Pesquisadores desenvolvem tecido inovador que libera calor somente quando usuário transpira

O tecido usado para roupas outdoor pode passar por uma verdadeira revolução. Pesquisadores da Duke University na Carolina do Norte, EUA, desenvolveram um material têxtil leve que retém a energia térmica quando o corpo está seco, mas que abre uma série de minúsculas grades de ventilação para permitir o calor escapar quando uma pessoa começa a suar. Essas aberturas são fechadas novamente para reter o calor assim que a pessoa seque novamente.

A descrição do produto está publicada na revista Science Advances, revista científica de acesso aberto multidisciplinar e revisada por pares, e, segundo os pesquisadores, por usar a física em vez da eletrônica para criar as aberturas, o material tem potencial como complemento em vários tipos de roupas para ajudar a manter o usuário confortável em uma ampla gama de situações.

Os praticantes de trekking em climas frios costumam usar o sistema de camadas para que possam ajustar a quantidade de calor que suas roupas retém à medida que seu corpo se aquece. “Mas ao colocar estrategicamente complementos de um material que pode deixar o calor sair quando uma pessoa está suando, você poderia pensar em fazer um tecido de uma peça que funciona para tudo”, explica Po-Chun Hsu, professor adjunto de engenharia mecânica e ciência dos materiais em Duke.

Em seus experimentos, Hsu usou o nylon, considerado um material barato, leve e macio que, se cortado em abas, dobra-se um pouco quando um dos lados é exposto à umidade. Para aumentar o calor do nylon, ele acrescentou uma camada muito fina de prata de 50 nanômetros (2.000 vezes mais fina do que uma folha de papel) capaz de reter o calor.

Para sua surpresa, ele descobriu que a adição de prata fazia com que as abas, que abriam e fechavam, se curvassem ainda mais. O que aconteceu foi que a prata encolhe e o náilon se expande. Assim os pesquisadores criaram um complemento do tamanho de uma mão humana com abas de alguns milímetros (mais ou menos do tamanho de uma unha).

Comparado a um tecido tradicional, geralmente sendo uma mistura de poliéster e elastano, o protótipo é 16% mais quente quando seco com as abas fechadas e 14% mais frio quando molhado com as abas abertas. Juntos, o híbrido de nylon e prata pode expandir a zona de conforto térmico em 30%.

De acordo com Hsu, essa abordagem tem vantagens sobre os métodos atuais de ventilação do calor, como zíperes sob as axilas. “Queremos que sejam ventiladas as partes do corpo que mais suam, que não são necessariamente as axilas”, explica Hsu: “O tórax e as costas precisam de mais ventilação, mas o esforço para abrir essas áreas, se houver zíperes, é quase o mesmo que tirar a roupa. ”

A equipe agora está trabalhando para tornar as aberturas o menor possível sem perder eficiência e explorando o uso de uma camada superior de nano componentes para que o material seja de qualquer cor sem alterar seus atributos térmicos.

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