Travessia da Serra Fina: Relato de Viagem – Parte II

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A seguir vou descrever nossa experiência dia a dia na Travessia da Serra Fina e saliento novamente a importância de planejar, planejar e planejar tudo, cercando-se de todas as informações possíveis antes de iniciar a aventura.

1º Dia: Toca do Lobo até o Alto do Capim Amarelo

Serra_Fina1Nossa expectativa era grande. Antes de partir, além de toda informação que já tínhamos em nosso planejamento, pegamos ainda várias dicas muito importantes com o Amigo Rodolfo Guedes do Hostel Harpia (Passa Quatro, MG) e com o nosso “motora do jipe” Thomás.

Acordamos cedo, revisamos todo equipamento, tomamos aquele cafezão e partimos de jipe para a toca do lobo, o ponto de partida da travessia.

A subida do estradão com o 4 x 4 já disparou uma boa dose de adrenalina, grande parte da estrada até a toca do lobo pode ser feita de carro, porém, após a primeira porteira o acesso só é possível com veículo traçado ou seguindo a pé a partir daquele ponto.

Ao lado a nossa primeira foto da travessia na Toca do Lobo.

Serra_Fina2Já no início da aventura o visual é um espetáculo, logo na primeira subida já é possível visualizar as cidades de Cruzeiro e Cachoeira Paulista, a Sudoeste.

Também é possível visualizar vários trechos da Via Dutra.

No começo da pernada a trilha é bastante visível e a cada subida conseguimos visualizar o trecho percorrido e o próximo trecho a percorrer.

A subida íngreme é a principal característica.

Até o Topo do Capim Amarelo há no mínimo 5 pontos que oferecem boas condições de acampamento.

Outra peculiaridade da subida do primeiro dia é que em grande parte do trecho é possível visualizar o Topo do Capim Amarelo.

Os trechos são bastante variados, alternando entre trilhas na Crista as Montanhas, um longo trecho caminhando dentre o capim alto e no final, um trecho de trilha entre árvores e taquareiras.

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A chegada próximo ao Topo do Capim amarelo é sensacional.

Logo após o final da trilha da subida pelo mato já temos um panorama geral da Serra da Mantiqueira e conseguimos visualizar a imponente Pedra da Mina à Leste, nosso objetivo do próximo dia.

Após o visual da Foto ao lado, ainda há mais um trecho de subida para alcançar o Topo final do Capim Amarelo, mais alguns minutos e estaremos lá.Serra_Fina4

O Topo do Capim Amarelo é incrível, as touceiras de capim alto atingem até 2 metros de altura e existem vários locais para montar acampamento.

O local forma uma pequeno labirinto através do capim e outro aspecto interessante é que o Capim Alto oferece uma ótima proteção contra o vento.
Após o fim da subida a ordem é montar acampamento e, se o tempo estiver bom, esperar o espetáculo do Por do Sol a 2.570 metros de altura.

Já no primeiro dia contamos com esse magnífico visual lá do alto do Capim.

A gente não parava de fotografar, uma foto melhor que a outra.

Não tem jeito, é assim mesmo considerando que o por do Sol dura somente alguns minutos, então, aproveitamos ao máximo.

Interessante aqui é fazer fotos utilizando o recurso de sombras, fica muito legal.

O final do primeiro dia de Serra Fina foi assim, em seguida, preparamos uma massa miojo para repor a energias, ficamos jogando um pouco de conversa fora e partimos pro sono.

2º Dia: Capim Amarelo até a Pedra da Mina

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Na Serra Fina é assim, você dorme cedo e acorda mais cedo ainda.

No segundo dia acordamos pouco antes das 6 horas, esquentamos nosso café e contemplamos o nascer do Sol que naquele dia, apareceu bem atrás da Pedra da Mina.

A noite não foi muito fria, mas o dia amanheceu gelado. Tiramos mais algumas fotos do nascer do sol e preparamos as coisas para botar o pé na trilha novamente.

A descida do Capim Amarelo é difícil, longa e bastante íngreme, requer bastante cuidado porque as folhas secas que ficam na trilha tornam o terreno escorregadio.

Na descida é perceptível que uma mochila bem organizada e no máximo na largura do corpo faz a diferença, pois em alguns trechos a trilha é bastante estreita e se não for assim a carga vai “enroscando” e “prendendo” por todos os lados.

Serra_Fina6A Foto ao lado mostra o nascer do sol no Alto do Capim Amarelo comigo na sombra apontando para o Topo da Pedra da Mina.

Partimos para o segundo dia de travessia seguindo pelo trajeto marcado no GPS.

O segundo dia é considerado o mais “duro” da travessia, apesar da pouca diferença de altitude do Alto do Capim Amarelo e da Pedra da Mina, as grandes variações do trajeto são o maior obstáculo, muitas descidas e subidas, capim alto, trilha escorregadia, pedras na trilha, sol forte à frente, e o terreno muito acidentado.

Em grande parte do trajeto é possível visualizar a Pedra da Mina, nosso objetivo do dia.

Seguimos pela trilha de subidas e descidas e nos deparamos com a primeira escalaminhada da travessia, um trecho depois da descida do Capim Amarelo e após atravessar uma trilha na Mata, neste trecho é preciso tomar muito cuidado, pois o peso da mochila acaba nos puxando para trás e como a subida tem alto grau de inclinação, uma queda neste trecho rolando morro abaixo poderia gerar ferimentos graves.

Então, aqui todo cuidado é pouco.

Serra_Fina7Paramos para almoçar um pouco antes da subida da Pedra da Mina já na expectativa de encontrar água logo à frente para nos reabastecer.

Após o almoço continuamos no trajeto rumo à Pedra da Mina.

Na foto ao lado o visual de um trecho de capim que é preciso atravessar a caminho da Pedra da Mina. Além deste ponto, há no mínimo outros 5 trechos de capim alto bastante parecidos.

Chegando próximo à base da Grande Montanha reabastecemos nossa água num riacho que fica à direita da trilha e iniciamos a forte subida.

Após a subida da Pedra da Mina a ordem é aguardar outra vez o por do sol, só que agora a 2.798 metros de altitude, se o tempo estiver bom o espetáculo é garantido (Foto ao Lado).

Após o por do sol o vento gelado tomou conta do ambiente, nossa sorte ter encontrado local para o acampamento na baixada da montanha no lado Sul, isso amenizou um pouco os efeitos do vento gelado.

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Neste dia fizemos o esperado arroz com linguiça e para dar um toque especial na receita, misturamos uma dose de milho com ervilha que o Paulo levou.

Ficou Muito Bom! Após a fartura do jantar e devido ao frio intenso, optamos por ir descansar mais cedo, assim, logo após às 19 horas nós já estávamos dentro das barracas.

Boa Noite Gurizada!

3º Dia: Pedra da Mina até o Pico dos Três Estados

O frio pode complicar as coisas.

A dica é: vá bem preparado para o frio intenso em qualquer época do ano.

Neste dia acordamos cedo, o vento lá fora continuava gelado, preparamos um café bem quente com leite condensado que é extremamente doce e faz o papel da mistura que seria com leite em pó, além disso, essa mistura é bastante calórica e energética.

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E o vento gelado soprava forte, há relatos que no inverno as temperaturas no alto da Pedra da Mina podem atingir até -10° centígrados.

Tiramos mais algumas fotos do nascer do sol que aliás, foi novamente espetacular (dessa vez o nascer do sol foi atrás do Pico das Agulhas Negras no Parque Nacional do Itatiaia/RJ), fomos assinar o livro que fica numa caixa de metal fixado numa pedra no ponto mais alto, tiramos fotos lá também e partimos para o terceiro dia de travessia.

Serra_Fina10A descida da Pedra da Mina é uma caminhada íngreme sobre a rocha, é preciso ter cuidado na descida, em primeiro lugar pelo terreno que é muito acidentado e em segundo lugar porque os primeiros movimentos do dia ainda não são os mais eficientes.

Neste momento o estoque de água já está ficando num nível perigoso, é preciso reabastecer, mas o próximo destino é o vale do Ruah e na travessia deste trecho certamente encontraremos água.

Na descida da Pedra da Mina é possível ter um panorama geral de todo vale do Ruah, visto lá de cima parece um enorme gramado.

Grande ilusão de ótica.

Ao chegar no vale do Ruah nos deparemos com toceiras de capim de mais de 2 metros de altura onde é preciso muito cuidado ao atravessar, pois em muitos pontos a trilha simplesmente desaparece e existem buracos onde a gente também desaparece no meio do capim, sem falar que os movimentos não devem ser muito bruscos nesse trecho, pois o capim também é cortante.

Bem no meio da travessia do Vale do Ruah encontramos a tão esperada água, um riacho que passa pelo meio das touceiras com água muito limpa e gelada.

Obviamente que neste ponto enchemos todos os reservatórios de água possíveis e enchemos também nossa “pança” com muita água, afinal, esse tipo de fartura na travessia da Serra Fina deve ser muito bem aproveitado.

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O trajeto do Vale do Ruah é um dos pontos altos da travessia, caminhamos por cerca de 1,5 horas por entre aquele capinzal alto, uma doidêra total, o Paulo fez uma filmagem de cerca de 15 minutos com a GoPro para tentar mostrar o nível de dificuldade do trecho.

Ali é muito fácil se perder e ficar andando em círculos, é preciso muita atenção e olhar no horizonte para continuar seguindo na trilha certa. A dica é ir de encontro ao Riacho que atravessa o vale e seguir pelas margens do mesmo até uma pequena montanha que fica à direita do riacho sentido Leste, ao subir nessa montanha pela trilha é possível visualizar todo vale do Ruah e a Pedra da Mina que ficaram pra trás.

Serra_Fina12Seguimos rumo ao Pico dos Três Estados, objetivo do dia, a caminhada segue pela Crista das montanhas logo após sair do Vale do Ruah.

A Montanha à direita do Pico dos Três Estados é conhecida como Cupim de Boi pelo seu formato, é pra lá que nós vamos.

A subida do Pico dos Três estados também é íngreme mas mais curta em relação à Pedra da Mina, subimos tranquilamente.

Do Pico dos Três Estados conseguimos ver todo trajeto feito naquele dia e o Pico das Agulhas Negras logo atrás, à Leste.

O melhor por do sol de todos os dias de travessia estava à nossa espera.

Foi Sensacional!

IndiadaBuena

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