Planificação de treinamento: Por que toda pessoa precisa de um?

Para entrar em forma para qualquer atividade, é necessário haver um planejamento que facilite chegar aos objetivos. Praticamente em todas as faculdades de Educação Física, o planejamento de preparação física é ensinado à exaustão. O motivo é relativamente simples: toda pessoa necessita de uma planificação de seus treinamentos. Como explicado aqui na Revista Blog de Escalada, existem várias estratégias e filosofias. Explicar todas em um artigo somente deixaria o conteúdo muito extenso.

Para um bom planejamento não é necessário somente o profissional educador físico. Também é necessário que este profissional esteja alinhado com os objetivos propostos pelo praticante. Além disso, saber sobre novas técnicas e filosofias, assim como as exigências do esporte em questão, é fundamental para um bom planejamento. Por que isso? Porque de nada vai servir um profissional de Educação Física que domina conceitos e exigências de um determinado esporte que existiam há 15 anos.

Portanto a maneira com a qual o profissional visualiza o esporte é fundamental para que os objetivos do planejamento sejam eficazes. Quanto mais de alto rendimento for o objetivo do atleta, maior também é a exigência do preparador físico. Este nível de exigência é comum em todas as profissões, pois quanto mais competitivo é a área, maior é a pressão e a exigência por resultados.

Independente do nível de exigência, desde uma prática rotineira até treinamentos de atletas de alto nível, o planejamento é fundamental. Essa afirmação muitos veículos afirmam como um mantra, mas você sabe os reais motivos?

Prevenção de lesões

Estima-se que aproximadamente 60 a 70% de todas as lesões em práticas esportivas sejam causadas por uma mudança repentina na intensidade, frequência e duração dos treinos. Especialmente quando não há monitoramento de um profissional. Em outras palavras, a melhor maneira de permanecer livre de lesões é ter um plano de treinamento e cumpri-lo. Parece simples, mas poucas pessoas seguem esta regra à risca.

Todo plano de treinamento de qualidade é feito de maneira particular, pois não funciona como receita de bolo, e, preferencialmente, descrito de maneira completa: aquecimento, desenvolvimento e rotinas de fim de treino. Por que todo esse cuidado? Para evitar o máximo as lesões e criar um ambiente de evolução fisiológica no atleta. Acompanhando o rendimento, o profissional de educação física pode ir fazendo ajustes no decorrer do planejamento, caso seja necessário.

Antes de atingir o objetivo, o atleta deve ter em mente que deve evitar a lesão. Para isso deve respeitar o ritmo de evolução de seu próprio organismo e comparar seu rendimento somente com seus próprios resultados, não com o de outra pessoa. Para chegar a ter o rendimento igual ao de uma outra pessoa, como um atleta de alto rendimento ou mesmo um campeão local, há um tempo hábil para evolução e uma evolução necessária em vários degraus, os quais foram estabelecidos pelo profissional de educação física.

A estratégia quem define é o profissional de educação física, mas a disciplina para segui-la depende 100% de quem está treinando.

Determinação da frequência

Um plano de treinamento precisa se adequar à vida do atleta e ser realista na expectativa. Por mais glamouroso que seja atingir um nível de alto rendimento, há de ser realista. Por exemplo, se uma pessoa é um atleta com rendimento acima da média no local que mora, mas em um nível muito abaixo da elite do esporte em todo o mundo, ambicionar reverter este quadro em aproximadamente um ou dois anos é sonhar alto demais. Planos de treinamento levam em conta a sua evolução, mas não são receitas para milagres.

Para a maioria dos atletas amadores, treinar três dias por semana é recomendado, pois fornece estímulo de treinamento suficiente para o desenvolvimento sem aumentar significativamente o risco de lesões. Atletas de alto rendimento, conhecidos como profissionais ou de elite, possuem treinamento em mais dias, porém todos eles planejados e adaptados à rotina do atleta.

Se um atleta é mais experiente e capaz de treinar quatro a cinco dias por semana, é imprescindível que faça um plano de treinamento para isso. O que não pode acontecer em um caso deste, é desnecessário expor o corpo a um treinamento irregular. Lembre-se: treinamento inadequado é a principal causa de lesões.

Determinação do ritmo

Muitos atletas amadores possuem internalizados seu próprio ritmo de treinamento. A preparação para algum objetivo atlético, no entanto, não consiste apenas em fazer o treinamento o mais rápido a cada sessão. Entre 50% e 70% de um bom plano de treinamento a pessoa deve correr mais devagar e ir aumentando o próprio ritmo.

Visualmente é interessante ver uma pessoa treinando a um ritmo muito maior que as outras pessoas ao seu redor. Porém para que esta pessoa chegue a este ritmo, foi necessário planejar e não somente acelerar. Tentar imitar o ritmo de treinamento de uma pessoa que já possui seu planejamento, é um erro clássico de síndrome de superioridade ilusória.

O ritmo é consequência direta do planejamento e não da potência muscular.

Determinação da intensidade

Obviamente, o ritmo é um fator determinante da intensidade de uma sessão de treinamento. A intensidade planejada é que determina o número de intervalos que em uma sessão de repetição ou o tempo de descanso entre os intervalos.

Neste aspecto é que o atleta deve contar com a ajuda de um especialista na disciplina que quer treinar. Pois é na intensidade imposta nos treinos que a pessoa se sente mais perto, ou mais longe, do objetivo final. Para isso o profissional de educação física irá um plano de treinamento personalizado e, ao mesmo tempo, levar em conta sua experiência no esporte, níveis atuais de condicionamento físico e histórico de lesões.

O principal argumento é que um profissional assim é caro e que “já sabe pela experiência o que necessita”. Um erro duplo, pois isso pode não ser tão caro quanto se pensa. Estes profissionais simplesmente o colocarão no caminho certo e estarão lá se tiver dúvidas.