Travessia da Serra Fina: Relato de Viagem – Parte III

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4º Dia: Pico dos Três Estados até o Sítio do Pierre na BR354

Na noite passada comemos lentilha e feijão pré-cozidos, pois estávamos com pouca água para cozinhar uma massa, por exemplo.

Pão e Salame fizeram o complemento do Jantar. Na noite anterior após o jantar, ficamos jogando um pouco de conversa fora e apreciando o visual noturno com às luzes de Resende no RJ, Itamonte em MG e outras cidades.

SerraFinaIII_1Novamente acordamos bem cedo.

O nascer do sol no topo do Pico dos Três Estados também foi belíssimo. O sol nasceu na silhueta do Pico das Agulhas Negras (foto ao lado).

Tomamos nosso café, recolhemos o acampamento e partimos para o último dia de travessia.

Importante lembrar que no Topo do Pico dos Três Estados há um marco que representa a tríplice fronteira entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, num ponto específico havia um tótem de metal em formato de triângulo com a descrição dos nomes dos três estados, encontramos também restos de um mastro que certamente fazia parte do cenário algum tempo atrás.

Neste local, infelizmente, encontramos alguns rastros do animal homem, havia vários sacos de lixo deixados debaixo de um arbusto. Recolhemos aquilo que era possível e partimos.

Nosso objetivo do dia era o Sítio do Pierre na BR 354 próximo a cidade de Itamonte em Minas Gerais. Neste dia começamos a fazer o trajeto antes da 7 da matina, pensamos que seria melhor iniciar mais cedo para chegar ao final próximo ao meio dia.

Fizemos a coisa certa pois neste dia o Sol estava muito forte e o calor intenso.

O trajeto é belíssimo também, vai ficando pra trás o Pico dos Três estados e seguimos até o Alto dos Ivos, o último dos pontos altos da travessia.

A subida até o Alto dos Ivos é forte também, e nosso suprimento de água estava bastante racionado, fizemos a divisão da água ao sair do acampamento e tomamos todo cuidado para não exagerar no consumo.

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Sabíamos que haveria outro ponto de água antes do final, mas não sabíamos exatamente onde era, então, a ordem era economizar para não ficar sem água durante a descida. Do alto do Pico dos Três Estados e do Alto dos Ivos era possível visualizar ao Norte a Pedra do Picú (Itamonte/MG) no alto da montanha com o formato de uma “barbatana de tubarão” facilmente identificada, este é o ponto de referência até o final da descida.

SerraFinaIII_3Novamente a descida íngreme se fez presente no último dia, no Alto dos Ivos um vento forte e gelado amenizava o calor do sol, longos quilômetros de descida estavam à nossa frente, logicamente em algum momento teríamos que descer tudo que subimos no primeiro dia.

A trilha após a descida tinha várias bifurcações, era fácil se perder, em vários momentos tivemos que recorrer ao GPS para seguir na direção correta, mas deu tudo certo.

Após encontrar a trilha na mata, foi fácil seguir por ela costeando a montanha do espigão.

Numa curva antes do final da trilha encontramos a esperada fonte de água marcada no GPS pelo Korb como “água fraca”, foi uma alegria só, enchemos os cantis e bebemos à vontade. Seguimos pela trilha até um ponto onde há uma estrada conhecida como estrada do Mirante.

Neste ponto pegamos à esquerda e seguimos pela estrada até o Sítio do Pierre.

Uma descida longa e íngreme em alguns pontos.

Ao chegar na BR vimos o nosso carro resgate que havia sido contatado por telefone lá do Alto dos Ivos, uma grande alegria nos contagiou por conseguir chegar e pelo desafio superado.

Foram 4 dias de muita parceria e visuais inesquecíveis na Travessia da Serra Fina.

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CONCLUSÃO

Uma aventura sensacional que superou todas nossas expectativas! Foi perceptível para todos o quanto é importante a preparação dos equipamentos, carga e suprimentos, o quanto é importante controlar o uso da água numa região de escassez, o quanto é importante controlar o tempo e fazer um planejamento de todas as variáveis, considerando é claro, que não é possível prever tudo, mas é possível se preparar bem.

A satisfação do desafio superado é o melhor dos sentimentos.

Não foi fácil, muitos obstáculos, dificuldades, frio, calor, mas o tempo foi nosso amigo e fizemos a travessia em 4 dias perfeitos.

Novamente fica a recomendação de que a travessia não é indicada para pessoas sem experiência ou preparo físico adequados.

Sem às devidas condições e muito preparo os riscos da travessia são inúmeros e considerando o isolamento e o difícil relevo da região um resgate poderia levar dias.

Felizmente não pegamos neblina ou tempo fechado, mas é importante dizer que a navegação em dias nessas condições de tempo e de pouca visibilidade se torna extremamente difícil e complexa, portanto, recomenda-se ir com um guia que conheça bem a região ou alguém que tenha ótimas noções de orientação.

Meu objetivo com este relato não é fornecer um “passo a passo” sobre a travessia muito menos induzir ou motivar às pessoas à fazê-la, mas sim, apresentar nossa experiência nos 4 dias de travessia, às principais características e informações importantes e úteis acerca da mesma.

Quero deixar registrado também meu agradecimento especial aos Grandes Amigos Paulo e Samuel pela parceria, disposição, bom humor, confiança e superação durante os 4 dias na Serra Fina.

Foram 47 km de travessia divididos em 4 dias saindo da Cidade de Passa Quatro em Minas Gerais até a BR 354 no Sítio do Pierre, local também conhecido como Garganta do Registro.

Foram 4 dias que certamente vão ficar em nossa memória para sempre e o orgulho de estar entre um grupo seleto de aventureiros que conseguiram realizar a Travessia da Serra Fina na Serra da Mantiqueira.

IndiadaBuena

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