Pacific Crest Trail – O fim da jornada

Na última semana, já tinha começado a minha caminhada pelo estado de Washington, ainda nos EUA. Nesta parte final do meu trajeto, fiquei fazendo cálculos para saber em que dia eu chegaria no Canadá, porque não seria somente atravessar a fronteira dos EUA com o Canadá, ainda precisaria andar mais 12 km para chegar até o Manning Park, que é o ponto final da PCT.

Eu continuando andando em média 40 km/dia nos últimos três dias. Durante esse período, eu conheci um menino de 17 ano que estava fazendo apenas a parte de Washington da trilha e já estava caminhando a um mês. Nós dois andamos junto alguns dias e fomos comprar comida em Stehekin, uma cidade pequena que fica no condado de Chelan, a noroeste do lago homônimo; conheci o pai do Kobe, o filho dele, comemos juntos e ainda ganhei um camping.

No dia seguinte, eu já voltei para o meu trajeto, faltando quatro dias para chegar no meu objetivo. Seguindo o planejamento, comecei a andar forte todo dia, e as manhãs começaram a ficar mais frias, pois o inverno estava chegando mais cedo e eu já estava chegando perto do Canadá. Uma sorte que tive é que a chuva só aparecia bem raramente, o que ajudou nas caminhadas.

Nas minhas contas, eu vi que chegaria em uma quinta-feira, então conferi se tinha todas as permissões necessárias para entrar no Canadá a pé, pois ocorre de muitas pessoas não terem os documentos e, mesmo já chegando até a fronteira, precisam voltar uns 50 km até a última cidade nos Estados Unidos para pegar carona.

No último dia, eu encontrei a galera voltando, porque eles não tinham as tais permissões. Durante esse trecho havia um clima de festa, todos que passavam me davam parabéns e eu também cumprimentava eles, já sabendo que todo o pessoal tinha completado a trilha e agora estavam voltando para casa. Nesse momento de alegria que eu comecei a refletir sobre todo o tempo que vivi desde o começo dessa jornada, todas as dificuldades que eu tive e todas as pessoas que eu tive a oportunidade de conhecer e compartilhar a mesma experiência.

Eu me vi sozinho neste instante, principalmente porque eu fiz a Pacific Crest Trail quase sempre na companhia de alguém: com um grupo de pessoas ou com os amigos que eu conheci na trilha, e em Washington eu já estava sozinho. Mas foi ótimo, eu tive a oportunidade de pensar em tudo que eu queria, em todos os processos que gostaria de otimizar no Brasil, de desenvolver estratégias para depois da viagem, para quando eu voltasse e o que eu queria realmente fazer depois de tudo isso.

Foi quando também lembrei dos momentos de maior dificuldade que passei, desde três antes do começo da PCT, quando tive uma lesão e rompi o ligamento do joelho direito – por conta disso os primeiros meses foram de muita dor e ficava em dúvida se conseguiria continuar a caminhada. Outro momento bastante difícil foi quando tive o pé congelado, e na consulta médica me foi recomendado não ir para a neve por seis meses, e mesmo assim continuei a jornada somente cinco dias depois do incidente, cuidando do ferimento para que ele não piorasse e segurando a dor por meses.

Em um dia eu andei apenas 20 km para chegar na fronteira, faltando somente 12 km para o final. Só que, quando eu cheguei na divisa, ainda eram meio-dia e não tinha ninguém. Como eu queria tirar uma foto de comemoração, fiquei esperando durante quatro horas alguém passar. Enquanto aguardava, fiquei curtindo o momento e a conquista com uma cerveja que eu trouxe por todo o caminho, até que passou uma menina por lá, que estava caminhando somente pelo trecho de Washington. Foto tirada, todos nós fomos dormir no acampamento que ficava apenas 500 metros da fronteira.

Na quinta-feira de manhã, acordei ansioso para chegar no Manning Park e finalizar esta etapa. Como só faltavam 12 km, fiz o trecho em duas horas e cheguei no parque, que fica a cerca de duas horas a oeste de Vancouver, em British Columbia. Chegando lá, fomos recebidos no resort, que disponibilizou o spa para utilizarmos, com hidromassagem, piscina e banhos, para que pudéssemos nos limpar de tudo o que enfrentamos!

Após comemorar com o pessoal no resort, fui para a beira da estrada pegar a última carona para Vancouver. Em dois minutos já estava em um carro indo para a cidade, direto para a casa de um amigo, e não poderia ter terminado tudo isso de maneira melhor.

Obrigado a cada um de vocês que escolheram acompanhar a minha aventura nas últimas semanas e estarem comigo tanto nos momentos mais difíceis como nos momentos mais incríveis.

O apoio que recebi de todos foi fundamental para concluir a Pacific Crest Trail! Agradeço também ao patrocínio do Superbid*, que foi fundamental para que esse feito, que ficará marcado para sempre em minha memória, fosse possível.

Nos vemos em breve, pessoal!

*O Superbid Marketplace é uma plataforma com soluções e múltiplas modalidades de transações online.

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