Como a The North Face compete com a Patagonia (e vice versa)

Existe uma pergunta longeva no universo outdoor. Quem é melhor: The North Face ou Patagonia?

Rivalidade é a condição que têm aqueles que são rivais, ou seja, é a concorrência de pessoas, equipes, países e empresas, que pretendem a mesma coisa. Sendo assim, existe competição entre as partes envolvidas com o mesmo intuito, seja em ganhar um campeonato ou em estabelecer-se no mercado como líder ou referência no segmento.

Pessoas que possuem visões simplistas a respeito do mundo dos negócios, as palavras “rival” e “concorrente” são usadas de forma confusa. Existem diferenças claras entre as duas e na relação de pessoas e empresas. Portanto, usando uma metáfora para apresentar a diferença entre as duas palavras, a concorrência é o motor do desempenho, a rivalidade é o seu “afrodisíaco”.

Faz parte do processo de maturidade de qualquer empresa saber diferenciar concorrência de rivalidade. Mas existe rivalidade entre empresas de equipamentos outdoor?

Sim, como todo ramo de negócios, existe rivalidade entre empresas, na qual uma quer se tornar referência do púbico e mídia. Cada uma à sua maneira, com suas táticas comerciais de pesquisa em inovações e de investimentos em mídia.

Marca outdoor que investe em streetwear

Resumidamente, o streetwear é um estilo que representa a essência urbana e cultural de cada comunidade ou tribo ao redor do mundo, através de roupas e acessórios. Ou seja, é quase o oposto do que uma marca de esportes outdoor explora.

Até mesmo a indústria da moda tem dificuldade em identificar exatamente o que se qualifica como estilo streetwear. Isso porque ela tem uma ampla gama de influências, incluindo a cultura do skate e do surf, música hip-hop , esportes, moda de alta costura e K-Pop. Sua base de clientes é igualmente diversificada, abrangendo todos os níveis de renda, status socioeconômico e cantos do globo.

Mas, filosoficamente falando, o streetwear, assim como o outdoor, também está ligado ao comportamento, mentalidade e estilo de vida. O segmento é uma das áreas de mais rápido crescimento e mais poderosas da indústria da moda.

Entretanto, streetwear é muito mais do que o uso generalizado de roupas casuais. Por trás das camisetas superfaturadas, das longas filas nos lançamentos de tênis e dos logotipos de grife colocados em literalmente tudo o que se possa imaginar, há muito mais do que aparenta.

Graças à popularidade mundial de bandas de K-Pop como BTS e Blackpink, o streetwear está expandindo seu gosto musical. No entanto, a The North Face abriu os olhos por um outro fenômeno: a urbanização em massa.

Assim, a The North Face tem colaborado “silenciosamente” com marcas de streetwear há uma década, trabalhando em três lançamentos por ano. Para firmar um status de definição de tendências para o streetware, a The North Face lançou uma série de colaborações de luxo.

Somente em 2020, a marca tem colaborações programadas com marcas de streetwear, incluindo Supreme, Brain Dead e Extra Butter. A marca também acaba de anunciar uma próxima colaboração com a Gucci.

The North Face e sua obsessão por inovação

Ambas empresas, Patagonia e The North Face, visam o lucro para sobreviver no mercado. Qualquer um que pense diferente disso está equivocado. O capitalismo é isso: um sistema econômico que visa ao lucro e à acumulação das riquezas.

Nenhuma marca se torna um nome famoso (ou algo próximo a isso) sem alguma inovação inteligente. A The North Face e a Patagonia certamente não são exceção a essa regra. Dito isto, a abordagem que essas marcas adotam a esse respeito difere em alguns pontos importantes (com a Patagonia se concentrando mais na sustentabilidade) e a The North Face no desempenho.

Quando se trata de inovação técnica, The North Face é bastante difícil de vencer, pois a marca coloca um enorme esforço em pesquisa e desenvolvimento e novas tecnologias, e é provavelmente por isso que eles são elogiados por quem pratica algum esporte de natureza.

Portanto, para analisar a rivalidade entre as duas empresas temos de primeiro observar o panorama existente da indústria outdoor. O marcado de indumentária outdoor global mercado é de US$ 12 bilhões (R$ 64,898 bilhões).

Com mais de 50 anos de idade, a The North Face tem competido nesse nicho de mercado, equipando escaladores, montanhistas e escaladores. A marca, fundada na cidade de San Francisco em 1966 pelos amigos escaladores Doug Tompkins e Kenneth “Hap” Klopp, espera em 2022 se tornar o grande player do mercado de streetwear com ganhos de US$ 5 bilhões.

Na verdade, a The North Face expandiu-se para o mundo do esqui e, no final da década de 1980, tornou-se o único fornecedor norte-americano de uma coleção completa de equipamentos de esqui, sacos de dormir , mochilas e barracas. Foi também nesse ponto que a marca começou a se destacar como uma empresa impulsionada pela inovação.

Atualmente a The North Face é vista como uma das principais criadoras de tendências do setor outdoor. Uma fama que não parece mudará tão cedo, mesmo com a marca se aprofundando em áreas anteriormente inexploradas, como o mundo do streetwear. O investimento nessa segmento é uma estratégia para aumentar os lucros, não o abandono de sua essência.

A marca assume também compromissos de sustentabilidade e os consumidores procuram se conectar com marcas que falam dessas tendências particulares. Isso porque quando falamos de esportes outdoor as marcas estão todas focadas em apresentar um verdadeiro atleta vestindo seus produtos.

No último trimestre de 2021, a The North Face teve receita de US$ 883 milhões (31% maior do que no ano anterior). Assim, a sustentabilidade é uma estratégia com o seu público, porque todos os anos, 85% dos têxteis produzidos, incluindo roupas, calçados e equipamentos acabam em aterros sanitários.

Então, a The North Face tem de enfrentar a rival da Patagonia, que é conhecida por usar a sustentabilidade e proteção ambiental como princípios, também nessa área. A The North Face historicamente não era tão transparente ou explícita sobre o ativismo ambiental quanto a Patagônia.

Patagonia e sua obsessão por sustentabilidade

Como mencionado em um artigo biográfico na Revista Blog de Escalada, a Patagonia nasceu da inovação (primeiro com equipamentos focado em escalada feito pela marca precursora Chouinard Equipment), mas também com os tecidos e tecnologias utilizados no vestuário e equipamentos outdoor da marca.

Isso começou com a introdução por parte da Patagonia de materiais inovadores até então inéditos no universo outdoor como o uso de propileno como uma alternativa não absorvente de umidade ao algodão para roupas íntimas longas e a introdução da ideia de camadas (sim, a Patagonia que estabeleceu essa ideia, mas não a inventou).

Enquanto a Patagonia continua a tentar incorporar os melhores e mais recentes tecidos em suas roupas, também coloca um foco maior na utilização de materiais reciclados: lã, caxemira, algodão, redes de pesca, nylon, poliéster, elastano e muito mais. Embora esses materiais sejam amplamente utilizados em suas formas não recicladas em todo o universo outdoor.

Claro, isso não é tudo o que a Patagonia tem a oferecer em termos de inovação. Eles também têm várias tecnologias proprietárias e tecidos não disponíveis em outros lugares. Isso inclui coisas como REFIBRA lyocell, um material criado em conjunto com o fabricante austríaco Lenzing e feito de madeira e fibras de algodão recicladas.

A marca também utiliza uma borracha natural chamada Yulex, como alternativa ao neoprene (que é menos sustentável) para roupas de mergulho. Muitos dos esforços de inovação da Patagonia estão focados na criação de equipamentos funcionais que também são bons para o planeta.

Em geral, os produtos da Patagonia tendem a custar mais do que os equivalentes da The North Face. Este fato pode ser constatado em algumas comparações de produtos. Geralmente é porque a Patagonia vai além com a qualidade de seus materiais e produção.

North Face versus Patagonia

Resumidamente, responsabilidade diz respeito à condição ou qualidade de alguém em ser responsável. É pressuposto que esse ser responsável tenha capacidade de consciência quanto aos atos que pratica voluntariamente, ou seja, que consiga saber antes de agir as consequências de sua vontade. Parece um conceito intangível já que no mundo atual até mesmo as pessoas que administram o país, não possui esse pressuposto.

Não custa lembrar que é responsabilidade de cada indivíduo que desfruta da natureza cuidar dela para as gerações futuras. Mas isso não começa ou termina com o usuário final (o consumidor). O maior impacto pode ser (e é) causado pelas marcas que produzem equipamentos que permitem que as pessoas pratiquem atividades outdoor.

A partir do século XXI, a Patagonia é o concorrente mais próximo da The North Face no mercado. Enquanto a Patagonia tem lucros anuais na casa centenas de milhões de dólares, os da The North Face estão na casa dos bilhões.

Como dois dos nomes que as pessoas mais procuram são Patagonia e The North Face, ambas empresas tomaram suas próprias posições sobre sustentabilidade, ambientalismo e conservação, sobre as quais é preciso destacar.

  • Lutar pelo nosso planeta está embutido no DNA da Patagonia, desenvolvendo tecnologias que fossem mais amigáveis ​​aos ambientes em que foram usadas. E isso foi apenas o começo das coisas. Ao longo do tempo, a Patagonia continuou a dedicar tempo e mão de obra para lutar pelas causas. Dentre as lutas que a Patagonia assumiu incluem a promoção do gerenciamento de terras por indígenas, luta para impedir a construção de oleodutos extremamente prejudiciais chegando ao ponto de processar o ex-presidente Donald Trump por cortar as terras protegidas. Lutar pelo bem do mundo é apenas algo que a Patagonia faz.
  • A abordagem do ativismo ambiental é um dos domínios em que The North Face difere bastante significativamente da Patagonia. A The North Face passou a maior parte de seu tempo ao longo de sua existência concentrando-se muito mais na inovação de produtos do que em causas justas. Isso não quer dizer que estavam despejando produtos químicos no abastecimento de água. Quer dizer, na verdade, que a marca não fez do ativismo ambiental uma prioridade (pelo menos não no início). Nos últimos anos, as coisas mudaram drasticamente, pois a marca se comprometeu a mudar 100% dos materiais usados ​​na construção de seus equipamentos para aqueles que são de origem responsável até 2025 e os calçados até 2030. A marca está até reformulando todas as suas embalagens para eliminar os plásticos descartáveis ​​até 2025. Como mencionado, sustentabilidade e ambientalismo nem sempre estiveram no topo da lista de prioridades da The North Face, mas a marca fez avanços significativos nessa direção.

Realisticamente, esses dois gigantes da indústria de equipamentos outdoor estão, na maioria das vezes, em pé de igualdade (não muito diferentes dos rivais Nike e Adidas). A melhor opção ao consumidor é provavelmente analisar os produtos caso a caso, colocando peças específicas de equipamento umas contra as outras para comparação, em vez de somente optar por uma ou outra marca.

Há destaques aqui e ali, como o fato de que a Patagonia tem uma vantagem significativa quando se trata de seu ambientalismo ou que The North Face oferece algumas categorias de equipamentos (ou seja, barracas e sacos de dormir) que a Patagonia simplesmente não oferece. Não há um vencedor claro.

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