Mulheres e meninas envolvidas com escalada no Afeganistão estão ameaçadas pelo Talibã

Como todos devem estar acompanhado pelos grandes veículos de comunicação, a milícia dos talibãs, um grupo armado fundamentalista afegão, cercou Cabul, capital do Afeganistão e assumiu o controle, após 20 anos, do palácio presidencial, retomando o poder. A tomada do palácio foi considerada pacífica pelo próprio grupo, por não ter ocorrido derramamento de sangue.

O Talibã é um grupo ultraconservador, que inspira medo e faz muito dinheiro com a exportação de ópio e heroína, que facilmente tomou o Afeganistão após quase 20 anos de controle dos EUA. No passado, o mesmo grupo emergiu da guerra civil que se sucedeu à retirada da extinta União Soviética do país.

A ideologia do Talibã se baseia no salafismo, uma forma radical do islamismo onde os seguidores interpretam o Alcorão literalmente. Quando esteve no poder, antes da invasão dos EUA, o grupo impôs com extremo rigor a lei da sharia, a qual é, em parte, contrária aos direitos humanos e extremamente severa com as mulheres e meninas.

O que se viu em seguida foram cenas de caos e desespero, com imagens do povo afegão tentando a qualquer custo conseguir uma vaga nos voos internacionais na pista do aeroporto de Cabul. O Banco Mundial tinha cerca de 20 projetos de desenvolvimento no Afeganistão e suspendeu ajuda ao Afeganistão e afirmou que está ‘muito preocupado’ com as mulheres.

Mas e a escalada e o montanhismo com isso?

O Afeganistão tem muitas montanhas, sendo a principal cordilheira é a de Hindu Kush, no nordeste. Consiste na extensão ocidente das cordilheiras de Pamir, Karakorum e Himalaia. As suas maiores montanhas vão além dos 7.000 m de altitude contando com Tirich Mir (7.690 m), Saraghrar (7.349 m), Noshaq (7.492 m) e Istor-o-Nal (7.403 m).

Por esse tipo de característica, o país possui algumas iniciativas humanitárias para difundir o montanhismo entre a população e, sobretudo, as mulheres. A mais conhecida delas é a Ascend (que possui sede em Norfolk, estado norte-americano da Virgínia) que procura transformar mulheres jovens em líderes por meio do serviço comunitário e do esporte de montanhismo.

A fundadora e diretora da Ascend, Marina Kielpinski LeGree, diz que sua experiência mostrou que empoderar as mulheres afegãs em seu país patriarcal ultraconservador e devastado pela guerra é muito mais difícil do que subir qualquer montanha.

Assim, por anos, a Ascend ofereceu treinamento para jovens mulheres afegãs por meio de cursos de montanhismo, e agora que as forças do Talibã tomaram o controle de grande parte do país, incluindo a capital do país, Cabul, pessoas que não cumprem as rígidas leis do Talibã (como organizações como o Ascend), agora podem estar em perigo mortal.

Em um e-mail enviado para a CNN, relata que “à medida que a crise piore, a equipe de atletas e ativistas dos direitos das mulheres teme que seu trabalho possa torná-los alvo da violência do Talibã”. A situação da Ascends é explicada pela fundadora e diretora executiva da organização, Marina Kielpinski LeGree, em destaque na CNN. O relatório pode ser encontrado no Twitter , Facebook e Instagram da Ascend.

Na última atualização no Facebook e Instagram, a fundação afirmou:

Desde que Cabul foi dominada há pouco mais de uma semana, nossas meninas e a equipe Ascend tiveram que responder, reagir e se adaptar a uma situação cada vez mais volátil, muitas vezes minuto a minuto. Em meio a esse caos inconstante, continuamos a receber mensagens de pânico de nossas meninas e funcionários, e o aeroporto continua infestado e perigoso.

O fato é que nossas meninas não têm acesso seguro ao aeroporto, não podem ir de avião nem sair do país. A Ascend, portanto, apoia todos os governos que pedem uma extensão do prazo.

Se as forças dos EUA não puderem garantir uma passagem segura para o aeroporto, devemos dar mais tempo aos afegãos que buscam evacuar. Uma missão de evacuação onde os evacuados são incapazes de chegar ao aeroporto com segurança é uma falsa pretensão e não é do interesse de ninguém.

Nos últimos dias, ficou claro que muita coisa depende do tempo – e da falta dele. A Ascend fará uso de cada segundo que nos for dado. Continuaremos trabalhando para tirar o maior número possível de meninas. Ao mesmo tempo, permaneceremos totalmente comprometidos com nossa missão nas semanas, meses e anos que se seguem. Continuaremos a proteger o papel de meninas e mulheres na sociedade civil do Afeganistão, em qualquer forma que isso assumir.

“Se não resolvermos isso, estaremos literalmente condenando as pessoas à morte”, disse LeGree ao site dailyherald.com. As jovens afegãs da organização estavam entre as pessoas que aguardavam voos no aeroporto após dias de confusão, gás lacrimogêneo e tiros.

Na opinião de especialistas, mulheres e jovens educadas, ex-tradutores militares dos EUA e outros afegãos estão em maior risco com o Talibã. O presidente dos EUA Joe Biden e suas principais autoridades disseram estão trabalhando para acelerar a evacuação, mas não prometeram quanto tempo duraria ou quantas pessoas desesperadas voariam para um local seguro.

Comente agora direto conosco

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.