O músculo PSOAS no montanhismo: estabilizador do corpo humano e do reflexo do medo

Quando abordamos preparação física para escalada e montanhismo, os músculos que mais recebem atenção de todos é o bíceps, peitoral, pernas, panturrilhas e adutor. Um bom preparador acaba vez ou outra incluindo o core. Entretanto poucos preparadores físicos da escalada no Brasil dão atenção especial ao psoas, o músculo mais profundo e estabilizador do corpo. Não que os educadores físicos não o conheçam, mas acabam não dando a importância necessária para treinamentos específicos do músculo psoas.

Para os próprios montanhistas, o psoas ainda é um ilustre desconhecido da maioria. Em terapias alternativas, é chamado de “músculo da alma”. Este músculo é um poderoso flexor do quadril e rotador externo do fêmur. Como dito no título da matéria, é o músculo um estabilizador e, além disso, o mais profundo do corpo humano, que afeta o equilíbrio do corpo, a amplitude de movimento articular e o funcionamento dos órgãos do abdômen.

Para que se tenha ideia de sua importância, basta dizer que é o único músculo que conecta a coluna vertebral (as cinco vértebras lombares) às pernas, o responsável por nos manter em pé e o que nos permite levantar as pernas para caminhar. Uma pessoa com o psoas saudável estabiliza a coluna e fornece suporte através do tronco, formando também um bom apoio para os órgãos abdominais. O músculo psoas transfere o peso de cima para baixo, transmitindo fluxos de energia em ambas as direções.

Por que para montanhistas e escaladores este músculo deve ser sempre trabalhado nos treinamentos? Simples, o músculo psoas é vital em todo movimento que envolve equilíbrio, rotação do tronco e pernas e, consequentemente, qualquer movimento geral do corpo.

Por ser este músculo constantemente usado para corrigir a estabilidade interna corporal, após algum tempo pode começar a perder flexibilidade e encurtar cronicamente, fazendo com que outros músculos do abdômen e das costas sejam forçados a compensar o equilíbrio. Esta compensação acaba causando lesões crônicas nas costas, quadril, joelhos ou pés.

Portanto, de modo bem resumido, o psoas é importante para a nossa saúde, vitalidade e bem-estar emocional.

Consequências de um PSOAS curto

O encurtamento do psoas causa uma tensão nas vértebras para baixo, fazendo uma pressão no disco e hiperlordose lombar (curvatura acentuada da coluna, de modo que o bumbum fica muito “arrebitado”). Esse problema pode causar dor lombar a longo prazo, causando também tensão na fossa ilíaca (uma das nove divisões da anatomia de superfície da parede abdominal) e na coxa.

Outro motivo que causa o encurtamento do músculo psoas é passar muitas horas sentado. Portanto, pessoas que trabalham no escritório, motoristas e estudantes, estão sujeitos a ter o músculo psoas encurtado. Se adicionarmos a este estilo de vida o fato de que muitas pessoas possuem uma postura corporal incorreta no uso do computador, ou por não usar um assento adequado, o efeito de encurtamento é multiplicado.

Uma das qualidades do músculo psoas é que ele diminui quando relaxado e aumenta durante o trabalho, ao contrário da maioria dos músculos. Esta é a razão pela qual um encurtamento surge no caso de pessoas sedentárias. No campo esportivo, ciclistas, spinning, escalada, triatlo, futebol, são os atletas que têm maior incidência nesse nível, principalmente devido ao constante movimento de flexão.

O músculo psoas e o medo

Estudos científicos recentes também consideram o psoas um órgão de percepção que literalmente incorpora nosso desejo mais profundo de sobreviver e florescer. Em outras palavras, este músculo é o principal mensageiro do sistema nervoso central, por isso também é considerado um porta-voz das emoções e que é responsável pelo “frio na barriga” em algumas situações. Isso ocorre porque o psoas está conectado ao diafragma, sendo afetado tanto na respiração quanto no reflexo do medo.

Se mantivermos constantemente o músculo psoas em tensão devido ao estresse, com o tempo ele começa a diminuir e a endurecer. Isso dificultará nossa postura e as funções dos órgãos que habitam o abdômen, levando a dores nas costas, ciática, problemas no disco, degeneração do quadril, períodos dolorosos ou problemas digestivos. Um psoas tenso envia sinais de tensão ao sistema nervoso, interfere no movimento dos fluidos e afeta a respiração diafragmática.

O psoas está tão intimamente envolvido em reações físicas e emocionais básicas que, quando estressado cronicamente, envia sinais contínuos de perigo para o corpo, para que possa afetar a depleção das glândulas suprarrenais e do sistema imunológico. Isso está intimamente ligado à reação ancestral de “fuga e fuga” que permite que os animais se defendam em uma situação perigosa, quando precisam enfrentar um agente externo.

Quanto mais flexíveis e fortes os psoas, mais nossa energia vital pode fluir através dos ossos, músculos e articulações. Daí a importância de o alongamento, após o tratamento realizado no nível osteopático ou na fisioterapia, desempenhar um grande papel em manter esse músculo em ótimas condições de flexibilidade.

Para a prevenção de encurtamento do psoas, são recomendadas as seguintes atividades:

  • Pilates – Os exercícios do pilates ajudam diretamente na postura e no equilíbrio corporal, liberação do iliopsoas e ajuda na amplitude e flexibilidade.
  • FisioterapiaAlguns exercícios de fisioterapia específicos para o músculo psoas, ajudam na prevenção de lesões e evitam o seu encurtamento.
  • MusculaçãoExercícios de musculação para os membros inferiores, contra uma resistência, ajudam no fortalecimento do músculo psoas.
  • Yoga Algumas posições de yoga trabalham para liberar tensões desnecessárias do psoas.

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