Frequentemente é publicado por veículos de comunicação, os quais não tem familiaridade com a escalada, confundir os termos “escalada livre” com “escalada em estilo solo”. Ambas as modalidades são diferentes mas, por algum motivo, quem não tem familiaridade com o esporte e, consequentemente sua história, acaba cometendo erros grosseiros.
Para identificar quem não tem intimidade nenhuma com o esporte, mas deseja vender a falsa imagem de “entendido”, basta verificar que esta mesma pessoa usa o termo “escalada livre” (Do inglês “free climbing”) para descrever a escalada em estilo solo (do inglês “free solo”).
Este é o erro típico de quem usa o Google translator para tradução destes termos. Quem confunde os dois termos, mesmo sem querer, presta um desserviço à sociedade como um todo, pois propaga conceitos errados vendidos como se fossem certos.
Entendendo a escalada
Antes de explicar o que é cada termo, é necessário explicar, historicamente falando, como era praticada a escalada em rocha até meados do século XX. Até esta época o esporte era praticado utilizando muitos poucos conceitos de ética que possuímos hoje.
À época o que interessava, prioritariamente, era chegar ao cume. A filosofia de Maquiavel de que “os fins justificam os meios” era usada sem o menor pudor pelos escaladores. Importante lembrar que este tipo de postura não quer dizer que tinham falha de caráter ou algo assim.
Com o passar dos anos, a cultura da escalada em rocha foi amadurecendo e chegou aos conjuntos de termos técnicos, nomenclaturas, técnicas e estilos que temos hoje. Confundir os dois termos é o equivalente a alguém escrever que futebol e futebol americano são parecidos.
Apenas tratando de escalada em rocha (ou seja, não abrangendo alpinismo e alta montanha), existem dois estilos: escalada artificial e escalada livre.
Escalada Artificial
A escalada artificial é um tipo de escalada na qual se utilizam algumas proteções artificiais (ganchos, degraus, fitas) para a progressão do escalador. Utilizando uma linguagem menos técnica, é quando o escalador pode agarrar nas fitas, pitons, pregos e outro tipo de equipamento que não seja a rocha propriamente dita.
Para esta progressão são utilizados equipamentos de segurança típicos deste estilo: Pitons, Cooperhead, cliff, etc. Originalmente, falando-se de escalada esportiva, muitas vias foram abertas mediante o uso da escalada artificial (a famosa abertura “de baixo para cima”).
Alguns locais de escalada tradicional, como a Pedra do Baú por exemplo, ficou convencionado com a comunidade local de escaladores que as vias aí somente seriam abertas de “baixo para cima”. Na convenção estabelecida, nunca seria praticada a conquista “de cima para baixo” (utilizando rapel).
Este tipo de convenção é estabelecido pelos escaladores locais de cada localidade. Mesmo que alguém não concorde, nada o autoriza a quebrar estas regras. Como não há uma lei formal (homologada pela justiça e etc), pode ser que o responsável por quebrar a ética local tenha de responder à própria comunidade de escalada.
Engana-se quem acredite que a escalada artificial é algo fácil e de quem não está preparado para o esporte. Alguns lugares possuem paredes extremamente lisas e, por isso, somente é escalável neste estilo. A própria “Dawn Wall”, que foi escalada em estilo livre recentemente, era escalada em artificial. Alguns tetos também são escaláveis somente neste estilo.
A graduação das dificuldades da escalda artificial é também diferente da escalada livre. Ela se baseia muito mais na exposição do que propriamente na dificuldade da via. Desse modo, neste estilo é imprescindível ter serenidade e controle mental muito alto.
Por não ser um estilo de escalada praticado largamente, se comparado à escalada em livre, algumas proteções são precárias ou somente suportam o peso próprio do escalador. Além disso, as quedas são muito maiores e, consequentemente, perigosas.
Todo praticante de qualquer estilo de escalada deve, impreterivelmente, fazer um curso. Tratando-se de escalada artificial a realização de um curso é mais que obrigatória. Por ser um estilo delicado, e que poucos escaladores praticam, é um conteúdo não dominado por muitos professores.
Portanto, é recomendável que, ao procurar um curso de escalada artificial a pessoa verifique quais lugares o instrutor já foi praticar. Além disso, é importante checar a experiência que o instrutor possui em escalada artificial.
Escalada Livre
A partir da década de 1960, mas com mais força na década de 1970, nasceu um movimento cultural dentro da escalada. Este movimento pretendia “livrar” a prática de uso de equipamentos de segurança.
O conceito desta então nova filosofia era de que o escalador deveria utilizar somente a força de seus dedos, com uma movimentação e posicionamento corporal, como se estivesse flutuando sobre a rocha. O nome deste estilo foi batizado de “free climbing”, ou escalada livre em português.
O escalador, entretanto, continuaria a utilizar cordas e costuras para a sua segurança.
O conceito básico da escalada livre era que o escalador tivesse um preparo físico mais atlético e utilizando somente a superfície da rocha. Na escalada livre era mandatório evitar o uso de qualquer ponto de apoio artificial.
A consequência deste estilo foi a “proclamação” da independência do escalador de vários equipamentos de segurança que eram considerados indispensáveis na escalada artificial. Como era uma quebra de paradigma para os praticantes do esporte à época, o termo “libertar” vinha a ser uma espécie de ato de rebeldia dos “novos praticantes” aos “velhos praticantes”.
Por isso a escalada livre nada mais é que uma releitura filosófica da escalada em rocha. Mas que fique claro: na escalada em livre o praticante não abdica do uso da corda e de equipamentos de segurança.
A partir do conceito de escalada livre houve evoluções e ramificações do estilo como escalada indoor (praticada somente em ginásios), escalada esportiva (praticada em vias com altura abaixo de 30 metros) e escalada tradicional (escalada livre, mas praticada em vias acima de 30 metros e que necessita várias enfiadas).
Mas e a escalada solo?
Como acontece com toda e qualquer teoria filosófica a respeito de qualquer tema, o conceito de escalada livre foi levado ao extremo por alguns praticantes.
Se a ideia inicial era livrar-se dos equipamentos de escalada, porque então não utilizarmos nenhum? A prática de escalada em boulder já era difundida, mas era vista inicialmente como um recurso de treinamento e não um estilo propriamente dito.
Dessa maneira, alguns resolveram fazer a prática de escalada livre sem o uso de nenhum equipamento de segurança. Este tipo de estilo, que pode gerar óbito no menor erro, chama-se escalada solo (free solo em inglês). Este estilo, por ser muito perigoso, é praticado por uma parcela ínfima de escaladores no mundo inteiro.
O escalador mais famoso por praticar este estilo (e não morrer) é Alex Honnold, que já solou (escalou em estilo solo) o El Capitan em Yosemite e Potrero Chico no México. Outro escalador americano, Dean Potter, também ficou conhecido por adotar o estilo em várias ocasiões.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.
Desculpem, gosto do blog mas este texto foi o mais confuso que já li sobre escalada livre e artificial… Parece até uma tradução automática do Google… e para chegar aqui nos comentários tive que passar por quase uma centena de propagandas, isso é demais! afugenta o leitor do blog ou obriga a ter que usar Add blockers. Corrijam por favor…
Erick
O texto ja foi arrumado. obrigado pelo aviso. O texto ja foi arrumado. Quanto aso anúncios, são eles que pagam as despesas do site, além das pessoas que trabalham na redação. Por isso que eles existem. Sei que podem parecer chatos, mas é a maneira que temos de nos sustentar.
Abs
Duas observações:
1. Cordada é a união dos escaladores pela corda. Enfiada é a distância entre o solo e primeira parada ou entre duas paradas.
2. Faltam os nomes dos escaladores, dos fotógrafos e dos locais das fotos!
Abraço
As definições de escalada desportiva e tradicional estão erradas. São definidas pelo tipo de protecção e não pelo comprimento das vias.
Como vc definiria André?