Crítica do Filme “Progression”

progressioncover2fru[1]Acabei de assistir ao filme Progression. Filme de escalada, que ganhou Status de “mais esperado do ano”

Para todos aqueles que têm preguiça de ler posts sobre qualquer coisa, aqui vai um resumo do filme: excelente.

Ao todo o filme segue a mesma linha do “Cidadão Kane” dos filmes de escalada “First Ascent”.

São 1 hora e meia de muitos escaladores desfilando e falando sobre suas paixões, medos e anseios. Tudo filmado de uma maneira incrível e de ângulos que dão a impressão de estarmos acompanhando o escalador de perto.

Ao que parece a produtora BigUp aprendeu a lição desde seu fraco “Dosage V”, em que houve muita pirotecnia tecnológica mas pouca alma no filme. Deu a impressão de um videoclip futurista recheado de música eletrônica (também futurista).

Este lançamento não, havia uma história amarrando todas as cenas, e todos os estilos de escalada. Mostrou claramente o limite de cada escalada: boulder, campeonatos, big wall, esportivas, aderência (hard grit) e assim por diante. Tudo evidenciando escaladores (e seus patrocinadores) destaques mundiais.

Logo no início do filme mostra o americano Chris Sharma falando sobre seu projeto no Mountain Clark, que considerava seu limite. Concluindo de maneira bem humilde que precisava ficar mais forte. Sua solução: ir para a Espanha e escalar tudo o que fosse muito forte por lá.

Com imagens impressionantes de locais e vias na Espanha mostra o escalador americano se dedicando todos os dias a escalar e escalar. Mais ou menos com o que qualquer escalador obcecado por uma via faz: se prepara para o seu “Moby Dick“.

Nesta primeira parte há uma declaração de Chris sobre o tcheco Adam Ondra. Que ele sim, será o cara que vai fazer coisas absurdas nos próximos anos.

Na parte mais impressionante, mostra os principais escaladores que se dedicam aos campeonatos europeus. Fica evidente na filmagem como há um público cativo nesta categoria, e muito animado.

Se alguém acha que está treinando forte, ou viu alguém treinar forte. Os conceitos de treinamento vão mudar completamente ao ver o basco Patxi Usobiaga em seus treinamentos. Seja em campus board, seja em system board seja na concentração de um isolamento de campeonato. São imagens de fazer qualquer um ficar boquiaberto.

O filme segue passando por diversos locais de boulder e hard grit com vários escaladores. Há nesta passagem algumas imagens de machucados e cortes de mão de deixar o menos acostumado à dor com medinho de escalar. Há até um boulder que praticamente “circuncisou o dedo” de um escalador.

Yosemite também é mostrado com o escalador Tommy Caldwell apavorando a 500 metros de altura dando botes em regletes minúsculos, tudo com proteção em móvel. Tudo para tentar “livrar” a via Magic Mushroom.

O filme termina com a saga de Chris Sharma com seu Jumbo Love, que fica evidente o seu esforço para encadenar o projeto. Não foi fácil, e foi dito abertamente que tentou passar de um dos “crux” por mais de 20 vezes.

Sua namorada,a simpática espanhola Daila Ojeda também analisa do ponto de vista feminino e de valor sentimental o esforço e os bastidores da cadena. No fim, claro, Chris encadena a via (todos sabem disso, e em nada estraga o filme) que chega ao limite de sua corda de 90 metros (feita especialmente para sua cadena)

O filme mostra todos os escaladores de maneira mais natural, mais despojada, evidenciando que a BigUp desistiu de focar escaladores como “Homo Superior”. As imagens foram mais bem estudadas, e a pirotecnica tecnológica se manteve, mas agora com uma história por detrás de tudo.

O filme é um divertimento garantido a todo e qualquer escalador, e a quem não escala também, pois mostra o dia a dia de escaladores. Todos procurando superar seus limites, e se emocionando com as cadenas pessoais. Progression está definitivamente entre um dos melhores filmes e escalada feitos até hoje.

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