Há 40 anos, a Federação Francesa de Montanhismo e Escalada (Federation Francaise de la Montagne et de l’Escalade – FFME) implementou um modelo de acesso a áreas rochosas com base em apólices de seguro com proprietários de terras. Esses acordos garantiam a transferência de responsabilidade por quaisquer danos decorrentes da escalada para a FFME.
A federação cuidou da segurança instalando e substituindo seguros e assegurando toda a atividade com uma política de pagar qualquer dano. O sistema, que opera há cerca de 40 anos, está desmoronando. Devido à quantidade de acidentes, a FFME está encerrando contratos com proprietários de terras, podendo deixar os escaladores franceses sem acesso a quase 500 áreas de escalada existentes no país
Seguradora em prejuízo
O motivo de tantas áreas de escalada estarem ameaçadas está no valor da compensação concedida ao acidentado. O caso mais emblemático é o caso de Vingrau, no qual foi pago € 1,6 milhão por causa de um acidente ocorrido em 2010.
Na ocasião, um guia e seu companheiro subiram uma via considerada fácil e a causa do acidente foi um bloco de pedras soltas. Os tribunais franceses declararam que a FFME tem total responsabilidade (mas não culpa) pelo acidente.
O tribunal considerou ainda que a força maior e o risco conhecido dos escaladores não excluíram essa responsabilidade. A federação usou todos os recursos, mas não teve sucesso. Este julgamento abriu caminho para outros escaladores buscarem compensação.
O Presidente da FFME, Pierre You, em uma carta enviada por e-mail a todos os clubes mencionou outros dois acidentes.
Para dimensionar gravidade do problema, é necessário entender o desequilíbrio do balanço comercial dos últimos 10 anos. A seguradora teve que pagar € 8,3 milhões às vítimas e a federação forneceu à empresa € 3,3 milhões em contribuições. Em termos de contabilidade, este desequilíbrio não pode ser aceito por nenhuma empresa.
A seguradora propõe um plano de recuperação com dois objetivos. O primeiro é permitir que a federação continue coberta em responsabilidade civil. O segundo é permitir que a seguradora encontre um equilíbrio econômico.
Cada local de escalada é coberto por estes contratos com a seguradora. Os valores pagos para a seguradora são coletados pelos sócios. Caso os sócios não concordem com os preços, a seguradora irá retirar a cobertura de determinadas áreas. Existem 2.500 locais de escalada na França e que as 650 apólices dizem respeito apenas a cerca de 500 locais.
Assim, sem cobertura de seguro conta acidentes de escalada, os proprietários proibirão a escalada em suas propriedades.
