxima desse “combinado” é 100 por disciplina e haverá quatro linhas de boulder em cada rodada, todos com DUAS zonas e um TOP e apenas uma via guiada.

A classificatória (somente usada para a temporada da copa do mundo) são de cinco (5) linhas de boulder e as semifinais e finais são quatro (4) linhas de boulder. A regra de pontuação de “combinado”será aplicada em todos os campeonatos mundiais e pré-olímpicos.

Resumindo: A pontuação máxima de cada linha de boulder é de 25 pontos, com os (as) atletas ganhando 3 pontos ao garantir a primeira zona (z), depois passarão para 6 pontos se garantirem a segunda zona (Z) e reivindicarão os 25 pontos completos se garantirem o topo (T). Partes desses pontos serão deduzidos para cada queda ao tentar chegar ao topo ou zonas.

Complicado? De maneira simplificada, as regras do IFSC para 2022 estabelecem que:

• Bouldering
  • TOP
    • O (a) atleta que fizer topo (top) em uma linha de boulder na primeira tentativa ganha 25 pontos
    • Na segunda tentativa 24,9
    • Na terceira tentativa 24,8
    • Cada tentativa decresce de 0,1 ponto
    • Somente é contabilizado o número de tentativas se alcançar o topo, caso não chegue é igual a zero.
  • Zonas
    • A primeira zona vale três (3) pontos e a segunda zona vale seis (6) pontos para a primeira tentativa (contabilizados caso o (a) atleta não tenha chegado ao topo).
    • É deduzido 0,1 ponto por tentativa.
    • Somente é contabilizado o número de tentativas se segurar na agarra zona, caso não chegue (mesmo que tente 100 vezes) é igual a zero.

Assim, a pontuação para um (a) atleta é disposta por quatro (4) dígitos:

• Número de tentativas no total (A)
• Número de tentativas até dominar a primeira zona (z)
• Número de tentativas até dominar a segunda zona (Z)
• Número de tentativas até dominar o topo (T)

---

Exemplo 1: Atleta “X” pontuou A7 z2 Z3 T5. Mas o que significa isso?

• 7 tentativas no total
• 2 tentativas para a primeira zona até ser bem-sucedida
• 3 tentativas para a segunda zona até ser bem-sucedida
• 5 tentativas para o topo até ser bem-sucedida

Lembrando que cada top vale 25 pontos: A7 z2 Z3 T5 = 24,6 pontos. Como assim?

• Cinco (5) tentativas para o topo = Quatro (4) tentativas infrutíferas, que custaram 0,4 pontos (25 – 0,4 = 24,6).
• Ao chegar no topo, a pontuação das zonas (Z e z) são descartadas.

---

Exemplo 2: Atleta “Y” pontuou A2 z2 Z0 T0. Mas o que significa isso?

• 2 tentativas no total
• 2 tentativa para a primeira zona até ser bem-sucedida
• 0 tentativa bem-sucedida para a segunda zona até ser bem-sucedida
• 0 tentativa para o topo até ser bem-sucedida

Lembrando que cada zona, caso não chegue à segunda zona, vale 3 pontos, : A2 z2 Z0 T0 = 2,9 pontos. Como assim?

• Duas (2) tentativas até ser bem-sucedida para a primeira zona (que vale 3 pontos). Porém uma (1) tentativa foi infrutífera, o que custou 0,1 ponto (3 – 0,1 = 2,9).
• Somente é computada a pontuação da segunda zona (Z) se o (a) atleta segurar e se manter na agarra.

---

Exemplo 3: Atleta “Z” pontuou A4 z2 Z2 T0. Mas o que significa isso?

• 4 tentativas no total
• 2 tentativas para a primeira zona até ser bem-sucedida
• 2 tentativas bem-sucedida para a segunda zona até ser bem-sucedida
• 0 tentativa para o topo até ser bem-sucedida

Lembrando que cada 2ª zona, caso não chegue ao top, vale 6 pontos, : A4 z2 Z2 T0 = 5,9 pontos. Como assim?

• Duas (2) tentativas até ser bem-sucedida para a 2ª zona (que vale 6 pontos). Porém uma (1) tentativa foi infrutífera, o que custou 0,1 ponto (6 – 0,1 = 5,9).
• Ao chegar na segunda zona, a pontuação da primeira zona é descartada.
• Somente é computada a pontuação do top se o (a) atleta segurar e se manter na agarra.

---

Exemplo 4: Atleta “XPTO” pontuou A10 z0 Z0 T0. Mas o que significa isso?

• 10 tentativas no total
• 0 tentativa para a primeira zona até ser bem-sucedida
• 0 tentativa bem-sucedida para a segunda zona até ser bem-sucedida
• 0 tentativa para o topo até ser bem-sucedida

Lembrando que o (a) atleta caso não chegue à primeira zona: A10 z0 Z0 T0 = 0,00 pontos. Como assim?

• Dez (10) tentativas e nenhuma bem-sucedida para a 1ª zona.
• Somente é computada a pontuação da zona (z) se o (a) atleta segurar e se manter na agarra.

---

Vias guiadas no formato combinado

Nas vias guiadas, 100 pontos são concedidos ao escalador que completar, incluindo a agarra de ancoragem, a via. O objetivo, como deveria ser, é chegar ao topo que vale a pontuação máxima.

Importante lembrar que, segundo o regulamento do IFSC, a altura mínima da parede (do chão até o topo) é de 12 metros (com extensão total mínima de 15 metros) e largura mínima de 3 metros. Não há uma distância predeterminada, especificada em regra, entre as agarras, mas estima-se que cada uma esteja a uns 30 a 60 cm, em média, uma das outras.

Ou seja, em uma via de extensão 15 metros (extensão mínima de uma via) podem haver, em média, 30 agarras. A partir dessa média que o IFSC calculou um valor para cada agarra desde a base até o topo.

De maneira simplificada, as regras do IFSC para 2022 estabelecem que:

• Cada agarra recebe um número em ordem crescente e um determinado valor a partir do topo:
  • Última agarra / agarra do topo (agarra 0): 100 pontos.
  • Agarras 1 a 15 (decrescido valor dos pontos de 5 em 5): 95 a 25 pontos.
  • Agarras 16 a 25 (decrescido valor dos pontos de 2 em 2): 23 a 5 pontos.
  • Agarras 26 a 29 (decrescido valor dos pontos de 1 em 1): 4 a 0 pontos.
  • Agarras maiores que 29: zero (0) ponto.
• O (a) escalador (a) que chegar à penúltima agarra receberá os 95 pontos mais 0,1 se obter um “+” (dominou a penúltima e estava em direção da última).
• Cada agarra dominada pelo (a) escalador no momento que cair corresponde à sua pontuação.