A depressão é um conjunto de condições associadas à elevação ou ao rebaixamento do humor. É um estado de tristeza profunda, perda de interesse e ânimo. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico.
Indo no caminho inverso da doença, todo escalador ávido já experimentou o prazer sensorial após uma sessão de treinos de escalada. Esta atividade física dá aquela sensação de bem-estar logo após a sua prática. Isso tudo tem explicação científica: endorfina.
O termo endorfina se origina das palavras endas (interno) e morfina (analgésico), e trata-se de um neuro-hormônio produzido pelo próprio corpo na glândula hipófise. A endorfina traz vários benefícios para o nosso corpo, como aumento de disposição, melhora no sistema imunológico e alívio de dores.
Não é nenhuma surpresa, então, que uma pesquisa recém-publicada (dezembro de 2019) mostrou que a prática de boulder pode oferecer uma opção de tratamento eficaz e durável para a depressão.
A intervenção é chamada de Psicoterapia de Bouldering (BPT). Os resultados de um ensaio clínico aleatório mostram que o BPT reduziu os sintomas em pacientes com depressão leve e moderada. O objetivo do estudo foi investigar os efeitos de curto e longo prazo do BPT em 97 participantes com depressão.
O esporte é uma promessa terapêutica por muitos motivos. A escalada pode trazer atenção plena e o foco no momento, que é a chave para o tratamento da depressão. Além disso, a prática de boulder também é objetiva, pois determina que o praticante chega ao topo ou não. Isso torna mais difícil para aqueles que lutam contra a autoestima desacreditarem a si mesmos, já que você não pode simplesmente encadenar uma via porque teve sorte.
“Os resultados deste estudo indicam efeitos positivos de curto e longo prazo da psicoterapia de boulder na gravidade da depressão”, afirmou a autora principal, Laura Schwarz, da Friedrich-Alexander University Erlangen-Nürnberg, na Alemanha. O efeito do BPT foi mantido por até 12 meses.
Um outro estudo
Na Áustria e na Alemanha, em particular, a escalada como terapia está bem estabelecida, com cursos educacionais sobre o assunto, livros e até hospitais com instalações para escalada. Alexis Zajetz, psicoterapeuta austríaco, tem explorado a terapia de escalada desde o início dos anos 2000 e fundou o Institut für Therapeutisches Klettern (Instituto de Terapia em Escalada) em Salzburg em 2005.
Na Inglaterra, a metodologia tem ganhado interessa da comunidade científica e algumas iniciativas estão aprecendo. Um outro artigo, este publicado em março de 2020 na revista científica britânica BMC Psychiatry descobriu que um programa terapêutico baseado em escalada era um tratamento mais eficaz para a depressão, se comparado com outros regimes de exercícios que não envolviam terapia.
O estudo acompanhou 240 pacientes: um terço participou da terapia de boulder, outro terço fez terapia cognitivo-comportamental, e o terço final iniciou um programa de exercícios em casa. O grupo que recebeu o tratamento de escalada melhorou significativamente mais do que os do programa de exercícios e de forma semelhante ao grupo que recebeu terapia cognitivo-comportamental.
Para ler os artigos completos acesse:
- Long-term effects of bouldering psychotherapy on depression: benefits can be maintained across a 12-month follow-up
- Bouldering psychotherapy is more effective in the treatment of depression than physical exercise alone: results of a multicentre randomised controlled intervention study
- Psychophysical Benefits of Rock-Climbing Activity. Perceptual and Motor Skills
- A German climbing study on depression
- Institut für Therapeutisches Klettern
- Indoor Rock Climbing Uses Mental Skills That May Make it an Effective Treatment for Depression
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.