O desenho de mais um desastre por conta do COVID-19 está se formando no Campo Base do Everest (5 364 m). Mais um caso de infeção foi confirmado: o britânico Steve Davis, um cliente da equipe Elite Himalayan de Nirmal Purja.
Davis foi inicialmente diagnosticado com Edema Pulmonar de Grande Altitude (EPGA) e levado de helicóptero para se recuperar. “Estou bem, exceto pela sensação de ter sido atropelado por um iaque”, disse ele na época, ainda esperando que se recuperasse em quatro a cinco dias. O EPGA é responsável pela maioria das mortes devido ao mal de altitude.
Ontem Steve Davis compartilhou a seguinte mensagem em seu twitter “Peguei COVID e pneumonia”. De acordo com testemunhas do Campo Base do Everest, que teve contato direto com os infectados, bem como alguns grupos, estão isolados e monitorados.
Este é o terceiro caso confirmado de COVID-19 no acampamento base do Everest, antes de Davis, o holandês Erlend Ness e uma pessoa da Índia ainda não identificada. De acordo com a jornalista especializada em montanhismo Angela Benavides, declarou em sua conta de twitter que há boatos de vários outros.
O governo nepalês não emitiu qualquer aviso, mas pelo menos quatro resgates de pessoas infectadas com COVID-19 já ocorreram no Campo Base do Everest. Todos foram levados aos hospitais de Katmandu, capital do Nepal.
PCR falso e o Acampamento base do Everest
O Nepal processou mais autorizações de subir ao Monte Everest do que nunca nesta primavera e já perto de 400. Os últimos números publicados em 23 de abril eram de 394 permiss para o Monte Everest, ultrapassando os 382 permiss de 2019.
Uma das chaves para manter a pandemia sob controle no Campo Base do Everest era transformar cada grupo expedicionário em uma bolha, evitando a interação social tanto quanto possível.
Como acontece em países de terceiro mundo desde o início da pandemia, as medidas não estão sendo aplicadas com rigor, o que levanta preocupações sobre o risco de um surto descontrolado de COVID-19 em um local que a cada dia mais e mais pessoa chegam e o ar é rarefeito.
O jornal Kathmandu Post publicou que o Vale de Kathmandu impôs novas restrições de circulação devido ao aumento dos casos de coronavírus. As restrições afetam mobilidade, atividade comercial e escolas. Para aumentar a pressão e cima do governo do Nepal, autoridades nepalesas descobriram que um laboratório privado em Katmandu estava vendendo certificados de PCR falsos por US$ 70,00.
Assim, pessoas que estavam contaminadas e compraram o certificado falso podem ter ido para o Campo Base do Everest. Isso porque a nova regulamentação do Nepal para a prática de montanhismo exigia que turistas estrangeiros passassem por um teste PCR no Nepal no prazo de cinco dias após sua chegada.
O perfil de twitter Everest News publicou uma foto que demonstra que montanhistas, comerciantes e trabalhadores de hospedagens estão circulando por Katmandu sem usar máscaras.
No face mask. No social distancing. Climbers are heading towards Everest without following health protocols. Wear face mask or not locals and hoteliers are happy to see foreign climbers in a gap of two years. All expeditions including Everest were cancelled in 2020 due to covid19 pic.twitter.com/hJrfHv0loG
— Everest News (@Everest_NP) April 24, 2021
Bom dia! Só um comentário sobre o twit no fim da matéria: a foto é em Namche, não em Katmandu.