Já é sabido pela ciência que um nó em uma corda diminui a resistência dela. Mas quanto de fato diminui e com qual nó isso acontece?
Para saber isso foram realizados vários testes em laboratórios. Os testes foram realizados utilizando tração lenta e demonstram a resistência residual, ou seja, depois de feito o nó quanto diminui a resistência da corda. Portanto se os testes deram como 70% a 75% a resistência residual, significa que o nó testado diminuiu em 30% ou 25% quanto a corda resiste.
Vale um lembrete de segurança. Todo nó deve estar bem feito sem “encavalamentos”. Pois se estiver mal feito irá produzir um atrito entre os elos e diminuirá ainda mais a resistência da corda. Ou seja, a corda irá estourar onde estiver encavalado. Portanto quando pedimos para as pessoas arrumarem o nó não é só frescura ou questão de estética.
Deve ser deixado no mínimo 10 cm de sobra nas pontas.
Iremos apresentar alguns estudos sobre o assunto.
Atenção!
Para facilitar o entendimento, todos os nós devem seguir algumas premissas:
- Devem ser de fácil execução em todas as circunstâncias e condições
- Devem permitir serem desfeitos facilmente mesmo depois de colocado em tração ou com a corda molhada
- Não podem soltar espontaneamente
Para dominar o trabalho com nós é preciso conhecer perfeitamente sua execução e a correta aplicação. Também é necessário ter consciência e conhecimento do seu mecanismo de funcionamento.
Isso só é possível treinando constantemente e efetuá-lo periodicamente para não esquecer. Somente a repetição trará o aprendizado.
Nó Oito
Um dos nós mais utilizados e normalmente o primeiro que se aprende, devem ser tomados alguns cuidados como não deixar sua alça muito grande e nem muito pequena.
O nó oito também é conhecido com as seguintes nomenclaturas: Nó em oito simples, volta do Fiador, nó de fiador e nó de trempe.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual entre 70 – 75% |
B | Resistência residual >90% |
C | Resistência residual entre 55% |
Balso pelo seio (Bulino)
Lais de guia guiado (também conhecido como Balso pelo Seio ou bulino na Itália) é muito utilizado na Europa para diversos usos no alpinismo, fácil de ser feito pode ser usado tanto a ponta da corda como o meio para a conserva também pode ser usado para confeccionar um talabarte com fitas.
Muito fácil de soltar mesmo após tracionado com diversas quedas ou com a corda molhada, mais seguro que o Oito Guiado já que passam duas alças pela cadeirinha. Deve ser finalizado com um pescador na ponta que sobra.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual entre 70 – 75% |
B | Resistência residual >90% |
C | Resistência residual próximo a 55% |
Simples
Deve ser usado para unir cordas do mesmo diâmetro quando existe a necessidade de puxá-lo por algum obstáculo de maneira que a corda não trave.
Deve-se ter atenção de deixar uma sobra de pelo menos 10 vezes seu diâmetro para que quando tracionado não solte sozinho.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual próximo a 65% |
B | Resistência residual próximo a 85% |
C | Resistência residual próximo a 50% |
Orelha de coelho
O mesmo nó oito duplo com uma volta da alça passando por todo o nó, serve para fazer duas alças separadas na corda o que é utilizado quando necessário realizar a ancoragem com a própria corda da via, pode ser inclusive equalizado controlando o tamanho das alças que podem ser diferentes uma da outra.
Fácil desfazer mesmo após tracionado ou com a corda molhada.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual próximo a 75% |
B | Resistência residual >90% |
C | Resistência residual próximo a 85% |
Borboleta alpina
Utilizado quando é preciso de uma alça na corda já na vertical e para isolar algum pedaço da corda ou qual esteja com sua integridade comprometida.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual próximo a 70% |
B | Resistência residual >85% |
C | Resistência residual 65% |
Pescador duplo
O pescador dever ser utilizado para toda a ponta da corda a fim de ser retido na mão do alpinista caso não perceba que a corda chegou ao fim.
No caso do duplo é um dos mais utilizados para unir duas cordas do mesmo diâmetro porém após tracionado é difícil desfazê-lo.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual próximo a 70% |
Meia volta do Fiel (UIAA)
Foi um dos primeiros nós utilizados no alpinismo e é muito utilizado ainda hoje, na Europa é comum encontrar experientes alpinistas que só usam ele para dar segurança ao companheiro ou para efetuar a descida, aqui no Brasil já percebi que algumas pessoas te olham torto quando você está utilizando para alguns fins, como dar segurança para o segundo por exemplo.
É indicado que somente seja utilizado para esta função por pessoas bem experientes já que ao reter uma grande queda no fator 2 existe um escorrimento grande da corda e pode causar acidentes e ferir a mão ao bater no mosquetão.
Direção | Teste de tração estática (% Carga de ruptura) |
A | Resistência residual 65% |
Prussik e Marchard
Os nós “Prussik e Marchard” não diminuem a resistência da corda, porém ele escorrega neste teste e não é possível afirmar sua resistência!
Conclusão
Tabela comparativa da diminuição da resistência da corda no eixo “Y” (vertical).
Nó | Quanto diminui a resistência da corda | Prós | Contras |
Oito | de 25% a 30% | Fácil de fazer | Aperta muito depois de quedas |
Bulino | de 25% a 30% | Fácil de desatar | Precisa de Experiência para fazer |
Simples | 35% | Fácil de fazer | – |
Orelha de Coelho | 25% | Ótimo para Ancoragens | – |
Borboleta Alpina | 30% | Confiável | Precisa de Prática para executá-lo fácil e corretamente |
Pescador Duplo | 30% | – | – |
UIAA | 35% | Usa pouco material | Indicado somente para pessoas com MUITA experiência |
Podemos constatar com estes testes que, ao efetuar um nó corretamente em uma corda, estamos diminuindo a resistência dela em no mínimo 25% e no máximo em 35%.
Bibliografia
- https://www.xvertical.it
- Occupational Safety/health & Mechanical Engineering Depts. Oakland Univesity January 12, 208
- Knot Break Strength vs Rope Break Strength
- The Strength of Knots in Dynamic Climbing Rope – Alasdair Brown
- A Review of Knot Strength Testing – Thomas Evans
- Ropes and Friction Hitches used in Tree Climbing Operations – Paolo Bavaresco
Alexandre “Francês” Gazinhato é paulistano, Técnico em Segurança do Trabalho, Jornalista, Alpinista Industrial IRATA, escalador esportivo e membro do Clube Alpino Italiano e Gruppo Speleologico de Marche da Itália.
Faço no de 8 pra Âncoragem e às vezes faço o boleta pra desvio, Na mesma corda. e errado? Sendo assim eu perco quanto de porcentagem na minha corda?
A imagem do nó “meia volta do fiel” está errada. Na imagem, está o nó “volta do fiel” que não é dinâmico, ou seja, não é usado para dar segurança ao parceiro e sim, é utilizado pra fixar a corda de forma que ela fique bloqueada. Escaladores experientes utilizam o nó da imagem com “auto seguro” em vias Trad.
Oi Cristiano, já entramos em contato com o autor e ele admitiu o equívoco. Obrigado por nos avisar.
A foto já foi trocada
Abs