O livro de Jon Krakauer “Na Natureza Selvagem” (“Into The Wild”) publicado em 1996, e posteriormente o filme de Sean Penn de 2007 baseado na obra, criou todo um culto ao personagem Christopher McCandless.
Não há dúvidas que o filme de Sean Penn, o qual foi premiado em diversos festivais de filmes independentes como Gotham Awards, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, além de ter sido indicado para o Oscar de melhor edição e ator coadjuvante, criou todo um culto em torno dos assuntos do filme.
O mais emblemático deles, foi em Abril de 1992, quando McCandless, com então 24 anos, foi de carona até a “Stampede Trail” no Alasca. De acordo com a pesquisa feita pelo escritor Jon Krakauer, Christopher afirmava que estava “em busca de uma vida selvagem”.
Como estava mal equipado, mas com excesso de confiança, negou a oferta de um conhecido que lhe quis comprar equipamentos mais apropriados, além de um abastecimento de comida mais nutritiva. Chegando no seu destino, Christopher McCandless encontra um ônibus escolar abandonado e passa a morar nele.
Após ter sobrevivido mais de 100 dias, morreu após consumir a raiz de uma planta venenosa, a qual o escritor Krakauer supôs que era Hedysarum alpinum. Quando seu corpo foi encontrado em setembro, por um grupo de caçadores de alces, seu corpo já estava em decomposição e pesando apenas 30 kg.
O ônibus atualmente é ponto turístico de quem faz o trekking e se encontra nas coordenadas: 63°52′06.23″ N, 149°46′09.49″ W.
Stampede Trail
A “Stampede Trail” começa como o “Lignite para Kantishna”, uma trilha de mineradores aberta no início do século XX . O objetivo era descobrir ouro na região. Na década de 1930, o minerador Earl Pilgrim usou usou a trilha para acessar suas minerações em Stampede Creek.
Earl foi nomeado capitão da equipe de primeiros socorros de uma mineradora e ficou em primeiro lugar na competição anual de segurança. Pilgrim foi classificado como o segundo mais rápido corredor de longa distância na Conferência da Costa do Pacífico.
Em 1960, a empresa Yutan Construction ganhou um contrato do recem criado estado do Alasca para atualizar a trilha como parte do programa Pioneer Road do Alasca, construindo uma estrada na qual os caminhões poderiam transportar minério durante todo o ano até a ferrovia. A construção foi concluída em 1961 após a construção de 50 km, mas nenhuma ponte foi construída sobre os vários rios que atravessa.
A manutenção do projeto foi interrompida em 1963 e a estrada logo se tornou intransitável pelo derretimento de gelo no solo e inundações sazonais. Desde então, a estrada foi rebatizada de “Stampede Trail” e tem sido usada por praticantes de trekking.
O principal obstáculo da trilha é a travessia do rio Teklanika. Dependendo da época do ano, o exército do estado do Alasca tem de realizar resgates de pessoas que insistem em atravessar o rio, que muda de fluxo muito rapidamente devido ao degelo das montanhas.
A “Stampede Trail” fica localizada no distrito de Denali e, atualmente, o principal acesso à trilha é pela George Parks Highway (Alaska Route 3), inaugurada no início dos anos 1970. A Rodovia George Parks Highway intercepta a trilha no ponto 251.1, duas milhas ao norte do centro de Healy, cidade mais próxima do início da trilha.
Na verdade Healy é mais que uma cidade, mas uma “região censo-designada”, algo parecido como um conjunto de povoados.
A trilha está localizada perto do limite norte do Parque Nacional Denali, em uma pequena parte das propriedades públicas do estado norte-americano do Alasca, que se estende até o parque. O vale conhecido como Stampede Valley ou Stampede Corridor possuindo na maioria das vezes vegetação de tundra rasteira e pequenos córregos.
Para chegar ao “ônibus mágico” (142 Magic Bus), descrição dada pelo próprio Christopher McCandless em seu diário, é necessário caminhar por aproximadamente 50 km (30 milhas). A trilha atualmente recebe tráfego limitado de turismo, pois desde a popularização da trilha por parte do livro e do filme, assim como McCandless, um grande fluxo de praticantes de trekking com pouca, ou nenhuma, experiência se arrisca a fazer a trilha.
A trilha antes era realizada até por carro, mas em 2015, a Alaska Travel Adventures, empresa que operava atividades no local, parou de operar os passeios de Jeep ao longo da trilha devido à deterioração das condições das trilhas e aos frequentes problemas mecânicos. Mas ainda há a opção de fazer o caminho por operadoras e em veículos, pois a empresa Stampede Excursions opera duas excursões diárias ao longo da trilha em caminhões de categoria militar em um passeio chamado de Denali Backcountry Safari.
O ônibus 142
Não resta dúvida de que a grande atração da “Stampede Trail” é chegar ao ônibus que Christopher McCandless faleceu. O veículo modelo Harvester internacional K-5 do ano de 1946, o qual possui o número 142 em destaque na sua carroceria, está abandonado em uma clareira perto do Parque Nacional de Denali.
Era originalmente um dos poucos ônibus usados pela Yutan Construction Company para fornecer transporte para para as acomodações da equipe de construção da cidade de Fairbanks. O veículo trabalhou na estrada (que posteriormente foi desativada) de 1960 a 1961.
O ônibus posteriormente foi adaptado para que os trabalhadores ficassem ali temporariamente. Para isso o motor do ônibus foi removido e colocadas camas e um fogão à lenha. As melhorias ainda permanecem no veículo.
Quando a Stampede Mine cessou as operações na década de 1970, tudo, exceto este ônibus, foi retirado da trilha. Atualmente o ônibus 142 serve de abrigo para caçadores, caçadores e visitantes.
O documentarista britânico Dave Gill, em 2013, visitou o ônibus como parte de um projeto de documentários. De acordo com o britânico, visitantes dispararam tiros contra a carroceria do ônibus e causaram danos consideráveis, resultando em uma deterioração acelerada.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.