O que é (e o que não é) o estado ‘flow’ nos esportes

Se você pratica esporte já deve ter escutado falar do estado flow. A psicologia positiva começou como uma nova abordagem da psicologia em 1998. Conceitualmente, a psicologia positiva é o estudo científico do que torna “a vida mais digna de ser vivida”.

Dentro dela existe um conceito que vem sendo discutido frequentemente dentro da área de esportes, que é o estado ‘flow’ (alguns autores o traduzem como ‘fluxo’). Conceitualmente, o ‘flow’ é um estado psicológico especial de absorção total em uma tarefa. O estado ‘flow’ acontece em todas as áreas que demanda foco total da pessoa.

Analisando dentro do universo do esporte, quando em estado ‘flow’, atletas ficam totalmente focados no que estão fazendo. Pode parecer simples, mas é necessário que haja vários fatores para que o estado ‘flow’ ocorra e não é um estado fácil para a maioria das pessoas alcançar. Um exemplo clássico é o do atleta de alto rendimento

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O psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi foi quem desenvolveu o conceito de estado ‘flow’ na década de 1970, após investigar as experiências dos indivíduos durante momentos de envolvimento com uma atividade. Enquanto pesquisava o que contribuía para a felicidade e o sucesso humano, o psicólogo notou um padrão comportamental entre os pintores que se envolveriam tão obsessivamente no ato de criar arte, que podiam passar horas sem falar ou comer.

Os tipos de atividades inicialmente investigadas por Csikszentmihalyi eram diversas, variando de cirurgia a dança, xadrez e escalada. Apesar da diversidade de cenários, houve considerável consistência de respostas em relação ao que foi sentido durante momentos que se destacaram como especiais para o indivíduo.

O palpite de Csikszentmihalyi foi que a imersão na atividade em si, e não no produto final, foi o que motivou os artistas a criar.

A experiência pode ser conferida no seu livro “Fluir – A Psicologia Da Experiência Ótima Medidas Para Melhorar A Qualidade De Vida” (Flow: The Psychology of Optimal Experience). Csikszentmihalyi sugere que o estado ‘flow’, além de nos tornar mais felizes e bem-sucedidos, nos leva a um desempenho melhor. Em linguagem mais simples, o controle da consciência determina a qualidade de vida.

O que exatamente o estado ‘flow’ faz?

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Quando um atleta está no estado ‘flow’, os padrões químicos e elétricos no cérebro mudam levando-o ao seu estado ideal. Alterações ocorrem no cérebro que aceleram a tomada de decisões complexas.

O reconhecimento de padrões e a criatividade são aprimorados e ocorre uma impressionante variedade de alterações neuroquímicas, neuroanatômicas e fisiológicas que permitem aos atletas fazer as coisas melhores e mais rápidas. O estado ‘flow’ é a porta de entrada para o “mais” que a maioria dos atletas procura.

Porém, ficar na zona de conforto constantemente, pode fazer com que não alcancemos este estado. Para manter a experiência do estado ‘flow’, as tarefas devem ser constantemente desafiadoras, resultando em crescimento pessoal e desenvolvimento de habilidades. Portanto, a evolução de um atleta em qualquer esporte passa pelo estado ‘flow’.

Pessoas diferentes experimentam o estado ‘flow’ de maneira diferente. Csíkszentmihályi identificou oito características do estado ‘flow’:

  1. Foco completo na tarefa
  2. Clareza de objetivos e feedback imediato
  3. Equilíbrio entre habilidades e desafio
  4. Controle sobre suas ações
  5. Esforço e facilidade
  6. Percepção distorcida do tempo
  7. Ação e consciência se fundem
  8. A tarefa é intrinsecamente gratificante

O que não é estado ‘flow’

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Muitas pessoas estabeleceram termos como “alcançar o flow” ou “estar na vibe”, frequentemente usando-os quando se referem ao trabalho e à produtividade. Mas o estado é muito mais do que isso. É estar totalmente absorvido por uma atividade.

É possível treinar para entrar na zona, desafiando-se constantemente a tentar algo novo para aumentar ainda mais os limites, diminuindo a velocidade da mente. Entretanto, a vaidade ego devem ficar de lado.

O ‘flow’ é um estado ideal, no qual nos entregamos em uma tarefa, mas isso não significa desempenho ideal. As atividades que levam a uma experiência de estado ‘flow’ são chamadas de autotélicas (não possui propósito ou finalidade para além de si mesmo), porque são intrinsecamente motivadas, agradáveis e não em algum outro produto final.

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