Há alguns anos a discussão de transtornos alimentares em atletas de escalada esportiva começou a ganhar relevância. A maioria dos transtornos alimentares (como anorexia nervosa ou bulimia nervosa) envolve o foco excessivo no peso, no formato do corpo e nos alimentos, levando a comportamentos alimentares perigosos.
A União Internacional de Associações de Montanhismo (UIAA) era quem administrava os campeonatos de escalada desde 1997. Quando houve a separação amigável entre os responsáveis pelos campeonatos e o UIAA foi criado a Federação Internacional de Escalada Esportiva em 2007.
A nova entidade gestora do esporte introduziu a exigência de exames de Índice de Massa Corporal (IMC) para abordar o problema da alimentação entre escaladores de competição. Entretanto, este processo tornou-se um processo de triagem regular em 2012.
Apesar de ser o índice mais utilizado, o IMC apresenta algumas falhas. A principal é que ele não indica a distribuição da gordura no corpo, um fator primordial para avaliar o sobrepeso e não consegue indicar a relação entre massa gorda e magra.
Sendo assim, pessoas muito musculosas podem ser interpretadas erroneamente como obesas, se forem avaliadas somente pelo IMC. Portanto, o cálculo não é considerado válido para idosos, crianças, atletas halterofilistas e grávidas, que têm condições específicas de massa corporal.
Mas o mais importante: o IMC não é indicado para situações de desnutrição. Mesmo assim, O IFSC verifica o IMC dos semifinalistas e exigem que tenham um mínimo de 18,5 para os homens e 17,5 para as mulheres.
De acordo com 8a.nu, o IFSC não testou em 2019 e “nunca nos jovens”.
Entendendo o que é índice de massa corporal (IMC)
O índice de massa corporal (IMC) é reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de sobrepeso e obesidade dos indivíduos e é o parâmetro adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para calcular o peso ideal de cada pessoa.
IMC é o peso de uma pessoa (em quilogramas) dividido por sua altura (em metros) elevada ao quadrado (kg/m²). Foi inventado no início de 1800 pelo astrônomo, matemático, demógrafo, estatístico e sociólogo belga chamado Lambert Adolphe Jacques Quetelet no século XIX.
Na obra “Sur l’homme et le development de ses facultés”, Quetelet esboça o projeto de uma física social e descreve seu conceito de “homem médio” (l’homme moyen) que se caracteriza pelos valores médios das variáveis medidas que seguem uma distribuição normal. Assim elaborou sua fórmula com base em dados populacionais de homens da sua região, os quais eram exclusivamente brancos.
Em linhas gerais, o IMC de uma pessoa indicaria:
- Abaixo de 18,5 é Abaixo do peso
- 18,5 a 24,9 é Ideal
- 25,0 a 29,9 é Excesso de peso
- 30,0 e acima é obeso
Procedimentos da IFSC
Se um atleta ficar abaixo do valor mínimo, o IFSC envia uma carta para esse atleta e sua Federação. Mas não o impede de competir, porque apenas as Federações Nacionais podem impedir os atletas de competirem. Veículos de comunicação, como a revista canadense Gripped, afirmou que usando como parâmetro apenas o IMC, “a saúde do atleta não é necessariamente abordada”.
Além disso, a escolha do IFSC de colocar o IMC abaixo do peso para mulheres em 17,5 está em desacordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde de 18,5.
Portanto, para 2022 a IFSC determinou a triagem do IMC em cada fase das semifinais de cada evento da Copa do Mundo de vias guiadas e bouldering a partir de fevereiro de 2022. Além disso, estabeleceu parâmetros para a triagem:
- Para homens IMC entre 18,5 e 19,0 kg/m²
- Para mulheres IMC entre 17,5 e 18,0 kg/m²
Embora o IMC não indique necessariamente saúde, a IFSC usará esses parâmetros para aqueles indivíduos com os quais eles têm a preocupação de exigir exames médicos adicionais para avaliar o estado de saúde do (a) atleta e disse que nomeará uma equipe para avaliar a documentação médica.
Uma vez concluído o procedimento de triagem do IMC, a Federação Nacional será ordenada pela Comissão Médica e Antidoping da IFSC a enviar os resultados dos exames médicos dentro de 20 dias a partir de tal notificação se algum de seus atletas apresentarem um IMC triagem abaixo de 18,5 kg/m² (homens) ou 17,5 kg/m² (mulheres).

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.