Relato de viagem a um dos paraísos mundiais de Boulders – Como é viajar a Rocklands com crianças pequenas?

E já que escalar é a nossa essência, bora pra mais uma empreitada… Rocklands!

E aqui tem um pequeno filme sobre como foram nossos dias em Rocklands, de longe até agora nossa viagem mais incrível! Dá para sentir um pouco do clima de lá, da nossa casa temporária, do café, das amizades, da escalada, e um pouquinho de tudo o que você vai ler aqui em baixo.

Como decidimos por essa viagem… bem temos uma única oportunidade de férias longas por ano e elas devem ser bem pensadas. Queria (e ainda quero) Tailândia e outros mais distantes, mas com 2 crianças pequenas e apenas 20 dias não considerei passar 2 dias em trânsito pra cada perna. Considerando a abertura de um compasso de uma perna de voo e no máximo 12 horas dentro do avião as opções eram Estados Unidos, Europa ou África.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Peraí…África? Então fui estudar um pouco as possibilidades.  Sempre tento conciliar nas escolhas das viagens experiências de escaladas e natureza (quase todo o tempo) com experiências culturais, conhecer o país, provar da comida e bebida local. Então pesquisando vi que a África era um ótimo destino.

Essa aventura foi feita com mais dois grandes e amados amigos, Purga e Lika, que além de companheiros, parceiros, são grandes tios e amados pelas crianças! Parceiros tão legais que já ficamos sonhando com a próxima com eles!

E assim fechamos o destino. Mas sempre que viajamos para escalar, aproveitamos a oportunidade de conhecer o local onde estamos, os passeios, natureza, tudo. Então fomos atrás de informações do que seria legal para fazer com 2 crianças pequenas.

Safari. Quando se pensa em África, vem logo Safari na cabeça. A primeira ideia é de custo proibitivo, navegando um pouco mais na net, vi que dava para fazer algumas opções mais em conta.

Vamos lá:

Krugger Park

Krugger Park tem a opção de fazer o safári por conta, ou seja, alugar um carro ou mesmo passeios bate e volta saindo de Joanesburgo e conhecer o Krugger. A grande vantagem é custo. As desvantagens que vi, você pode rodar o dia inteiro com seu carro e não cruzar os animais, porque nos horários de maior atividade deles, o parque está fechado para este tipo visitações e você acaba sem ver animais, ou os encontra deitados e passivos.

Não era uma opção para nós passar o dia dentro do parque rodando. Aí partimos para os Games Reserve, que são como Resorts, de todos os preço e níveis, que normalmente oferecem 2 safáris por dia, nos melhores horários (manhã e entardecer) e as refeições. Normalmente esses hotéis têm várias atividades durante o dia. Mas a maioria deles não aceita bebês, apenas crianças maiores de 12 anos e os que aceitam tem preços que para nós eram impraticáveis (mais de US$ 1.000 a diária). Reduziu um pouco mais a lista.

Na região do Krugger, o mais visitado por quem vai com crianças é o Sabi Sabi, mas ele estava além das nossas expectativas de custo, lembrando que nossas viagens devem também ser econômicas, sem deixar de fazer nada. Então comecei a ver safáris em reservas privadas fora da região do Kruger, em outros parques e achamos inúmeras opções.  Quando chegarmos na parte do Safári desse nosso post, vou explicar bem sobre a nossa escolha. Perto de Cape Town, na região do Garden Route, existem vários. Esse era um ponto positivo, um pouco menos de estrada com as crianças. E aí fechamos o Game reserve por lá mesmo.

Nosso roteiro então ficou:

Rocklands o paraíso da escalada e super amigável para crianças e famílias, Cape Town, Franschhoek (região das vinícolas da África do Sul), Garden Route, Safari, Joanesburgo.

Poucas cidades, mas com tempo o suficiente para curtir cada uma e não desgastar muito as crianças com abre e fecha de malas e trânsito. E funcionou super bem!

1 PARTE – ESCALADA – Rocklands

Pra sentir um pouco do clima da escalada e das possibilidades infinitas que existem por lá. Rocklands foi inicialmente descoberta como potencial de escalada e desenvolvida por Fred Nicole, Todd Skinner e alguns amigos em meados dos anos 90.

Tivemos o prazer de cruzar com o Fred Nicole por lá, já que ele estava gravando uns takes para um documentário novo.

Passamos 8 dias lá, encontrei uma casa de um site que aluga para escaladores e está cheio de boas referências, tanto no site (bem organizado por sinal), como no Trip Advisor. Uma fazenda na região de Cederberg  Moutains que chama-se Alpha Excelsior e pode ser consultado através desse link.

Quando comecei a pesquisa, vi que os preço na África do Sul, pelo menos fora dos Resorts de Game Reserve pra safári, eram baratos. Então nossa casa não foi diferente. Alugamos uma casa com 4 quartos por cerca de 60 dólares por dia, o que dividimos em 2 famílias, ficou ótimo! Se for com mais gente então, fica super barato (essa casa era para 12 pessoas).

Detalhe, lá é uma fazenda produtora de vinhos, azeite e chá de rooibos, então eles te fornecem vinhos, azeite, olivas e tem crash pads para alugar! É perfeito! Outra, se for durante a temporada de julho a setembro, eles tem um café aberto, servem café da manhã, comidinhas deliciosas durante o dia e uma vez por semana uma pizza maravilhosa.

O clima da fazenda é super familiar e descontraído, pois mantém a divulgação somente entre os conhecidos, já o objetivo é exatamente só atrair as pessoas certas para lá.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Outra opção de estadia e preferida por quem fica mais tempo por lá, por ser mais econômica, chama-se De Parkhuys. É um lugar com chalezinhos, barracas, dentro do setor de escaladas. Você pode conhecê-lo por aqui.

Becky e James, os proprietários da casa que ficamos, são incríveis, ela já morou um tempo no Brasil e adora os brasileiros. Até um ursinho de pelúcia eles deixaram na casa para a Nina como presente.

As casas são bem estruturadas e quando aparece algum probleminha (no nosso caso foi água quente), James foi super solícito e resolveu  rapidinho. O wifi não é bom, funciona apenas na região do café. Mas no final das contas isso foi até legal, porque todo mundo se encontra no café, acaba se conhecendo, conversando, trocando experiências e dicas de escalada e passeios.

Aliás, o café é “o pico”, pois é o único lugar que tem um café expresso bom (lá é muito café solúvel) próximo aos picos de escalada. O lugar é aconchegante, a comida  gostosa, excelente música e vendem produtos locais para escaladores como hand balms etc…

A Hen House, que é o nome deste café mágico, torna a viagem ainda mais especial!

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Eles tem uma filhinha linda, Emily e vários cachorros, companheiros de caminhadas e de fotos matinais. Provem o vinho assemblage, uma deliciosa experiência e recordação (achamos que é o melhor deles, apesar do Pinotage ser famoso na África…da produção local deles, esse definitivamente é o melhor).

Muito importante sobre a escalada lá. É necessário adquirir o passe de escalada. Ele pode ser comprado no restaurante Travelers Rest, na estrada principal ou no próprio de Parkhuys. O problema é conseguir encontrar a pessoa no Parkhuys, então para nós foi mais fácil ir até o restaurante na estrada. O passe custou cerca de 15 dólares por pessoa, para uma semana.

Você também pode comprar adiantado nesse link.

Nós precisamos mostrar nossos passes apenas no setor Rhino, que é um dos mais conhecidos e frequentados. Lá haviam representantes do parque que pediram para ver nossas licenças. Mas certo é certo né, então se for escalar por lá, já sabe do passe!

Outra dica valiosa é o guia de escalada do Scott Noy.  Atualmente é o melhor guia de lá (todos escaladores que cruzar por lá estarão com um destes na mão). Meu marido não conseguiu comprar a tempo pela internet e acabou entrando em contato diretamente com o Scott. Por uma feliz coincidência ele e a namorada estavam indo para lá e estavam hospedados na mesma fazenda. Nos encontramos e  trocamos idéias e betas direto na fonte. Pessoas incríveis! Você pode entrar em contato com ele e comprar o guia por aqui. O guia também é vendido na Hen House e no Travelers Rest.

Sobre os picos, fomos no primeiro dia no  Middle Plateau, pouquíssima caminhada, dentro do de Parkhuys , que é um camping/chalés. A galera que procura lugares mais baratos ainda e com um pouco menos de conforto fica lá.

O setor é super democrático, de V0’s a V7 e dividido entre Far Plateau, Middle Plateu e Close Plateau. Um pôr do sol lindo trouxe ainda mais brilho para o nosso fim de primeiro dia.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

No outro dia fomos ao setor Roadside onde passamos um inesquecível dia de escalada nesse setor maravilhoso e não menos democrático. A rocha permite que você escale por um bom tempo sem degastar muito os dedos. Havia mais um menininho por lá, um holandês, que fez companhia para Nina e Theo.

Lá conhecemos as primeiras Proteas, as flores símbolos da África. Essa flor é muito interessante pois além de lindíssima e de ter várias espécies, para que ela floresça com força, é necessário queimar o pé todo. Antes de serem queimadas quando já estão secas elas parecem flores de madeira e foi assim que o Theo as batizou.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Alguns boulders foram batizados pelas crianças lá, temos o tartaruga e o Chimi, dois boulders que o Theo escalou e nominou. (Scott, é contigo para colocar no guia).

No dia de descanso fomos para um pequeno parque de águas quentes, chamado Citrusdal. Ele fica há uma hora de Clawilliam, tem algumas pequenas piscinas (banheiras naturais) de água quente, na qual ficamos como saquinhos de chá mergulhados e brincando nelas.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Eles também tem umas piscinas grandes, mas a água estava tão quente que não conseguimos aguentar muito tempo.

O restaurante não abre o dia todo e fora dos horários só serve salgadinhos e comidinhas empacotadas, que tiveram que ser o nosso almoço. Como tínhamos planos de comer no restaurante, não fomos preparados.

Então leve lanche.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Dá uma olhada nesses banhos, por aqui.

Outro setor que conhecemos foi o Archie Valley. Esse é um setor de muitos boulders clássicos, no alto da região do Far Plateau, com uma linda vista panorâmica.

Ventou muito nesse dia, tanto de chegar a incomodar, então se tornou um pouco mais cansativo, porque como o chão é formado por areia, ela entrava muito nos olhos das crianças, mas mesmo assim, vencemos o vento e passamos o dia lá.

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

E decidimos ir num dos mais distantes setores, num outro dia. O Sassies. Ele ficava há uns 30 min de carro. Achamos o estacionamento, ficamos um pouco perdidos com as instruções do guia sobre como chegar lá. Entramos numa porteira com uma ponte e caminhamos por 30 minutos, a instrução eram 10 min. Não achamos nada.

Chegamos no pé da montanha e vimos apenas que estávamos na região mais “selvagem” de toda a viagem, começamos a ver uns animais não usuais das regiões mais habitadas, muitos, muitos buracos de cobra no chão e começamos a ficar preocupados. Decidimos voltar e ir pro outro lado. Caminhamos então para  a direita, mais uns 30 min e continuamos sem achar nada.

Demos almoço para as crianças,  prestando bastante atenção nas redondezas e voltamos para outro setor, afim de não perdermos o dia. Fomos então para o Fields of Joy, no alto da montanha. Logo a lado do de Parkhuys. Ele requer uns 10 min de caminhada (só adultos), montanha acima. Com crianças que fazem sua trilha no chão, como o Theo, demoramos  pelo menos uns 20 minutos, pois ele tinha algumas escaladas no caminho e muito trepa pedra para vencer, pouco a pouco. E nosso guerreirinho fez sua trilha sozinho!

A vista é linda! O setor é um pouco espalhado e de cume, então não da pra deixar as crianças soltas, pois é mais perigoso e os boulders apresentam graduação mais alta também.

Ao retornarmos para a fazenda, alguns escaladores que nos ouviram dizendo para onde iríamos, vieram comentar que o setor era realmente perigoso, pois era local onde haviam cobras cuspideiras, que se elevavam na altura das crianças e cuspiam veneno. Enfim, acreditamos muito que foi para nos proteger que não encontramos o setor!

E para fechar nosso período de escalada, voltamos ao Far Plateau, os setores do Plateau foram os meus favoritos, pela distância, pela base que é ótima para as crianças brincarem e pelos boulders maravilhosos!

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Uma das noites, Becky e James fizeram uma pizzada, regada a vinho e cerveja, muita conversa boa e risada. Pizzas deliciosas feitas pelos dois, bom vinho e cerveja e amigos reunidos…uma noite memorável!

Não podíamos deixar de agradecer os amigos que fizemos lá e tornaram nossa passada por Rocklands ainda mais inesquecível! Evans e Stephen. Nos encontramos por acaso, Evans é aquele mineirinho que vive há muito tempo fora do Brasil mas ainda não perdeu seu “uai sô” (será que mineiros um dia perdem?).

Gente boníssima, ficou amigo nosso e das crianças, levou a todos os picos e escalamos juntos! Agora é torcer pra esse mundão nos juntar novamente por algum lugar!

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Foto: Danieli Hilgemberg & Bruno

Evans tem um blog que conta da viagem incrível que ele fez. Vale a visita!

E para fecharmos nosso período em Rocklands, fomos visitar a casa de chá de Roiboos, uma casinha charmosíssima, cheia de chás deliciosos e produtos naturais.

Com muita gratidão e saudades encerramos nossa visita em Rocklands e partimos para Cape Town, Franschhoek, Garden Route, Safari e Joanesburgo!

Para ver mais fotos acesse  : https://latitude22.org

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