Saímos da trilha e conseguimos uma carona para a cidade de Bishop, a cidade norte-americana da escalada, onde trocamos trabalho por hospedagem no hostel Califórnia.
Como falei no texto anterior, fui para o hospital assim que cheguei à cidade e recebi a recomendação de duas semanas de repouso do médico, que, claro, não foi atendida devido às circunstâncias. Com cinco dias de repouso e a promessa de que compraria botas de neve novas, fui liberado.
No hostel encontrei muitos hikkers que encararam (ou pelo menos tentaram) a subida da Mount Whitney, todos machucados.
Muitos tinham bolhas no rosto, causadas pela exposição ao sol, lábio queimado por causa do frio, “frostbites” (em inglês, o congelamento de uma parte do corpo devido à exposição ao frio extremo) e fratura por estresse.
Enquanto descansávamos no hostel, já estávamos planejando nossos próximos passos: compramos meias à prova d’água e botas de montanhismo e separamos 11 dias de comida para enfrentar as 130 milhas de Bishop até Mammoth.
Com 45 kg de mochila nas costas e muita neve sob os nossos pés (machucados, não se esqueçam), essa travessia prometia não ser nada fácil. Além disso, os mais 3 mil metros de altitude durante todo o tempo não melhoraram nossa situação.
Nossa estratégia foi começar a subida às 5 horas da manhã, quando ainda estava bem frio, para pegarmos o gelo ainda firme e descer nos horários com pico de calor, para a neve derretida facilitar o caminho.
Devido ao ferimento no pé eu precisei trocar de meia a cada hora, pois o tênis e as meias acabam congelando com o frio. Pela manhã nós ligávamos o fogareiro para esquentar e descongelar as botas para que pudéssemos amenizar (mas não eliminar, infelizmente) a dor na hora de calçá-las.
Essa semana foi repleta de desafios, com muitos passes difíceis e momentos de alto risco. Continue acompanhando minha aventura nas próximas semana, que só é possível graças ao patrocínio do Superbid

Brasiliense de 24 anos é formado em Comércio Exterior pelo Mackenzie. A paixão do atleta pelo trekking começou aos 18 anos, quando ele escalou seu primeiro vulcão, na Bolívia. Desde então, tem enfrentado quilômetros de trilhas em todas as partes do mundo, passando pela América do Sul, Europa e Ásia.