Recuperação pós-parto e lactância: Guia da mãe atleta outdoor

De grande parte do conteúdo de esportes, seja ele outdoor ou mesmo os tradicionais (que algumas pessoas já o chamam de urbanos), pouco se escreve sobre como é a recuperação pós-parto de pessoas que praticam atividades físicas.

Algumas perguntas como o tempo de recuperação física, cuidados específicos no pós-parto, exercícios na lactância, entre outras, são constantes. Portanto a motivação deste artigo é isso: servir de orientação para quem já é mãe com a criança no colo e para as que recentemente descobriram a gravidez.

A preocupação com a recuperação pós-parto é por um motivo simples e natural: os hormônios. O aumento de hormônios no corpo feminino causa várias modificações no corpo feminino, fazendo com que leve certo tempo para voltar “ao normal”. Por “normal”, não entenda como se a mulher grávida fosse algo “anormal”, mas como o estado físico que a mulher está acostumada a ter. Este estado físico é o que ela sente no momento de fazer suas atividades físicas como trekking, hiking, escaladas, entre outras.

Os nove meses de gestação são muito especiais. Tanto mentalmente, quando os pais passam por reflexões a respeito de suas próprias vidas, mas também físicas. São nove meses intensos e que no começo da gestação, as mudanças físicas não são tão aparentes, porque o bebê ainda é menor do que um grão de arroz. As alterações dependem do organismo de cada uma mas, em geral, a barriga fica saliente por volta do quinto mês.

Tempo médio de recuperação pós-parto

Foto: https://endurancemama.com/

Para quem é fanático pela atividade física que pratica, a primeira pergunta durante os meses de gestação é: quanto tempo demorarei para recuperar meu estado físico? Deixando claro que a pergunta não e necessariamente estética, mas técnica. Por que técnica? Simples, uma escaladora, por exemplo, deseja saber quanto voltará a fica leve para executar as vias que estava acostumada. Porque, claro, não é por ser mãe que ela deixará de lado aquele projeto no esporte.

Para quem pratica trekking, o mesmo. Saber quanto tempo o corpo demora a ficar como antes, permitirá planejar alguma travessia ou mesmo um hiking com a família. Como foi dito no filme “O Segredo dos Seus Olhos”, o ser humano, tanto homens e mulheres, consegue esquecer tudo, menos as suas paixões. Com qualquer atividade outdoor não tem como ser diferente.

Tecnicamente falando, o pós-parto é a etapa de transição no qual a mãe e seu filho)a) passam de estreita relação que existia na gravidez, para um período maior de autonomia de ambos. Nesta situação, cada mulher experimenta mudanças profundas profundas. Mudanças psicológicas e físicas. Sem dúvida, são novas emoções, sentimentos e responsabilidades, além das mudanças sensíveis na fisiologia da mãe até o retorno a uma condição semelhante à que possuía antes da gravidez. Neste ponto é importante destacar: o exercício físico é importante para isso.

Portanto, a recuperação pós-parto é feita concomitantemente com os exercícios, que devem ser introduzidos de maneira gradual. Da mesma maneira que o bebê cresceu devagarinho, com tamanho de grãos de arroz, indo crescendo até chegar ao tamanho que nasce, o mesmo deve acontecer com as cargas de exercícios. Este cuidado tem uma explicação científica: lassitude das articulações. Em outras palavras é uma maior elasticidade nos ligamentos e articulações. Isso acontece para que o corpo da mulher consiga ser submetido a movimentos mais amplos, permitido pela liberação de hormônios durante a gestação. Por este motivo, mães recentes podem sofrer torções de tornozelo, joelho, deslocamento de ombros e dedos.

Em geral, na média das pessoas analisadas em pesquisas científicas, a lassitude das articulações e ligamentos podem permanecer na mulher até 12 semanas após o parto. Lembrando que cada organismo é diferente do outro, portanto para planejar a volta às atividades físicas um médico deve ser consultado. Além disso, quando voltar ás atividades físicas, o acompanhamento de um profissional de educação física é imprescindível. lembrando que se lesionar por imprudência, será mais tempo afastada da atividade que gosta.

Alguns cuidados básicos, além dos citados acima, também devem ser tomados. No período pós-parto, a mulher que estiver voltando às atividades físicas não deve esquecer de beber abundantemente água e líquidos e manter hábitos nutricionais saudáveis. Estes dois aspectos adicionais farão a volta às atividades normais mais eficiente.

Lactância e exercícios

Apesar de ainda ser um tabu, muitos médicos afirmam que a lactância materna e a prática de exercícios não somente são compatíveis, como também proporciona vários benefícios dentro do objetivo de recuperação pós-parto. Pesquisas científicas recentes, apontaram que uma mulher que amamenta seu filho(a) e realiza exercícios físicos, acaba recuperando o seu peso pré-gravidez mais rapidamente que uma lactante sedentária. Portanto, além de fazer bem ao filho(a), amamentar junto ao período de exercícios, ajuda na estratégia de perder peso e voltar à ativa.

Além disso, o período de lactância com exercícios físicos elimina a gordura acumulada durante a gravidez. Colaborando assim para que haja, inclusive, uma maior definição muscular da mãe. Junto a esta vantagem, praticar exercícios no período de lactância ajuda a melhorar a capacidade cardiovascular, aumenta a flexibilidade, calcificação dos ossos e aumenta a imunidade (o que é também importante para o próprio bebê).

Existe uma lenda de que praticar exercícios diminui o volume de leite. Mas não há nenhum estudo científico neste aspecto, nem mesmo sobre a composição do leite. Porém, de acordo com o relato de médicos que trataram atletas que se tornaram mães, não houve relatos de nenhum histórico de que o volume, ou mesmo a composição nutricional do leite, foram afetados. Mas existe também uma contrapartida. Para mulheres que eram sedentárias antes do parto, ou praticantes esporádicas, e que voltam a praticar a atividade de maneira intensa após a gravidez, há uma sensível diminuição da lactose e incremento de ácido lático.

Esta diminuição causa um gosto mais amargo no leite, fazendo alguns bebês dispensarem o peito da mãe. Esta “dispensa” é relativamente temporária, pois com o tempo o bebê acaba acostumando o novo sabor.

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