Reza Alipour Shenazandifard: Quem é o recordista mundial de escalada de velocidade

Amada por alguns, mas odiada pela grande maioria, a escalada de velocidade é frequentemente vista como uma prática muito diferente da de boulder e vias guiadas. Imposta como modalidade obrigatória nas olimpíadas, a modalidade agora é vista como ponto estratégico para conseguir o ouro olímpico.

A modalidade, diga-se de passagem, foi desprezada por muito tempo na América do Sul. No continente, somente o Equador foi quem procurou implementar um espaço para a prática. Hoje, são justamente os equatorianos que possuem a maior probabilidade de chegar a abocanhar uma vaga olímpica. Basta analisar os resultados obtidos nos últimos dois anos pelos equatorianos na copa do mundo para constatar.

O básico de escalada de velocidade é que a via de 15 metros permanece com mesma configuração ao longo dos anos, para que os concorrentes possam ensaiar em sequências e estratégias. Os maiores nomes da escalada em disciplina consideradas “mais nobres” como vias guiadas e boulder são Janja Garnbret, no feminino, e Adam Ondra, no masculino. Mas, e em velocidade?

 

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O maior nome em escalada de velocidade é o iraniano Reza Alipour Shenazandifard, com impressionantes 5,48 segundos, detém o recorde mudial da modalidade. Por causa de seus recordes, é conhecido de várias formas como “guepardo asiático”, “homem-aranha iraniano”, “Usain Bolt da escalada de velocidade” e o autointitulado “homem vertical mais rápido do mundo”.

Por que tantos apelidos? Simples, é Reza o detentor do recorde mundial de escalada de velocidade masculina há dois anos. Não bastasse isso, a International Federation of Sport Climbing (IFSC) batizou uma estratégia em homenagem a ele.

 

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Reza Alipour estabeleceu o atual recorde mundial de escalada masculina de 5,48 segundos no dia 30 de abril de 2017, no evento de Nanjing da IFSC Climbing World Cup. Esta competição marcou a primeira medalha de ouro do IFSC para o Irã. O recorde mundial anterior de escalada masculina era de 5,60 segundos, definido por Danyil Boldyrev, da Ucrânia, em setembro de 2014, no Campeonato Mundial da IFSC em Gijon, Espanha.

Recentemente o recorde mundial de escalada de velocidade feminina foi recentemente quebrado por Aries Susanti Rahayu, com 6,995 segundos, ultrapassando o anterior em 1/10 de segundo.

O “movimento Reza”

 

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Na escalada de velocidade o objetivo é chegar ao topo o mais rápido possível. Atualmente, a estratégia usada por quem possui números e resultados expressivos, é começar com um salto explosivo, no melhor estilo Crossfit. Quanto mais tempo o atleta conseguir manter esse impulso de saltar agarras e partir para cima sem parar, melhor. Para manter esse impulso, é melhor se mover em linha reta, o que significa que o atleta não deve mover os membros para fora dessa linha, nem procurar as bordas das agarras nem deixar o corpo balançar de um lado para o outro.

Shenazandifard descobriu que, pulando a quarta agarra da extrema-esquerda, escalando da terceira para a quinta, poderia manter esse momento de saltos e economizar milissegundos preciosos. O nome dessa estratégia é “movimento Reza”. Agora, o “Reza” é usado por quase todos os escaladores. Não é fácil sair da terceira à quinta agarra, por isso exige treinamento e precisão. Mas uma vez que o atleta é capaz de refinar o movimento, o resultado é surpreendente.

 

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O grande atrativo da escalada como esporte, é que não necessariamente os mesmos escaladores vencem sempre. Variações de estilo e movimentos fazem com que o esporte seja mais dinâmico em temos de dominância de algum atleta. O rodízio de atletas nos pódios é possível pela constante mudança de vias de escalada e linhas de boulder. Dependendo do route setter, um atleta se destaca mais e outros menos. Na escalada de velocidade, que a via é sempre a mesma, a realidade não é bem assim.

Até mesmo o biótipo de quem pratica escalada de velocidade é diferente dos escaladores das outras modalidades. Reza Alipour mede 1,7 m de altura e pesa 76 kg e sua silhueta se parece mais com um fisiculturista do que um escalador esportivo. A altura de Reza significa que tem menos alcance do que o competidor médio.

Este desfavorecimento fez com que ele dependesse mais da potência de suas pernas para o empurrar para cima. O Ape Index de Reza Alipour parece estar em torno de 0, ou próximo a isso, o que significa que sua envergadura é o mesmo que sua altura.

Qual o segredo?

 

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Um dos motivos que muitos escaladores sul-americanos gostam de repetir como sendo uma desvantagem ara o esporte no continente, é a estrutura de treinamentos disponível. Comparar o Brasil com as instalações da Europa e EUA parece corroborar a teoria. Porém, o que dizer então da comparação de Brasil e Irã? As instalações de treinamento do Irã não são as melhores do mundo, mas ainda assim Reza aproveita ao máximo a que tem disponível. Apesar de ser considerado um atleta de elite, não tem treinador, médico ou instrutor de fitness dedicado.

Grande parte do treinamento e das estratégias em que trabalha são de seu próprio planejamento. Reza tem um intenso regime de treinamento de até dez horas por dia. Muitos treinamentos do iraniano envolvem treinamento com pesos. Apesar muitos atletas de escalada possuem preconceito a respeito de treinamento com pesos, Reza usa halteres para levantamentos olímpicos (LPO), como clean, jerk , snatch e deadlift. Reza também treina flexões e box jump para movimentos explosivos.

De onde tira a inspiração para treinamentos tão intensos? Reza Alipour é bombeiro de profissão, o que lhe ensinou muito sobre concentração, treinamento físico e explosão. Quando perguntado a respeito de chances de medalha para as olimpíadas, Alipour afirma que “Não posso esperar uma medalha nos Jogos de 2020, Mas espero que nos Jogos Olímpicos de 2024, a escalada de velocidade seja um evento separado”.

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