Pacific Crest Trail – O inverno chegou

Após dois dias em Kennedy Meadows esperando a tempestade passar, não tivemos sorte, então decidimos seguir adiante. Acampamos no início da trilha e partimos no dia seguinte bem cedo em dois grupos de oito pessoas.

Nós fomos os primeiros grupos da temporada a encarar a subida das montanhas, o que foi um grande desafio, já que não conseguíamos ver a trilha graças à neve que não parava de cair – e que, insistentemente, nos acompanhou durante todo o nosso trajeto. Utilizamos de todos os recursos que tínhamos para “refazer” a trilha: mapa, carta topográfica e até GPS, quando possível.

Foto: André Fuão

Nos três primeiros dias fizemos cerca de 100 km, entre as 5h da manhã e 18h. A temperatura alcançou os -17°C durante a madrugada e nossa técnica para driblar o frio foi dormir com todas as nossas roupas e em duplas nas barracas, buscando nos manter aquecidos o máximo que pudemos.

Com a neve batendo nas canelas eu e meu grupo chegamos por uma trilha lateral ao pé do Mount Withney (4.421 m), a segunda montanha mais alta dos EUA, atrás apenas do Monte Denali (6.190 m), no Alasca. O outro grupo que estava logo atrás de nós acabou desistindo da escalada.

Foto: André Fuão

Saíamos a 1:30 da manhã com a neve acima dos joelhos e abrimos caminho ao longo dos 13 km de onde estávamos acampados até a base do Mount Whitney, sempre com o mapa ao nosso lado.

Iniciamos a escalada no paredão vertical utilizando o nosso equipamento especial: crampons, piqueta e óculos escuros – muito importante!

Por sermos os primeiros da temporada a percorrer aquele caminho precisamos usar uma força extra para chutar o paredão na hora de escalar e deixar o caminho marcado para quem vinha logo atrás. Isso resultou em dedos do pé congelados e muita dor.

Foto: André Fuão

Sete horas depois do início dessa aventura pelo monte mais alto da zona continental dos EUA, a apenas 100 metros do topo, tivemos que desistir pois a neve não deu trégua. Descer foi outra aventura, já que fomos deslizando paredão abaixo utilizando a piqueta para frear.

Chegando ao nosso abrigo mais próximo vimos o resultado desse nosso momento de loucura: três das cinco pessoas que tentaram fazer a escalada acabaram com “frostbites” (em inglês, o congelamento de uma parte do corpo devido à exposição ao frio extremo) nos dedos do pé.

Foto: André Fuão

Ao tentarmos alcançar a cidade mais próxima fomos pegos de surpresa por mais uma tempestade de neve, que adiou em mais um dia a nossa programação. Chegando à cidade de Bishop fomos direto para o hospital e recebemos ordens médicas de repousar durante uma semana para deixar os pés descansarem.

Até a próxima semana! Continue acompanhando minha aventura, que só é possível graças ao patrocínio do Superbid.

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