Conforme publicado na Revista Blog de Escalada, a temporada de montanhismo no Nepal foi suspensa devido à pandemia de coronavírus. Todas as montanhas com oito mil de altura já estão vazias e todos os que sobrevivem o ano inteiro com os negócios de turismo na primavera, têm sua renda e possibilidades de subsistência reduzidas a zero no restante deste ano.
O Monte Everest (8.848 m), acostumado atualmente a ser cheio de gente, agora está completamente vazio. Mas a montanha carrega outra doença: a sujeira. As toneladas de escombros espalhados pela montanha, após o número exorbitante de expedições, transformaram-na em um verdadeiro depósito de lixo.
Limpezas paliativas são realizadas todos os anos, mas sempre há um problema logístico de saber quando haverá um tempo climatologicamente ideal para fazer a limpeza. A partir disso, surgiu a pergunta: Por que não limpar o Monte Everest agora?
Limpeza do Everest
Na primavera passada, os sherpas da Associação de Montanhismo do Nepal removeram e baixaram mais de 10 toneladas de lixo. Entretanto, é muito difícil limpar completamente a montanha entre centenas e centenas de pessoas que estão em uma caravana para escalar.
Entre os resíduos, o mais abundante são botas, cilindros de oxigênio vazios, cordas e recipientes para alimentos. Nas ocasiões em que as expedições de coleta de lixo foram organizadas, as quantidades coletadas são contadas por tonelada.
Talvez um bom momento de limpar o Monte Everest seja agora. É assim que os sherpas da região enxergam a oportunidade que a crise de COVID-19 criou. A situação atual causou a convergência de dois problemas: a montanha não pode continuar acumulando lixo e a população não pode ficar sem trabalho.
Como resultado desses dois problemas, surgiu a iniciativa de limpeza. Porém o governo nepalês possui outro problema: quando (e como) realizar?
De acordo com os sherpas do Nepal resposta é agora. Liderados por Kami Rita Sherpa, publicaram uma declaração no jornal Kathmandu Post afirmando que “esta é uma oportunidade de ouro para o governo”. As estatísticas do governo do Nepal indicam que o número de guias de trekking e expedição no país é de cerca de 16.000.
Kami Rita Sherpa continua: “Significa poder empregar, entre carregadores e guias, mais de 3.000 daqueles 16.000 desempregados (pouco mais de 20%). Assim, a situação ruim seria usada para algo positivo”
Converter desemprego em ocupação
Parte dos recursos que o governo coleta para a emissão de autorizações e pagamento de direitos de ascensão e que investe na promoção do turismo, em vez de alocá-los no marketing, este ano, vai para o pagamento de obras de limpeza.
Converter o desemprego em ocupação também significaria que o governo evita parte do investimento inexorável em subsídios à ocupação em favor de um bem necessário.
Em sua proclamação para convencer o governo, Kami Rita Sherpa acrescenta que também seria a oportunidade de encontrar mais cadáveres do que já foram recuperados em outras operações desse tipo.
O desafio do Everest, em sua história de ascensões, que matou cerca de 300 vidas e o número de cadáveres recuperados é de apenas cerca de 100.
No momento, a proposta do povo nepalês está em estudo.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.