O Monte Everest vivencia comportamentos típicos de quem parece viver em uma realidade paralela e negacionista. Que o Acampamento Base do Everest estava povoado com pessoas sem a mínima ligação com o montanhismo (como os conhecidos alpinistas sociais como apresentadores de TV e aposentados do marketing), isso já é denunciado por vários veículos de comunicação.
Mas que tudo isso aconteça no meio de um surto de pandemia, já é além de qualquer tipo de qualquer desrespeito histórico já registrado. No dia de ontem, vários grupos se sentiram no direito de esquecer a realidade e realizar uma uma festa com música ao vivo. Tudo como se a pandemia de COVID-19 não existisse no próprio país.
A notícia que parece algo inventado, foi graças ao cantor pop Mike Posner, atualmente escalando com Jon Kedrowski, que cantou em uma reunião de preparação de ataque ao cume. A festa, que foi amplamente divulgada nas redes sociais, incluiu várias equipes.
Sim, você leu certo: além de realizar uma festa com aglomeração e tudo, o montanhista nepalês Nirmal Purja e seus companheiros Mingma David e Gelje Sherpa compartilharam o evento nas redes sociais. O próprio Nirmal que já foi militar e, pelo menos em teoria, deveria entender a diferença entre os tempos que vivemos agora (com pandemia e restrições) e tempos “normais”.
Purja ajudou a resgatar a montanhista Steve Davis há algumas semanas, e um dos participantes da festa declarou ao canal a cabo de notícias CNN que o acampamento base tinha pelo menos 30 pessoas transportadas com a doença. O vídeo abaixo (divulgado pelo site https://explorersweb.com) é mais uma prova de que Nirmal Purja esqueceu o bom senso em alguma das montanhas que chega de helicóptero.
Chineses se retiram do Monte Everest
Administração Geral de Esportes da China em um comunicado à imprensa declarou que “A China decidiu cancelar todas as atividades de escalada no Monte Qomolangma em meio a temores de possíveis casos importados de COVID-19”. Assim montanhistas chineses cancelaram sua tentativa de chegar ao cume do Monte Everest no lado norte por medo de contágio no cume. No lado sul, Lukas Furtenbach cancelou a expedição de sua empresa.
Isso significa que os chineses temem que o vírus possa, de alguma forma, cruzar a fronteira na montanha. Como o Nepal vem adotando uma postura negacionista em relação ao COVID-19, a atitude chinesa mostra o quanto o país nepalês está sendo tratado como ameaça.
Como amostra do negacionismo do Nepal faz mal aos próprios habitantes e visitantes, embora os hospitais não devessem fornecer informações sobre pacientes estrangeiros com COVID-19, o chefe de desenvolvimento de negócios do hospital para estrangeiros do CIEWC em Katmandu disse à Agência de Notícias Chinesa que vários montanhistas do Monte Everest estavam em seu hospital “três semanas atrás”. Todos deram positivo para COVID-19 em testes de PCR, disse ele.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.