Principais habilidades que um praticante de trekking de longa distância deve ter

Foto no topo: Edson Vandeira

Praticar trekking é uma atividade que aparentemente não requer muito conhecimento? Não! A prática de trekking é necessário não somente saber andar, mas também vários outros conhecimentos a respeito de montanhismo, sobrevivência e orientação. Embora não necessite ser um expert em todas as disciplinas, é necessário pelo menos uma boa carga de conhecimento para não passar nenhum apuro.

Por mais bem informado que deva ser uma pessoa, nunca é desnecessário aprender um pouco mais e ter a humildade de saber que sempre há espaço para mais conhecimento. Esta falta de humildade, aliada a um excesso de autoconfiança e imprudência, ocasiona constantemente em resgates de pessoas que se acham mais preparadas do que realmente são. Não é segredo para ninguém que no universo outdoor, há muitas pessoas que acreditam saber mais do que realmente sabem. Este tipo de superioridade ilusório dá-se efeito Dunning-Kruger.

Neste ano de 2018, foi o ano que mais se falou e implementou rotas para trekking de longa distância. O ponto positivo desta implementação de uma nova cultura de trekking, é a disponibilização de um leque de opções que fará com que os praticantes conheçam vários locais do país, com várias realidades distintas. Portanto, é muito importante fazer uma autoanálise antes de pensar em realizar um trekking de longa distância.

Porém, existe uma preocupação de muitos com relação a pessoas despreparadas para realizar um trekking de longa distância. Mais ainda se levar-se em conta que estas pessoas não conseguem mensurar adequadamente suas capacidades técnicas, não somente físicas, para enfrentar um trekking de longa distância. Notadamente existem indivíduos das mais diversas classes sociais (independente de sexo, religião ou naturalidade) que possuem pouco conhecimento sobre um assunto, mas acreditam saber mais que outros mais bem preparados. Esta crença faz com que tomem decisões erradas e cheguem a resultados indevidos. Infelizmente é a sua incompetência que os restringe da habilidade de reconhecer os próprios erros.

Planejar a viagem se seus mantenimentos

Foto: Edson Vandeira

O planejamento de uma viagem, especialmente para um trekking de longo percurso, não é algo simples e corriqueiro. Não é somente colocar tudo na mochila e siar para onde o nariz aponta. Negligenciar a importância de um bom planejamento é simplesmente negligenciar a própria segurança. Qualquer pessoa que planejar realizar um trekking de longa distância deve, obrigatoriamente, não pensar em contar com ninguém no percurso. Seja para obter alimentos, seja para dividir a carga que está carregando.

Portanto, tanto a roupa utilizada (capa de chuva, fleece, meias, roupas de baixo, primeira pele, etc) quanto a alimentação deve ser planejado minuciosamente. Assim como os momentos de parada para se alimentar. Saber que, mesmo que não se sinta fome, deve haver tempo para café da manhã, almoço e jantar. Além disso, o praticante de trekking deve saber de antemão quantas calorias está consumindo e se o que está consumindo é nutritivo ou não.

De nada adianta planejar as refeições se começar a consumir alimentos de baixa qualidade, como biscoitos e carnes enlatadas, deixando de lado frutas, carboidratos e proteínas de qualidade. Portanto, saber um pouco de nutrição e valores nutricionais dos alimentos é fundamental para não ser protagonista de algum resgate ou atendimento emergencial.

Uma outra coisa importante para quem quer encarar um trekking de longa distância é ter em mente que é uma viagem, não uma fuga de um apocalipse zumbi. Portanto, ser minimalista e não ser exagerado é essencial. Quando mais pesada a mochila for, mais penosa (e pouco prazerosa) será o trekking. Portanto saber preparar a mochila com os itens essenciais é qualidade de qualquer bom praticante de trekking, seja ele longo ou curto.

Saber estudar a meteorologia para prever como será o tempo e clima por onde irá passar é imprescindível. Como um trekking de longa distância leva vários dias, às vezes semanas, a previsão do tempo ajuda a saber que tipo de roupa irá usar e que tipo de comida deverá consumir também. Pois realizar um trekking em longa distância com tempo ruim, é muito diferente do que com o tempo bom.

Saber o básico de orientação

Atualmente, todo praticante de trekking possui um aparelho de GPS. Até mesmo o smartphone pode ser usado como aparelho de GPS em rotas básicas. Mas é essencial que além de saber usar o aparelho, é imprescindível também saber um básico de orientação. Entenda como básico de orientação saber usar uma bússola, ler mapas cartográficos, orientar-se pelas estrelas, improvisar um relógio de sol, entre outras técnicas.

Não que saber orientação seja imprescindível, mas é um conhecimento que é muito útil, especialmente em lugares que possa estar muito longe de casa, sem bateria em GPS e, ainda assim, necessitar de chegar a algum lugar.

Ritmo e cadência

Foto: http://guialapinhadaserra.com.br

Algumas pessoas encaram o trekking como uma espécie de corrida. De fato algumas pessoas correm em trilhas de longa distância para estabelecer alguns recordes. Estas são uma porcentagem tão pequena, sequer chegando a 1% do total, que não podem ser adotadas como parte da regra. Estas pessoas realizam esta corrida com equipamento mínimo, para literalmente correr, o que é bem diferente de um trekking. As duas atividades possuem o seu valor.

Mas estar com uma mochila de trekking e querer fazer o mesmo que um trail runner faz é imprudência com o próprio corpo. Cada pessoa possui um ritmo e resistência e isso deve ser respeitado. Como o percurso é longo, o praticante de trekking deve encarar como uma espécie de reflexão, não como uma competição. Acreditar que é “melhor” ou “mais macho” porque passa a todos em um trekking, é uma visão deturpara do que é a atividade.

Portanto, para ter ritmo e cadência em um trekking de longa distância, invista pesado em botas de qualidade. Quando for iniciar, preferencialmente utilize botas que foram recentemente compradas e devidamente amaciadas. Evite aquelas botas que estão perto de se aposentar. Como o percurso é longo, elas serão exigidas ao máximo. A qualidade das botas irá influenciar diretamente na cadência de um praticante de trekking?

Mas para o trekking existe uma cadência? Sim, existe! Cadência é a quantidade de passos por minuto. Poucos passos largos têm uma cadência baixa e vários passos curtos têm uma cadência alta. Portanto, a qualidade da bota, além do peso da mochila, é que vai determinar como o seu joelho e quadril irá suportar o seu trekking de longa distância. O principal erro, sobretudo em iniciantes, é aplicar uma velocidade que não é correspondente ao que o corpo foi treinado. O melhor é aumentar a velocidade de forma gradativa e uniforme, conforme a sua percepção de esforço

Equipamento adequado

Foto: Luciano Zandona

O melhor amigo de qualquer praticante de trekking é seu equipamento. Portanto, por mais óbvio que possa parecer, o mais inteligente para qualquer trekking é utilizar o equipamento adequado. Repare que existe uma grande diferença entre “melhor” equipamento e o “mais adequado”. Portanto, saber escolher e ponderar entre custo e o uso final de um equipamento é fundamental para uma escolha correta e inteligente.

Portanto, no momento de escolher mochilas, calçados, sacos de dormir, barracas, indumentaria, eletrônicos, ferramentas, etc, verifique onde elas serão utilizadas e se realmente serão necessárias. Por exemplo, para um trekking que não irá enfrentar frio intenso com neve, ter uma jaqueta com forramento em penas de ganso pode ser desnecessário. Portanto saber o uso de cada equipamento, assim como os motivos que fazem cada centavo do custo dele, é essencial para saber em que investir.

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