A ilusão mais comum do escalador iniciante é acreditar que no momento que encadenar uma via de determinado grau de dificuldade, automaticamente todas as outras vias com a mesma graduação passarão a também serem encadenadas. Quem pratica o esporte por bastante tempo sabe que há uma diferença enorme entre as duas coisas.
Especialmente se a via encadenada não é de um grau elevado (leia-se acima de 10º grau brasileiro).
Para uma evolução sustentável (ou seja que não “evapore” com o tempo) é necessário aplicar o método de pirâmide. Uma filosofia de encadenamentos que é usada por atletas de elite na Europa.
Para começar a usar a filosofia da pirâmide na escalada é necessário antes perguntar-se:
- Quanto tempo você fica na sua zona de conforto?
- Está muito difícil sair da comodidade para evoluir no grau de escalada que se encontra?
- Não consegue encontrar motivação para encontrar projetos novos?
- Sobra desculpas quando te convidam a entrar em uma via difícil?
Respondendo a estas perguntas fica muito mais fácil saber que evoluir da escalada é também fruto de um bom planejamento.
Método da Pirâmide
O método da pirâmide é relativamente simples de compreender. Primeiramente desenhe em um papel uma pirâmide e a divida em 16 partes iguais.
Na base coloque o grau que você escala facilmente e de maneira cômoda à vista. Preferencialmente que encadene com poucas intentos (três tentativas ou menos).
Estabelecido este tipo de parâmetro começamos a subir o grau até o topo da pirâmide. O resultado obviamente é um grau alto (mas que não seja impossível).
No momento que acabar de desenhar terá feito o seu “plano de projetos de escalada”. A partir de estabelecido isso procure escalar cada um dos quadrados. Preferencialmente vá anotando as vias/setores/lugares. Importante lembrar que escalar seis vezes a mesma via não conta para subir um nível na pirâmide.
Um dos segredos de evoluir rapidamente é buscar encadenar vias não conhecidas nem encadenadas anteriormente. Saber os movimentos de uma via de memória apenas mascara a sua escalada. Por isso buscar lugares novos com vias novas é fundamental para uma evolução orgânica e natural.
Muito importante para este tipo de metodologia funcionar é o escalador ser honesto consigo mesmo pois o importante neste método é não deixar-se desviar do objetivo que é evoluir de maneira sustentável. Por isso a maneira que irá encadenar as vias da base é que influem na maneira de que busque subir um nível na sua pirâmide.
Pirâmides baseadas em vias à vista, mesmo com graus na base relativamente baixos para o seu objetivo final, são as que melhor resultados tem a longo prazo.
Para pirâmides na qual a base não são vias encadenadas à vista algumas “regras” devem ser seguidas:
- Na escolha das vias da base tenha em mente que as vias devem ser encadenadas com no máximo três tentativas
- Para cada nível superior na pirâmide dobre o número de tentativas do nível inferior
- Não faça tentativas em vias de grau superior até conseguir realizar todas do nível que se encontra
Uma outra coisa importante a se destacar que este tipo de metodologia não é para ser realizada em apenas um dia de escalada. Deve ser aplicada como uma espécie objetivo trimestral/semestral/anual de treinamento.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.