Principais regras para evitar intoxicação alimentar na trilha

Existe um ditado que diz que “o peixe morre pela boca”. O ditado se refere à necessidade das pessoas ficarem caladas em determinadas situações. Mas o ditado também pode fazer sentido para quem come qualquer tipo de alimento sem se preocupar com as consequências.

Quando um trekking está sendo realizado, a última coisa que uma pessoa deseja é ter uma intoxicação alimentar. A intoxicação alimentar é um problema de saúde causado pela ingestão de água ou alimentos contaminados.

Usualmente, este tipo de intoxicação acontece quando manipulação, preparo, conservação e/ou armazenamento dos alimentos de maneira inadequada. Como um praticante de trekking tem o costume de colocar tudo o que comer na mochila, se se preocupar muito com aspectos de refrigeração e isolamento, a intoxicação alimentar é comum de acontecer.

Sintomas intoxicação alimentar

Independentemente do micro-organismo determinante, os efeitos da intoxicação alimentar aguda são todos parecidos: náuseas

  • Vômitos
  • Diarreia
  • Febre
  • Dor abdominal e cólicas
  • Mal-estar

Nos quadros mais graves de intoxicação alimentar, podem ocorrer desidratação, perda de peso e queda da pressão arterial. O maior risco para a pessoa com intoxicação alimentar é a desidratação decorrente de forte diarreia.

Para evitar intoxicação alimentar, além da qualidade dos alimentos, é estar atento (a) aos cuidados no preparo dos alimentos e a medidas básicas de higiene, como lavar as mãos antes de comer e depois de usar o banheiro.

Carnes congeladas

Há quem não dispensa o consumo de carnes de todos os tipos (bovina, ovina ou suína). Todos conhecem um caso de alguém que levou uma carne congelada para ser consumida no fim da atividade.

Porém, o mais importante para carnes vermelhas (e outros tipos de proteínas animais) é que esteja sempre com temperatura em torno de 5ºC. Ou seja, cima disso, ela pode conter micro-organismos que irão provocar uma intoxicação alimentar.

Quando a carne está acima de 5ºC, as toxinas estáveis ​​ao calor (subprodutos das bactérias encontradas na carne) começam a agir. Altas temperaturas podem matar micróbios (por isso esquentamos nossos alimentos), mas não destruirão toxinas estáveis ​​ao calor que começam a se formar a essas temperaturas.

Portanto, quem insistir em levar uma peça de carne para o trekking, certifique-se de que ela esteja solidamente congelada, bem embrulhada e em um recipiente lacrado e à prova de vazamentos.

Verifique a previsão do tempo. Se a temperatura do trekking estiver acima dos 20 graus, sua carne ultrapassará esse limiar mágico de 5ºC dentro de algumas horas. Por isso, sempre embale a carne e a coloque na mochila o mais longe possível do corpo, para evitar que o calor do corpo acelere o processo de descongelamento.

Ovos

Quem arrisca de levar ovos cozidos para um trekking deve estar atento para a sua “janela de consumo”. Considere do ponto que tirou da panela seu ovo cozido, até o momento de consumo, aproximadamente 2 horas.

Por que um tempo tão pequeno? Simples, uma pequena rachadura na casca (mesmo uma que você não pode ver) pode deixar entrar todos os tipos de bactérias. Os ovos são o habitat preferido da bactéria Salmonella sp.

Este tipo de microrganismo é encontrado principalmente em alimentos de origem animal, como ovos, leite e carnes.

Portanto, se o ovo estiver na sua mochila e colocado sob peso de algo para formar uma mínima rachadura, tente comê-lo dentro de quatro horas, mesmo que você o tenha armazenado em um recipiente. Não pense em embalar ovos cozidos.

Por segurança, os ovos devem cozinhar por dez minutos em fervura total para serem levados a um trekking.

Comida liofilizada

Foto: http://www.backpackingchef.com/

Comida liofilizada são alimentos que sofreram dois métodos de conservação de produtos biológicos: congelamento e secagem. Portanto, alimentos liofilizados são congelados até -30°C e submetido a um alto vácuo (pressão muito baixa).

Mas não é porque este tipo de alimento que passou por diversos processos que pode ser “deixado para comer depois de preparado”. A partir do momento que sua comida, mesmo que liofilizada, é preparada, nada faz com que ela tenha se tornado à prova de micro-organismos.

Por isso, uma boa regra de camping e trekking é nunca deixar sobras do jantar. Sempre consumir tudo o que foi cozinhado. Em nossas casas possuímos geladeira, em ambiente outdoor não.

Bactérias para se reproduzir precisam de comida, água e tempo. Portanto, adicionando água a uma refeição, mesmo que ela seja liofilizada, e deixar suas sobras durante a noite, basicamente cria as condições perfeitas para os patógenos se multiplicarem.

A única exceção, talvez, é quando em um trekking a temperatura ambiente é igual ou inferior à de sua geladeira. Uma geladeira doméstica alcança temperaturas entre 6 e 10°C na parte inferior e de 2 a -2°C na parte superior. Portanto, se você costuma colocar as suas sobras de alimentos na parte de cima, considere que é necessário a temperatura ambiente no momento de consumir alguma sobra, abaixo de 5ºC.

Caso a refeição consumida durante a noite era bem ácida, como sopa de tomate, é a única exceção. Isso porque bactérias não conseguem se multiplicar em ambiente ácido. Portanto, alimentos com alto nível de pH são abacaxi, produtos derivados do tomate (molhos, ketchup), iogurte, café e álcool (vinho).

Queijos

Queijos podem ser consumidos normalmente no camping e trekking. Mas apenas se for um queijo duro que passam por um longo período de maturação, possuindo assim um menor teor de umidade, consistência firme. Sua principal característica é possuir uma casca grossa.

São exemplos de queijos duros ideais para levar a um trekking: parmesão, minas curado, emmenthal, gruyère, provolone, cheddar, gouda e edam.

Nos queijos macios, o ambiente é perfeito para o crescimento de patógenos. Os queijos macios possuem um baixo período de maturação, apresentando um elevado teor de umidade e consistência quase cremosa. Portanto, não leve para um trekking queijos como brie, camembert, mussarela e Mussarela de Búfala.

Alimentos fermentados

Uma alternativa para quem irá ficar muito tempo longe da civilização, é investir em alimentos fermentados. Estes alimentos, além de dispensar a necessidade de ficar na geladeira, contribuem para o bom funcionamento do organismo do praticante de trekking e escalada.

Comer alimentos fermentados pode ajudar a melhorar a saúde após tomar antibióticos. Artigo de alimentos fermentados na Revista Blog de Escalada explica o preparo, onde encontrar e os tipos existentes.

Portanto, é boa prática de qualquer praticante de trekking investir em alimentos fermentados. Para um trekking livre de intoxicação alimentar, invista em alimentos como chucrute, kefir, kimchi, kombuchá, natto e tempeh.

Alimentos asiáticos

Para sair do lugar-comum de alimentos em trilhas, invista em alimentos de origem asiática. Estes alimentos podem ser usados, em sua grande maioria, sem necessidade de conservação em refrigerador. Portanto, são ideais para serem usados em trilhas.

Além disso, vários dos alimentos asiáticos fazem bem à saúde e colaboram para o bom funcionamento do organismo. Por serem saudáveis, leves, duradouros fora da geladeira, também são interessantes de incorporar no cardápio de um trekking e até mesmo nas comidas consumidas no dia a dia.

Considere levar para o seu trekking alga kombu, galanga, molho de hoisin, missô, ágar-ágar, brotos de bambu, enokitake, pandan e óleo de gergelim.

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