Livro da Semana: "The Beckoning Silence"

Peça a qualquer montanhista que cite alguns livros que considera obrigatório para ler e um deles, sem sombra de dúvida, será o clássico “Tocando o Vazio” (Touching the Void) o qual foi traduzido para 23 línguas e vendeu 500.000 cópias em todo o mundo. Pelo sucesso de sua obra, o autor Joe Simpson passou a ser respeitado e admirado não somente pela comunidade de montanha, mas também por críticos de literatura.

Não que Simpson vá ganhar um nobel de literatura com suas obras sobre aventuras na montanha, mas terá seus textos consumidos por um público não exclusivamente de escaladores.

Foto: Clara Molden | http://www.telegraph.co.uk

No livro “The Beckoning Silence” conta a história real de quatro montanhistas alemães (Andreas Hinterstoisser, Toni Kurz, Willy Angerer e Edi Rainer) que morreram na tentativa de escalar a face norte do Eiger. A fatalidade foi ocasionada por severas condições climáticas durante a retirada do Death Bivac.

A obra também marca a despedida de Joe Simpson em escalada de alta dificuldade, deixando bem claro que a filosofia de “quanto pior melhor” já não combinava com ele. Pela qualidade do livro também tornou-se um filme (assim como o “tocando o silencio), mas sem ser apresentado em forma de documentário.

“The Beckoning Silence” é, acima de tudo, um retrato muito bem reconstruído do alpinismo à época, e das dificuldades enfrentadas por pessoas que arriscavam suas vidas com poucas informações. Atualmente os métodos de previsão de tempo são muito desenvolvidos, fazendo parte importante da logística de qualquer escalada ou expedição.

Algumas passagens descritas por Joe Simpson é quase agoniante consumir as linhas do autor e verificar que os alpinistas à época eram muito mais motivados por um senso de aventura muito aguçado. Simpson deixa subentendido que pode ser que até mesmo eram desprovidos de sanidade mental.

Ilustrando uma época considerada a “era de ouro” do alpinismo, “The Beckoning Silence” é um livro intenso e, ao mesmo tempo cativante. Não há uma preocupação de criar um ambiente aventureiro com exploração barata do risco de vida de uma escalada, como as televisões fazem de maneira cafona nos dias atuais. O ponto forte é que tudo é escrito e pesquisado por um montanhista de verdade e, felizmente, não por um autor interessado em divulgar uma história que nem mesmo ele entende as motivações.