Por que é importante fazer vídeos de ascensões na escalada?

Para evidências, aprendizado e impacto na mídia, por que é importante registrar enquanto você escala seus projetos? Você já se perguntou?

Os vídeos e documentários de escalada têm um grande sucesso na mídia. Deve existir poucos escaladores que não “alimentem a alma” assistindo a vídeos de primeiras ascensões e cadenas de vias. Até mesmo as produções de vídeo artesanais, com baixo orçamento, mas muita inspiração, são um sucesso dentro da comunidade de escalada.

Dentro do ambiente profissional, os escaladores geralmente registram as tentativas e cadenas de seus projetos. As razões são muitas: demonstrar os movimentos, aprender e melhor a técnica e precisão, além de ter evidências de sua realização. Sim, porque existem muitos escaladores que mentem, para se proteger dos próprios fracassos.

Obviamente, é muito mais fácil de gravar a si mesmo subindo um boulder que outros estilos de escalada, com uma câmara simples (incluindo celular) se instala em um lugar estratégico onde você vê a linha, aperta play, escala e, em seguida, para o vídeo Na escalada esportiva também pode ser simples, mas geralmente é preciso alguém para nos gravar. Nos estilos clássicos de escalada, de várias enfiadas, móvel e outros, a gravação da escalada é um pouco mais complicada e requer uma equipe maior. Na verdade, os vídeos de escaladas mais abundantes no YouTube, por exemplo, são em boulder e em segundo lugar vias esportivas.

Mas é realmente fundamental registrar nossas cadenas? Digamos que isso depende um pouco do estilo de escalada e da via em questão.

Evidência

“Se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir, será que faz um som?”. Todos já devem ter escutado esta questão que é um experimento mental e filosófico, que levanta dúvidas sobre a observação e o conhecimento da realidade. A reflexao foi feita pelo filósofo George Berkeley, propõe em sua obra “Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano”.

Quando precisamos realmente de provas das vias que escalamos? Provavelmente, quando se trata de uma linha de alto grau (acima de 10° brasileiro), especialmente quando é o grau limite dentro da área ou comunidade em que é escalonado. Ou seja, quando a cadena é conquistada pode marcar um antes e um depois na história desse esporte. Parece cruel? Pode até ser, mas já terminando a segunda década do século XXI, desculpas de que não há ninguém filmando quando se tenta escalar um grau que é limite na sua comunidade, como um 11c brasileiro (país que seu limite alcançado é um 12a confirmado até hoje) a filmagem é quase tão importante quanto a corda.

É triste, mas é verdade. Dentro da comunidade de escalada, presumimos valores como companheirismo, motivação, trabalho em equipe, superação e competição saudável. No entanto, como em todos os esportes, tem acontecido que os escaladores alegam ter feito a primeira ascensão a uma rota de grau máximo e que, no entanto, há uma certa desconfiança por parte da comunidade, que não tem palavras suficientes para aceitar a conquista. Resumindo: Faltam provas.

Por esta razão, muitos escaladores de alto rendimento registram em vídeo quantas vezes forem necessárias, até que consigam a cadena e que ela esteja registrada. Assim, não há dúvida de que a conquista foi alcançada.

Aprendizado

 

Independentemente do grau e do estilo, se ver executando os movimentos em nossos projetos, nos permite detectar o que, e onde, estamos falhando. Isso é algo que é feito em muitos esportes e disciplinas. Por exemplo, os bailarinos ensaiam suas coreografias na frente dos espelhos e a razão não é apenas poder observar seus colegas para fazê-lo em coordenação, mas também para se ver e assim poder melhorar.

E isso é um bom conselho: se você sentir algo preso em seu projeto, peça a alguém para gravar você. Seguramente irá aprender muito quando assistir os movimentos: precisão, ritmo, segurança, coordenação, fluência, tudo é gravado através da câmera.

Prestígio e impacto na mídia

Foto: Namuss Films

Uma coisa é evidente: se você quer ser um escalador profissional e receber patrocínios para isso, então as marcas precisam que, de uma maneira ou de outra, a comunidade veja você. Como já foi explicado em um artigo completo sobre como conseguir patrocínio, nenhuma marca vai atrás de você para patrocinar porque é “novinho”, “bonitinho” ou porque possui muito “potencial”. Ela quer aparecer, e o vídeo é a melhor maneira de fazer isso.

Então, fazer vídeos, mesmo que sejam caseiros, de qualidade sobre suas escaladas e projetos permitirá que atina mais público que seus “parças” de sempre e, portanto, que as marcas estejam interessadas nestas conquistas.

Mas atenção, é recomendável não esquecer que, além das selfies, das “curtidas” nas suas redes sociais (que podem ser pagas e as marcas sabem disso) e da sua fama dentro de sua comunidade, escalar é conectar-se com a natureza e seus limites físicos e mentais. Ser um atleta de escalada é crescer não apenas como atleta, mas como ser humano. Encontrar um equilíbrio entre sua própria experiência na escalada e seu impacto na mídia é importante.

Portanto, não acredite que a mídia social, com seus seguidores e curtidas compradas, pode se auto-aliimentar. Se você (ou melhor o seu vídeo) não aparecer na mídia (sites esportivos, programas de TV e jornais) ele não “existe”. Somente aparecer para seus “parças” faz de você “mais do mesmo”.

Contraindicações: E escalada à vista?

Uma desvantagem da proliferação de vídeos deste esporte é que, sem dúvida, a escalada à vista pode se tornar um verdadeiro desafio. Ao contrário de escalar em “flash”, onde alguém pode dizer como é a via e até mesmo ditar quais movimentos deve fazer, a escalada à vista é procurar uma via sem saber nada sobre ela antes de tentar. Nessa modalidade há apenas uma tentativa: ou a cadena ou a queda.

Agora, com os vídeos, isso pode ser mais difícil. Falar de uma “primeira ascensão à vista” para uma via de alta dificuldade pode não ser inteiramente verdadeiro se o escalador já tiver estudado os vídeos nessa linha. Claro, isso acontece mais com as vias famosas (“La Rambla”, na Espanha, ou, “Sendero Luminoso”, no México).

Mas algo é indiscutível, quanto mais vídeos de escalada estiverem disponíveis em diferentes plataformas, mais difícil será nos convencer de que alguém realmente fez uma primeira ascensão sem a existência de um.

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