Cair é uma habilidade que se pode aprender. Você concorda? Se sim, por quê?
Ou você discorda e sente mais que, quando cai, não pode fazer nada para influenciar a situação – e, portanto, não há nada para praticar? Este é um ponto importante a esclarecer. Sua prática não será eficaz até que você decida que pode agir no processo da queda.
Quando praticamos a queda, praticamos uma habilidade física, mas também estamos lidando com o medo e a forma como a mente usa a atenção, que são questões de treinamento mental.
A mente pensa e então o corpo age. Portanto, precisamos ter muito cuidado com o modo como a mente pensa, para que possamos envolver bem o corpo e cair com habilidade, diminuindo as chances de lesões. É como qualquer outra habilidade na escalada que precisa ser praticada e aprendida.
Por exemplo, faz sentido para nós, escaladores e escaladoras, focar nos treinos planejados e na qualidade do esforço ao treinar fingerboard ou campus. Para tais exercícios físicos, usamos abordagens sistemáticas, dividimos em partes menores e prestamos atenção à qualidade de nossos esforços.
Praticamos cada parte isoladamente e, em seguida, gradativamente as juntamos novamente para treinar como um todo unificado. O foco durante o treinamento tem pouca relação com a escalada real. Em vez disso, a meta é aprofundar na habilidade, nos seus elementos essenciais, a fim de melhorá-los e estar pronto para reuni-los novamente em algo que possa ser aplicado em situações reais de escalada.
É isso que fazemos com a queda. Procuramos as partes constituintes, incluindo o que estamos fazendo com o corpo, como respiração, postura corporal e foco dos olhos. Ao conhecer as especificidades do que fazemos com cada parte, podemos prestar atenção e refinar cada uma, a fim de uni-las posteriormente como um todo simplificado – ou seja, caindo com habilidade.
Outro aspecto importante da prática de queda é quem está fazendo a segurança. Anos atrás, eu estava ensinando duas meninas do Canadá no Red River Gorge, em Kentucky. Elas tinham cerca de 15 anos e se davam muito bem juntas, caindo e segurando as quedas uma da outra.
Então elas voltaram para casa em Toronto, animadas para continuar sua prática. No entanto, uma garota fez parceria com outra escaladora, caiu e quebrou o tornozelo. A pessoa na segurança era mais pesada e não lhe deu a quantidade necessária de amortecimento para diminuir o impacto na parede.
Esse acidente aconteceu porque ela se concentrou apenas no que estava fazendo para cair bem e não considerou o quão crítico é o papel de quem está assegurando.
A escalada é um esforço de equipe. Especialmente na queda, praticamos em equipe e aprendemos juntos. Aprender a treinar quem vai fazer sua segurança é extremamente importante para permanecer segura durante a prática de queda e durante a própria escalada.
Você escalará com vários parceiros e será importante treinar cada um deles antes de confiar que eles sabem o que estão fazendo. Não se sinta culpado se não confiar neles. Eles seguram sua vida em suas mãos. Teste-os e treine-os, depois confie neles.
Na próxima lição, exploraremos seu medo.
Advertências
- Risco: nada, nem mesmo a instrução de um treinador ou este curso on-line, pode eliminar os riscos associados à prática de quedas. Aceite a responsabilidade por qualquer informação que você utilize para praticar.
- Conhecimento experimental: é importante perceber que você sabe cair quando experimenta uma queda adequada. Isso só pode ser obtido com instruções adequadas.
- Motivação: a motivação por conquistas da sua mente pode causar problemas, levando você a assumir riscos que não são apropriados. Então, você precisa ter cautela.
O livro “The Rock Warrior Way – Mental Training for Climbing” está à venda traduzido para a língua portuguesa no Brasil em: http://www.companhiadaescalada.com.br
Sugestões
- Melhor opção: treine com um treinador para ajudar a orientar sua prática. Temos uma rede de treinadores do (caminho do guerreiro) Warrior’s Way nos EUA e no exterior, especialistas no ensino de queda.
- Próxima melhor opção: utilize meu curso on-line, que descreve o processo minuciosamente com vídeos, fotos, textos, entrevistas, tarefas de casa, perguntas e respostas e muito mais.
- Pior opção: pratique sem esses recursos. Se o fizer, faça-o em pequenos passos e incrementos.
Arno Ilgner distinguiu-se como um escalador pioneiro nos anos 1970 e 80, quando as principais ascenções foram as primeiras fortes e perigosas. Essas façanhas pessoais são a base para Ilgner desenvolver o programa de treinamento físico e mental – Rock Warrior Way ®. Em 1995, após uma pesquisa aprofundada da literatura e prática de treinamento mental e as grandes tradições guerreiras, Ilgner formalizado seus métodos, fundou o Instituto Desiderata, e começou a ensinar seu programa de tempo integral. Desde então, ele tem ajudado centenas de estudantes aguçar a sua consciência, o foco de atenção, e entender seus desafios de atletismo (e de vida) dentro de uma filosofia coerente, baseada em aprendizado de tomada de risco inteligente. Ilgner considera a alegria e satisfação no esforço – a “viagem” – intimamente ligada à realização bem sucedida das metas.