Segurança na escalada: Quais os erros mais comuns de um segurador?

Na escalada em rocha é necessário atenção e habilidade do segurador (a). Mesmo o (a) melhor dos escaladores (as), uma eventual queda pode acontecer e se o (a) segurador (a) não estiver atento pode acabar a atividade de escalada de maneira desagradável.

Mas o que é preciso para ser um bom segurador?

Primeiramente, fazer um curso de escalada. Hoje em dia, felizmente, mais e mais pessoas decidem fazer um curso de escalada com um instrutor ou guia qualificado. São estes mesmos treinadores qualificados que irão ensinar corretamente a treinar e aprimorar todas as técnicas de segurança.

Importância de um curso de escalada

Arriscar a ter um curso com alguém não qualificado por uma entidade certificadora, é dar pouco valor à própria vida e à do companheiro. Mas, infelizmente, este tipo de lógica não é seguida por muitas pessoas. Ainda existe uma grande porcentagem de noviços que ainda escolhe aprender com aquele amigo que escalou há muito tempo ou, ainda pior, sair por conta própria com um grupo de amigos que nunca escalou e tentar descobrir como usar os equipamentos.

Há também quem faz um curso ou uma aula e já pensa que controla tudo, leva seus amigos para escalar e lhes dá a “aula”. Saber prover segurança é tão ou mais importante do que escalar. Quando seu parceiro começa a escalar, a vida dele está em suas mãos.

O resultado disso todos conhecem: acidentes devido a um erro grave ou devido a alguma negligência. São estas mesmas pessoas despreparadas que saem esbravejando que seu erro, quando é devidamente noticiado, é “fake news”. Ao invés de aprender, o desejo desta pessoa despreparada é somente esconder a sua incapacidade.

Se você ainda faz parte do grupo das pessoas que gostam de esconder acidentes, detesta quem os publica e, por algum motivo, possui ojeriza de discussões maduras a respeito acidentes na escalada, recomendo que escute o podcast disponível no topo do artigo.

Basta apertar o play para entender porque é importante noticiar sobre um acidente.

1º erro comum: Acreditar grigri é milagroso

Foto: https://pilladosporlaescalada.wordpress.com

Um dos principais erros (talvez a raiz de todos os outros) é a ideia equivocada que muitos escaladores têm de que o Grigri é um dispositivo de seguro automático e à prova de erros. Se você é destes que acredita nisso, saiba que NÃO É.

O grigri é um dispositivo de travagem ASSISTIDA, portanto, exige que SEMPRE (sim, você leu certo: sempre) mantenha a corda voltada para baixo. Além disso, é obrigatório a mão do escalador ficar segurando a corda.

2º erro comum: Não dinamizar quedas

O segurador deve sempre estar atento ao escalador e dinamizar as quedas adequadamente. Muitos confundem dinamizar quedas com deixar um grande “barriga” de corda. Dinamizar é muito mais que isso.

Existem técnicas adequadas de dinamizar uma queda de um escalador, e que devem ser usadas para suavizar a queda. Um bom curso de escalada, o instrutor irá explicar com detalhes diferença entre uma “super barriga” e dinamizar a queda. Quanto mais “barriga” se deixa em uma corda durante a segurança de um escalador, maior será o fator de queda.

O verdadeiro objetivo de deixar uma pequena folga na corda (não confundir com barriga) é dinamizar a progressão do escalador, e não sua queda.

3º erro comum: Ficar imediatamente abaixo do escalador

Fique diretamente abaixo do escalador enquanto segura. Parece óbvio, mas muitos seguradores não entendem que, se o escalador cair acima da primeira proteção, cairá sobre o segurador. Caso o segurador seja muito mais leve que o escalador, ambos irão chocar-se e se machucar.

O ideal é o segurador mover-se lentamente à medida que o escalador progride. Não confundir “mover-se” com ficar “dançando” e mudando constantemente de posição. A atitude irá incomodar outros seguradores à sua volta.

4º erro comum: Não fazer checagem do parceiro

O hábito de escalar sempre com a mesma pessoa é relativamente perigoso. Pois a rotina fará com que muitas coisas que deveriam ser verificadas todo o tempo, acabam não sendo mais feitas porque a rotina acaba com alguns rituais.

Todo escalador tem a obrigação moral de fazer a checagem do escalador momentos antes de começar a escalada. Mesmo nos campeonatos mundiais, o fiscal observa vários itens de escaladores profissionais. Portanto, na rocha este tipo de rotina deve ser mandatória.

Se omitir de fazer checagem de nós, posicionamento do freio, fechamento da cadeirinha, quantidade de proteções no rack, nó na extremidade da corda, etc. Tudo isso deve fazer parte da rotina de um escalador como respirar, balançar os braços e movimentar-se.

5º erro comum: Acreditar que nunca vai acontecer nada com você

Um acidente é um evento inesperado e indesejável. Ninguém sai de casa querendo se acidentar. Mas o caminho mais rápido para um acidente acontecer é a negligência. A falta de cuidado ou de aplicação em uma determinada situação, tarefa ou ocorrência é que culmina em um acidente.

Pode reparar que todo escalador negligente é o que mais deseja esconder os erros que cometeu, os acidentes que foi culpado e por deixar cair o companheiro. Negligência é, por exemplo quando um médico ao realizar uma cirurgia, esquece um bisturi dentro do paciente. O mesmo acontece com escaladores, que por algum motivo não verifica o companheiro ou provê segurança de modo desleixado.

Há ainda o problema da imperícia, que é a falta de técnica necessária para realizar determinada atividade. Há, inclusive, um termo psicológico para isso: Síndrome de Dunning Kruger (também conhecida como superioridade ilusória).

Na escalada esta síndrome de superioridade ilusória é vista constantemente, quando pessoas que possuem pouco conhecimento sobre um assunto acreditam saber mais que outros mais bem preparados. Quando isso acontece na escalada, um acidente potencialmente pode acontecer.

Pessoas que sofrem da síndrome de superioridade ilusória, nunca admitem que erraram, porque sua incompetência os restringe da habilidade de reconhecer os próprios erros.

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