A viagem está cada vez mais desafiadora. Estamos em Mammoth, uma vila localizada no condado de Mono, na Califórnia. Chegar aqui não foi nada fácil. De Bishop até aqui, percorremos 130 milhas, um dos maiores passes (caminhada para cruzar a montanha de um lado a outro, passando pelo topo). Para se ter uma ideia, alguns passes tinham mais de 3 mil metros de altura todos os dias, com ganhos de elevação diários de mil metros pela neve.
Todo o trajeto é repleto de neve e longas subidas por causa da região montanhosa, o que me chamou bastante a atenção. Quando retomamos a caminhada, não encontramos mais ninguém fazendo a travessia, pois ainda era início da temporada. Nesse período, o frio castiga demais e apenas o nosso grupo (total de 12 pessoas) era maluco o suficiente para explorar o trajeto.
Andávamos 1 milha por hora, o que representa pouco mais de 1.500 metros, o dia todo. A neve é muito fofa e as montanhas bem altas, entre 3.000 e 4.000 metros. O desgaste de energia era grande para pouca andança. Não encontramos ninguém e também não fomos vistos ao longo de dez dias de percurso.
Tentávamos nos ajudar de todas as formas, mas tivemos muitos problemas. As pessoas continuavam sofrendo com ardência nos olhos e pés congelados, além de quedas que, por sorte, não passaram de escoriações leves.
Para dificultar ainda mais, perdi os óculos escuros. Imagine realizar as atividades diárias e continuar o trajeto com a luz solar refletindo na neve e sem proteção para os olhos? Essa exposição queimou a membrana externa ( a parte branca) do meu olho. A sensação é a pior do mundo. Os olhos ficam lacrimejando o tempo todo e a cada piscada, parece que estão cheios de areia.
Chegando em Mammoth, fui na farmácia procurar medicamentos com outra menina que estava no nosso grupo e sofreu com o mesmo problema. Como a cidade é repleta de turistas e escaladores que já passaram por situação semelhante, já sabiam me indicar o remédio certo. Passei três dias usando colírio e um óculos reserva que comprei até conseguir enxergar direito.
Estamos saindo de Mammoth em direção à, maior cidade do estado americano de Connecticut, nosso próximo objetivo. Os desafios desse percurso são degelo e as travessias de rio. Estou bem animado! Continue acompanhando minha aventura nas próximas semanas, que só é possível graças ao patrocínio do Superbid*.
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Brasiliense de 24 anos é formado em Comércio Exterior pelo Mackenzie. A paixão do atleta pelo trekking começou aos 18 anos, quando ele escalou seu primeiro vulcão, na Bolívia. Desde então, tem enfrentado quilômetros de trilhas em todas as partes do mundo, passando pela América do Sul, Europa e Ásia.